Com a alta de impostos sobre combustíveis, a carga tributária atingiu 32,43% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, segundo números divulgados ontem pela Receita Federal. É o maior patamar desde 2013, quando alcançou 32,55%. O indicador mede o peso dos impostos na economia: é o percentual da arrecadação tributária em relação ao PIB. Em 2016, havia ficado em 32,29%.
Na comparação com 2016, a carga teve uma leve alta de 0,14 ponto percentual, que pode ser atribuída principalmente, segundo o órgão, à elevação de PIS/ Cofins sobre combustíveis (gasolina e diesel) em 2017. No ano passado, a economia cresceu 1%, já em relação ao ano anterior, já descontando a inflação, alcançando R$ 6,56 trilhões. A arrecadação de impostos, no entanto, cresceu mais, 1,4%, e fechou em R$ 2,1 trilhões. A União respondeu pela maior parte dessa arrecadação, R$ 1,4 trilhão, ou 22,06% do PIB. Estados e municípios responderam, juntos, por R$ 680 bilhões da arrecadação, ou 10,37% do PIB.
Os impostos sobre bens e serviços foram os que mais aumentaram o peso na economia. De 2016 para 2017, a carga desse tipo de tributo passou de 15,36% para 15,71% - um avanço de 0,35 ponto percentual do PIB. Esses são os tributos pagos pela maioria dos cidadãos, sempre que pagam uma conta telefônica ou compram um produto, por exemplo.
Na contramão, o País passou a tributar menos a renda: a carga diminuiu 0,23 ponto percentual, para 6,23%. Outras fontes como propriedade (1,49%) e transações financeiras (0,53%) mantiveram baixas participações no bolo da arrecadação.
O Brasil possui uma carga tributária em patamar similar ao de países desenvolvidos, que devolvem os impostos à sociedade na forma de serviços de maior qualidade. Quando a comparação é com países da América Latina, em 2016 o Brasil só perdia para Cuba, que possuía carga tributária de 41,7%, segundo a Receita.
A carga média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade considerada uma espécie de clube de nações ricas, foi de 34,3% do PIB no ano retrasado.
Na comparação com países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) - entidade considerada uma espécie de clube de nações ricas, o Brasil ocupa a terceira posição entre os que mais tributam bens e serviços, e é o que menos tributa renda, lucro e ganhos de capital, de acordo com os dados de 2016, os últimos disponíveis para comparação internacional. Considerando a carga tributária total, a taxa brasileira é menor que a da média da OCDE (34,3%)- é a 11ª menor. A maior carga tributária do mundo é a da Dinamarca, 45,9%.
Mesmo estando levemente abaixo da média, o Brasil paga mais impostos em relação ao seu produto bruto do que países como EUA (26%), Chile (20,4%), Canadá (31,7%) e Israel (31,2%), por exemplo. Ao mesmo tempo, paga menos que países como Dinamarca (45,9% do PIB), Suécia (44,1% do PIB), Noruega (38% do PIB) e Alemanha (37,6% do PIB), por exemplo, que são conhecidos por oferecer a seus cidadãos fortes redes de proteção social.
A Receita ponderou que, apesar da elevada carga tributária, houve uma redução nessa relação entre impostos e PIB na última década. Em 2007, de acordo com o órgão, a carga era de 33,65% do produto.