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Economia

- Publicada em 09 de Dezembro de 2018 às 15:21

CRMV-RS quer frear novos cursos EAD e ampliar profissionais em saúde pública

Lisandra quer abrir mais espaço em postos de saúde para lidar com problemas como zoonoses

Lisandra quer abrir mais espaço em postos de saúde para lidar com problemas como zoonoses


CRMV-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Lívia Rossa
As mulheres já são a maioria na Medicina Veterinária em território gaúcho e agora dominam 100% da diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS). O fato é inédito na autarquia, que também abrange os profissionais de Zootecnia, no Estado e começa a dar o tom da ação das dirigentes. A presidente Lisandra Dornelles, empossada na última quinta-feira (6) com a zootecnista Angélica Pinho (vice-presidente) e as médicas veterinárias Marianne Lamberts (secretária-geral) e Eliane Goepfert (tesoureira), aponta que a direção já começa a agir para barrar a proliferação de cursos a distância e ampliar a presença dos profissionais em áreas ainda restritas, como a rede de saúde pública voltada à população.
As mulheres já são a maioria na Medicina Veterinária em território gaúcho e agora dominam 100% da diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS). O fato é inédito na autarquia, que também abrange os profissionais de Zootecnia, no Estado e começa a dar o tom da ação das dirigentes. A presidente Lisandra Dornelles, empossada na última quinta-feira (6) com a zootecnista Angélica Pinho (vice-presidente) e as médicas veterinárias Marianne Lamberts (secretária-geral) e Eliane Goepfert (tesoureira), aponta que a direção já começa a agir para barrar a proliferação de cursos a distância e ampliar a presença dos profissionais em áreas ainda restritas, como a rede de saúde pública voltada à população.
A eleição recente no CRMV-RS, em dois turnos, teve mais dois diferenciais: a maior votação da história, com mais de 7 mil votantes, e a primeira a ser feita usando a internet. Outro detalhe é que novo grupo assume após a intervenção na autarquia pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que promove auditoria e ocorreu após as mudanças que permitem a atuação de veterinários contratados por empresas na inspeção de abates de animais no Estado. Lisandra, com 42 anos, graduou-se em 2001 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), e é servidora pública em um serviço completamente diferente, na Polícia Civil.
Jornal do Comércio - A senhora foi eleita na eleição com maior participação na história do CRMV-RS - qual é o peso disso na gestão?
Lisandra Dornelles - Na verdade, fico bastante emocionada, foi tudo muito novo nesta eleição. Teve o segundo turno, teve a votação pela internet, além da questão da nossa chapa ter uma diretoria toda feminina. É bem emocionante para nós. Recebi um áudio de um colega veterinário emocionado por sermos quatro mulheres, e acho que ele definiu bem a nossa função daqui para frente. Ele disse que o conselho seria como um filho e que, nós mulheres, seríamos ao mesmo tempo doces e firmes, e o CRMV-RS estava em um momento que precisava ser acolhido.
JC - Que temas serão prioritários?
Lisandra - Primeiro serão as faculdades com ensino a distância na saúde, que é inviável. Não tem como formar um bom profissional com ensino a distância nesta área. Nossa ideia é conversar com presidentes dos conselhos dos outros estados e o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), e os órgãos que representam outras profissões da saúde para pressionar o MEC contra a disseminação de cursos EAD. Tem a questão da saúde pública também, queremos aumentar a nossa participação no SUS. O ideal é que cada unidade de saúde contasse com um médico veterinário, para lidar com a questão das zoonoses, que são doenças transmitidas de animais para humanos e vice e versa. Precisa ter profissionais mais habilitados para lidar com isso. O médico veterinário e o zootecnista também são importantes desde o início da cadeia produtiva até o consumidor. Todos os alimentos de origem animal têm um veterinário por trás e muita gente não sabe disso. Daí fica aquela imagem de que os veterinários são doutores só de “cachorrinho”, só de “bichinho”, e vai muito além e a população não sabe.
JC - Como farão para barrar a ampliação do EAD?
Lisandra - Não vai ser fácil, a luta vai ser grande. Já conversamos com o presidente do CFMV, que está nos apoiando. Se a pressão for mesmo grande, além de todos os conselhos estaduais, mais os conselhos das outras áreas da saúde, não vai ter como o MEC manter a decisão, eles vão ter de recuar.
JC - Como está o mercado de trabalho para veterinários e zootecnistas e as perspectivas?
Lisandra - Há muito a ser explorado. Em algumas áreas como a de inspeção, têm profissionais de outras áreas ocupando um lugar que teoricamente deveria ser nosso. Acho que a profissão tem de se fortalecer, as duas, de Zootecnia e Veterinária, para que os profissionais ocupem os postos de trabalho. Tem muito lugar que precisaria de um veterinário e não tem. Profissionais de Nutrição, Engenharia de Alimentos e Agronomia acabam atuando em locais em que seria ideal ter um veterinário ou um zootecnista.
JC - Quais são as primeiras medidas na entidade?
Lisandra - Já começamos a contactar os coordenadores de cursos universitários de Medicina Veterinária e Zootecnia e conselhos das outras profissões da área da saúde para tomar uma ação junto ao MEC para que primeiro pare a abertura de cursos e queremos que os de EAD que foram liberados sejam revogados. Já temos muitas faculdades presenciais e ainda liberam mais a distância. A questão é que formam um monte de profissionais sem qualificação, uma mão de obra que não irá se adaptar ao mercado de trabalho porque não têm condições. Isso é ruim para todo mundo.
JC - O grupo assume após a atuação de uma junta governativa, nomeada com a intervenção do CFMV. O que levou à intervenção?
Lisandra - Na verdade, a gente não sabe bem ao certo, está sendo feito uma auditoria. Agora vamos tomar conhecimento do que realmente aconteceu.
JC - Um dos temas que gerou a crise na entidade foi a terceirização de fiscais nos abates no Estado. Como vocês vão agir neste tema?
Lisandra - Em princípio, somos contra essa terceirização. Agora que é lei cabe ao conselho fiscalizar fortemente o serviço e dar apoio ao profissional que vai trabalhar na área porque a pressão das indústrias e do comércio já existia antes quando eles eram funcionários públicos. A tendência é que a pressão aumente por interesse financeiro. Ninguém vai querer descartar mercadoria, mas não podemos colocar os interesses financeiros do mercado acima da saúde da população.
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