Em leilão marcado para 20 de dezembro na B3, em São Paulo, serão licitados cinco lotes de concessões de linhas de transmissão no Estado. Ao todo, as obras devem representar a injeção de mais de R$ 5,3 bilhões no Rio Grande do Sul, além de criarem quase 13 mil empregos diretos. Este será o maior leilão de infraestrutura realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos últimos quatro anos, uma vez que ele conta com 16 lotes nacionalmente, que demandam investimentos de R$ 13,17 bilhões e 7.152 quilômetros de linhas de transmissão. Os contratos serão assinados em 22 de março.
O maior investimento no Estado está ligado ao lote 10, com aporte previsto em R$ 2,43 bilhões, que tem prazo de 48 meses para conclusão. A partir dele, devem ser criados mais de 6 mil empregos na obra de ligação de subestações em Nova Santa Rita até Gravataí, descendo para a região de Santa Vitória do Palmar e Candiota, na região Sul do Estado.
O projeto faz parte das linhas de transmissão que anteriormente estavam sob cuidados da Eletrosul. Tratam-se dos lotes 10 a 13 do leilão, que preveem investimentos de cerca de R$ 4 bilhões na construção de linhas e subestações para o atendimento na Região Metropolitana de Porto Alegre e o escoamento de geração dos projetos termelétricos e eólicos do Estado.
A Eletrosul assumiu a responsabilidade pelo projeto em 2014, mas não teve fôlego financeiro para manter a iniciativa. Após fracasso na tentativa de formação de Sociedade de Propósito Específico (SPE) com a Shangai Eletric e Zhejiang Energy, como tentativa de retomar as ações, a Aneel recomendou a caducidade da concessão e relicitação dos empreendimentos no leilão de dezembro. O atraso nessas linhas afetam o escoamento de energia das usinas da região.
O vice-coordenador de Infraestrutura da Agenda 2020, Paulo Menzel, enfatiza que existe muita apreensão do segmento em torno desta questão, uma vez que há empreendimentos concluídos que não irão a leilão por não haver linhas de transmissão. "Não adianta gerar energias sem que possa ser consumida", enfatiza. O gestor lembra que a energia produzida no Estado representa apenas 30% do consumido, em sua avaliação, caso não haja solução célere a partir do edital, este valor pode cair mesmo com Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Central Geradora Hidráulica (CGH) e parque eólicos aptos a produzir. Apesar disso, a confirmação do leilão é vista como "um passo positivo" por Menzel, que pondera que a partilha das linhas e subestações em lotes pode vir a ser positiva.
A fração do investimento em cinco lotes também é vista positivamente pela secretária de Minas e Energia do Estado, Susana Kakuta, que comemorou a definição da Aneel sobre o futuro da estrutura ociosa desde 2014 em um curto prazo de tempo, uma vez que a caducidade das linhas de transmissão da Eletrosul foram declaradas no dia 1 de novembro. "Tínhamos dúvidas sobre esses lotes estarem no leilão", lembra. Em sua avaliação, os lotes a serem concedidos correspondem a importante eixo de transmissão do Estado, não somente para viabilizar empreendimentos na área termoelétrica, como também hidrelétrica e eólica.
A representante do Executivo também comemora o substancioso investimento no Estado, que significa um bom número de empregos em diversas regiões. "Isso gera vagas, o que estimula o comércio e o serviço a partir da renda", enfatiza. Susana lembra que, a exemplo do interesse das chinesas, o mercado energético brasileiro está na mira de investidores internacionais, o que praticamente assegura concorrência em dezembro. O workshop para esclarecimentos técnicos sobre o edital será realizado no dia 28 de novembro.