Apesar da ótima fase do agronegócio gaúcho, pelo menos seis cooperativas do segmento entraram 2018 em processo de liquidação no Estado. Dentre elas, a Cooperativa Tritícola Regional Santo Ângelo (Cotrisa), que acumula cerca de R$ 300 milhões em dívidas.
Com expectativa de quitar o total dos créditos trabalhistas dando seguimento ao plano de ação aprovado, a unidade de São Miguel das Missões será disponibilizada em leilão eletrônico no próximo dia 23, através da leiloaria Joyce Ribeiro, com possibilidades de lances online pelo site www.leiloesjudiciaisrs.com.br.
O liquidante da Cotrisa, Valdir Lima, conta que a dívida trabalhista está avaliada em cerca de R$ 8 milhões. As edificações disponibilizadas no certame são unidades de recebimento e armazenagem de grãos, com capacidade para 630 mil sacos, além de complexos industriais com benfeitorias, máquinas e equipamentos e sedes administrativas, conforme a leiloeira. Os imóveis são avaliados em quase R$ 11 milhões.
A Cotrisa está em liquidação desde 2014 e já realizou dois leilões anteriormente. Na ocasião, foram arrecadados cerca de R$ 6 milhões. A venda de ativos é necessária, segundo Lima, em razão do arrendamento das demais unidades da cooperativa a uma cerealista de Santa Rosa - o que comprometeria o montante arrecadado a partir das unidades. "Se estivesse conosco, as coisas ficariam mais fáceis", diz. Assim, há tentativas de encurtar o contrato firmado fora da administração atual. Apenas mercados e uma fábrica de ração estão em funcionamento operação atualmente.
Apesar disso, Lima avalia que o processo de liquidação tem bom andamento, graças a uma sentença de créditos presumidos sobre exportação de grãos que pode render cerca de R$ 20 milhões à cooperativa, a depender do período de correção. Além desta, outras ações semelhantes podem render outros R$ 60 milhões.
O presidente da Federação das Cooperativas Ágropecuárias (Fecoagro/RS), Paulo Pires, comenta que as cooperativas que estão em situação semelhante a Cotrisa no Estado, como Cotrijui e Cotrimaio, adquiriram as dívidas em outro momento do agronegócio gaúcho. Em sua avaliação o momento é propício para a retomada, com uma condição. "Só tem uma forma de uma cooperativa se recuperar, que é os credores dando possibilidade", conclui.