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Conjuntura

- Publicada em 19 de Novembro de 2018 às 22:38

Governo poderá vender partes da Petrobras

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem que está conversando com Roberto Castello Branco, indicado ontem para presidir a Petrobras, sobre a possibilidade de privatizar partes da empresa. A afirmação foi uma resposta ao questionamento de um jornalista sobre um artigo de Castello Branco em que o economista afirmou ser favorável à desestatização da petroleira.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem que está conversando com Roberto Castello Branco, indicado ontem para presidir a Petrobras, sobre a possibilidade de privatizar partes da empresa. A afirmação foi uma resposta ao questionamento de um jornalista sobre um artigo de Castello Branco em que o economista afirmou ser favorável à desestatização da petroleira.
"O Castello Branco é uma indicação do Paulo Guedes. Eu estou dando carta branca para ele para tudo que é envolvido com economia. Estamos cobrando proatividade, enxugar a máquina e fazê-la funcionar para a nossa população. Alguma coisa você pode privatizar, não toda. É uma empresa estratégica e nós estamos conversando sobre isso aí", afirmou Bolsonaro, em entrevista coletiva concedida a jornalistas na porta do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O eleito destacou ainda que está tratando da questão com flexibilidade e traçou um paralelo com a situação da Embraer, que tem capital privado e está sujeita ao poder decisório do governo em relação às principais decisões. "Eu estou conversando com ele. Não sou uma pessoa inflexível, mas nós temos que, com muita responsabilidade, levar um plano como esse aí. Vi lá atrás, com bons olhos, a questão da Embraer. Então, podemos conversar. Entendo que é uma empresa estratégica que pode ser privatizada em partes, sim", destacou.
Bolsonaro comentou a política de preços da Petrobras e disse que está conversando com Guedes e Castello Branco sobre a questão. "Não entendo sobre economia, mas tenho bom senso e sei o que o povo quer na ponta da linha. Sem o canetaço, sem a mão grande, aderem combustível e gás de cozinha mais baratos. Em grande parte, isso depende dos governadores que colocam o ICMS lá em cima", declarou.
O economista Roberto Castello Branco disse que a privatização da companhia "não está em questão" e que pretende reforçar o foco nos investimentos para a exploração e produção de petróleo do pré-sal. Castello Branco defendeu ainda a manutenção da política de preços internacionais dos combustíveis e a redução da presença da estatal no setor de refino, mas disse que não prevê "nenhuma guinada espetacular" com relação à gestão atual.
"A privatização da companhia não está em questão. Não tenho mandato para pensar nisso", disse Castello Branco, que já manifestou publicamente defesa de privatização de estatais, incluindo a própria Petrobras. Ele não descartou, porém, a saída de áreas hoje consideradas estratégicas, como a distribuição de combustíveis.
Castello Branco disse que a petroleira tem de focar somente em atividades que tem competência para fazer. "A Petrobras desenvolve outras atividades que não são naturais e que não atraem retorno. O melhor exemplo disso é a distribuição de combustíveis. A estatal ainda é dona da BR Distribuidora. A BR é uma cadeia de lojas, no fim das contas. A competência da Petrobras é na exploração e produção de Petróleo."
Segundo o futuro presidente da estatal, a Petrobras tem tecnologia e bom estoque de capital humano, altamente especializado. "É claro que não consegue fazer tudo sozinha. O ideal é que você tenha um mercado competitivo. Além das medidas de compliance, a competição é o melhor remédio contra corrupção. A corrupção tem oportunidade de se manifestar onde existe monopólio: nos preços, nas relações políticas, pelos favores... Para a Petrobras, a competição será um antídoto permanente contra esse tipo de coisa que a sociedade não tolera mais."
De acordo com o executivo, não faz sentido uma única companhia ter 98% de uma atividade no Brasil, que é o refino de petróleo. "A Petrobras pode rever o monopólio nessa área. A competição é favorável a todos: à Petrobras e ao Brasil", disse.
O escolhido para comandar a estatal também afirmou que é totalmente a favor do livre mercado, e não do controle de preços - política que marcou a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que segurou os preços dos combustíveis para manter a inflação dentro da meta. Castello Branco disse que vai avaliar caso a caso os ativos que a companhia terá de vender. A Liquigás, por exemplo, será uma dessas empresas.
A estatal tentou vendê-la no passado recente para o grupo Ultra, mas o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a operação.

Quem é Roberto Castello Branco?

Ex-diretor do Banco Central e da Vale, Roberto Castello Branco fazia parte do time de especialistas que Guedes reuniu durante a campanha para debater a formulação de propostas econômicas para o então presidenciável.
 
Castello Branco é visto como homem de confiança de Guedes e seu nome já vinha sendo cogitado para o posto. Mas, como o trabalho de Ivan Monteiro à frente da Petrobras era bem avaliado pelo futuro ministro da Economia, havia disposição para que ele seguisse no comando da petroleira. Monteiro mostrou-se, contudo, reticente em permanecer por mais um período na estatal. De acordo com relato feito à reportagem do Estado, ele argumentou a Guedes que o trabalho de reestruturação financeira já havia sido feito na companhia e descreveu o desgaste a que se submeteu nos últimos anos como empecilho para sua confirmação.
 
Para Guedes, o desenho ideal é ter Castello Branco na Petrobras e Monteiro, que fez carreira no Banco do Brasil, no comando da instituição financeira. Como Guedes, Castello Branco tem formação na Universidade de Chicago, onde concluiu seu pós-doutorado, e já vinha contribuindo com propostas para o programa do futuro governo na área de óleo e gás. Ex-presidente do IBMEC e professor da FGV, ele chegou a fazer parte do conselho da Petrobras durante o governo de Dilma Rousseff.