O Rio Grande do Sul tem uma relação muito próxima com o Líbano. Muitos descendentes fizeram do Estado seu habitat e desenvolveram comércio e serviços. Mas agora os libaneses querem muito mais. Um dos focos é aumentar o fluxo de mercadorias do Estado para o país do Oriente Médio. Este é o recado da Câmara de Comércio Líbano-Brasileira, que faz sua estreia no mercado gaúcho nesta sexta-feira (30) em evento que marca os 75 anos da independência do país do Oriente Médio e que deve reunir industriais justamente do Estado.
Dados da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontam que as vendas locais para o país somaram apenas US$ 6 milhões até outubro e basicamente foram formadas por tabaco e calçados. Para ter ideia do baixo fluxo, as exportações totais somaram US$ 17,9 bilhões e as industriais, US$ 13,2 bilhões.
O cônsul honorário do Líbano no Estado, Ricardo Malcon, é um dos líderes da iniciativa. "A história é exportar, estamos enfezados para isso. Já falamos com o Sartori (governador José Ivo Sartori) e informalmente com o futuro governador Eduardo Leite", comenta Malcon, há 22 anos no posto de cônsul honorário.
No evento, marcado para o Instituto Ling, a meta é estreitar as relações. Foram convidados nomes que lideram empresas como Randon, Marcopolo e Tramontina. "O Estado é o oitavo nas exportações no Brasil para o destino. Mesmo no Brasil, saem mais carnes", confronta o cônsul honorário.
No mercado gaúcho, ganharam fama e até geram polêmicas entre alguns setores os embarques de bovinos vivos, que têm como uma das entradas o Líbano, e depois são enviados a outros países na região, além da relação com aspectos culturais religiosos. "O Líbano é porta de entrada no Oriente Médio, muitos produtos são comprados e enviados a outras nações", explica Malcon.
No foco dos libaneses e suas câmaras de comércio, estão desde materiais elétricos, de infraestrutura para construção de pontes e outras edificações, ônibus novos e usados e sucos concentrados. Malcon, filho de libaneses, observa que a história de guerras que marca a região gera demandas para reconstrução permanente. A Câmara de Comércio Líbano-Brasileiro foi criada no Estado em agosto.
Segundo Malcon, a assessoria do organismo auxiliará a fazer a conexão entre fabricantes locais e interessados na importação. "O encontro servirá para reforçar o potencial nessa relação. Vamos ver o que tem para vender e começar a mandar para o Líbano, temos escritório lá", explica. Malcon lembra a exportação de carnes, que exige a certificação de abate halal, mas que já é bem desenvolvida no Estado e atende vários países compradores.