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Relações Internacionais

- Publicada em 29 de Novembro de 2018 às 01:00

Brasil lidera alta de comércio exterior no G-20

Taxa de exportações registrou aumento de 5,5% no terceiro trimestre

Taxa de exportações registrou aumento de 5,5% no terceiro trimestre


/JUAN MABROMATA/AFP PHOTO/JC
O comércio exterior brasileiro teve a maior taxa de crescimento entre todos os países do G-20, grupo de países mais industrializados do mundo, no terceiro trimestre de 2018. O desempenho foi puxado pela China e beneficiado pela crise entre Pequim e Washington. Dados divulgados ontem pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que a guerra comercial já atinge o fluxo de bens pelo mundo e as quedas passam a ser importantes.
O comércio exterior brasileiro teve a maior taxa de crescimento entre todos os países do G-20, grupo de países mais industrializados do mundo, no terceiro trimestre de 2018. O desempenho foi puxado pela China e beneficiado pela crise entre Pequim e Washington. Dados divulgados ontem pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que a guerra comercial já atinge o fluxo de bens pelo mundo e as quedas passam a ser importantes.
No caso brasileiro, o crescimento de importações foi de 18% no terceiro trimestre, superando todos os demais países do G-20. As exportações também estiveram acima de todas as demais economias do grupo, com expansão de 5,5%. A taxa superou o aumento de 5,3% da Rússia, beneficiada pela alta do petróleo, ou da Coreia, com 4,7%. A forte alta brasileira também se deu depois de um segundo trimestre de contração nas exportações e importações em valores. Mas a percepção é de que, com as retaliações entre chineses e americanos começando a ser aplicadas, a tendência para o exportador nacional foi revertido.
Na semana passada, foi divulgado que a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China, cujo desfecho ainda é imprevisível, tem turbinado as exportações brasileiras. A projeção é que as vendas dos produtos nacionais ao exterior encerrem 2018 com o melhor resultado em cinco anos. Até outubro, as exportações já somaram US$ 199,1 bilhões. Nesse ritmo, a expectativa de analistas é que fechem o ano acima dos US$ 230 bilhões - maior patamar desde 2013. O recorde nas vendas foi em 2011, de US$ 256 bilhões, segundo o Mdic.
Publicados às vésperas da reunião de cúpula do G-20, os dados confirmam o que a Organização Mundial do Comércio (OMC) já vinha alertando: o fluxo de exportações e importações está perdendo força. No terceiro trimestre do ano, o aumento do comércio mundial foi apenas marginal e, segundo a OCDE, só foi positivo diante da alta no preço do petróleo.
Nesse período avaliado, a expansão das exportações no G-20 foi de apenas 0,3%, contra um aumento de 0,7% nas importações. No segundo trimestre, o resultado havia apontado para uma pequena contração. "Excluindo os grandes exportadores de petróleo, como Rússia e Arábia Saudita, o comércio do G-20 estagnado sugere que a expansão contínua nos últimos dois anos foi interrompida diante do fato de que as medidas protecionistas começam a se fazer sentir", alertou a OCDE. Nos EUA, as exportações sofreram uma contração de 1,7%. A Europa também registrou uma queda de 0,8% em suas vendas, acumulando já dois trimestres negativos. O mesmo ocorreu na Austrália, Japão, África do Sul, Turquia ou Índia.
Mesmo a China viu uma taxa de aumento nas exportações bem abaixo de sua média dos últimos dez anos. O aumento foi de 2,4% e apenas ficou em um campo positivo por conta da venda de uma plataforma de petróleo ao Brasil. No trimestre anterior, suas vendas tinham contraído em 4,9%.
No total, a exportação atingiu US$ 59,8 bilhões, o maior volume pelo menos desde 2016 para um só trimestre. Já as importações somaram US$ 49,5 bilhões, o que também foi o maior volume em dois anos para um trimestre.
Salvo em países importadores de petróleo, o trimestre registrou forte queda nas compras de grandes economias do G-20. A queda foi de 14% na Turquia, 8% na Argentina, 10% na Arábia Saudita, 5,2% na Austrália e Rússia, além de uma contração no Canadá e quedas na Coreia e União Europeia.

Principais economias do mundo estarão em Buenos Aires

A Cúpula do G-20, que ocorre nesta semana em Buenos Aires, mobiliza as autoridades e o esquema de segurança da Argentina há meses. Por pelo menos dois dias - 30 de novembro e 1 de dezembro -, os principais líderes mundiais estarão na capital argentina. No encontro, serão discutidos acordos comerciais e financeiros, além de negociações políticas paralelas.
Além do Brasil, o G-20 reúne os seguintes integrantes: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Esses países representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio internacional e dois terços da população mundial. Eles também são responsáveis pela emissão de 84% dos gases de efeito estufa.
Oficialmente, os principais objetivos do bloco são coordenar políticas entre seus membros para promover o crescimento sustentável e a estabilidade econômica; promover regulação financeira que reduza o risco de futuras crises financeiras e reformar a arquitetura financeira internacional.
O G-20 foi criado em 1999, em meio à crise econômica mundial do final dos anos 1990, como um foro para a cooperação internacional em temas econômicos e financeiros. Inicialmente reunindo ministros da área econômica e presidentes dos bancos centrais de países com projeção na economia mundial, o encontro buscava diálogo e cooperação.
Em 2008, o então presidente dos Estados Unidos George W. Bush convidou os líderes dos países do grupo para reunião em Washington, inaugurando assim as Cúpulas do G-20. A iniciativa foi um esforço para dar resposta a outra crise econômica mundial da época e indicou a necessidade de cooperação internacional mais ampla. Desde então, o G-20 consolidou-se como principal foro anual de encontro de presidentes e primeiros-ministros dos 19 países que o compõem, além da União Europeia. O slogan da cúpula deste ano é Construindo um Consenso para um Desenvolvimento Equitativo e Sustentável.

Para o País, prioridades na cúpula são negócios, clima e trabalho

Para o Itamaraty, grupo de países é um foro de governança global

Para o Itamaraty, grupo de países é um foro de governança global


/MRE/DIVULGAÇÃO/JC
O comércio internacional, as mudanças climáticas e o futuro do trabalho são as prioridades para o Brasil durante as negociações da Cúpula do G-20. O presidente Michel Temer desembarcará na Argentina com uma comitiva de ministros e chegou a convidar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, para acompanhá-lo.
O diretor do Departamento de Assuntos Financeiros e Serviços do Ministério das Relações Exteriores, ministro Luiz Cesar Gasser, destacou a importância dos temas escolhidos pelo Brasil. "Comércio internacional é um tema que preocupa o governo brasileiro. É de extrema relevância", disse. Umas das preocupações é em relação à Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde o ano passado, os Estados Unidos têm resistido a liberar a nomeação de novos juízes para o Órgão de Apelação da OMC, composto por sete membros. Segundo o Itamaraty, o G-20 tem importância central para o Brasil por se tratar de um foro de governança global que reúne as principais economias do mundo, em formato flexível, que facilita o debate e a formação de consensos, o que se torna especialmente relevante no momento atual em que o multilateralismo é questionado.