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Economia

- Publicada em 16 de Outubro de 2018 às 22:26

Destinação correta é desafio para reciclagem

Lorandi defende que material barateia produtos e otimiza processos

Lorandi defende que material barateia produtos e otimiza processos


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Guilherme Daroit
No centro do debate sobre poluição nos últimos tempos, em especial, em relação aos oceanos, a destinação correta de itens plásticos marcou as discussões do 3º Congresso Brasileiro do Plástico, realizado ontem na Capital. Para a indústria e pesquisadores, o material é uma realidade praticamente impossível de ser abandonada, e a solução deve passar pela educação dos usuários quanto ao descarte e pela valorização dos produtos reciclados.

No centro do debate sobre poluição nos últimos tempos, em especial, em relação aos oceanos, a destinação correta de itens plásticos marcou as discussões do 3º Congresso Brasileiro do Plástico, realizado ontem na Capital. Para a indústria e pesquisadores, o material é uma realidade praticamente impossível de ser abandonada, e a solução deve passar pela educação dos usuários quanto ao descarte e pela valorização dos produtos reciclados.

Presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Jaime Lorandi defendeu que o plástico é bom para a sociedade por permitir baratear produtos e otimizar processos. Na agricultura, por exemplo, o uso de plásticos traria um ganho de 30% na produção, além de diminuir a necessidade de defensivos em 65%, segundo Lorandi. Já substituir embalagens plásticas por similares de papel, metal ou vidro, por exemplo, geralmente mais pesadas, traria um impacto nos custos de produção de 5,1% do PIB mundial.

"A solução está na educação, em cada um de nós separar e encaminhar os resíduos de maneira correta. A economia circular nasce na educação do consumidor", afirma o presidente do Simplás, que organiza o congresso junto ao Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast) e ao Sindicato da Indústria de Material Plástico do Vale dos Vinhedos (Simplavi).

A opinião foi corroborada pelo presidente do Simplavi, Ivanio Arioli, para quem o plástico é, "muitas vezes, tratado de forma superficial e até mesmo injusta". Para Arioli, o objetivo do Congresso, evento bianual, é mostrar que o plástico pode ser aliado da sustentabilidade porque possui ciclo de vida longo, podendo ser reciclado diversas vezes. "Antes de tudo, tem de se reconhecer o plástico como uma oportunidade, não só como detrito", afirma Arioli.

Atualmente, apenas 9% do plástico é reciclado, 12% acaba incinerado, e o restante, no meio ambiente, segundo a diretora de reciclagem da Braskem, Fabiana Quiroga. "Por isso que é visto como é visto, porque não é descartado do jeito certo. O enfrentamento no mundo todo tem sido feito via taxação e banimento, mas não é a solução", comenta Fabiana.

A diretora defende que é preciso criar atrativos para que o plástico seja efetivamente reciclado, tanto fortalecendo a coleta, hoje feita em volume baixo, quanto valorizando os produtos feitos com reciclados, fornecendo atrativos para a transformação. "Tem que ter mercado e ser economicamente viável", argumenta Fabiana, lembrando que, nos Estados Unidos e na Europa, as associações do setor já se comprometeram a ter 100% do plástico reciclado até 2040. No Brasil, o setor está em fase final de desenvolvimento de sua posição.

Já o diretor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Turra, integrante do grupo de especialistas do Processo Regular de Avaliação do Meio Ambiente Marinho junto às Nações Unidas, ressaltou que, embora o tema seja alvo de discussões desde a década de 1960, agora está amadurecendo em escala global, com diversas conferências e estudos.

Turra defendeu que é preciso que o setor do plástico proponha ações para evitar o lixo marinho, não apenas reagindo ou negando o problema, e ainda criticou projetos de banimento de canudos plásticos, que definiu como "pirotecnia" por passarem uma mensagem simplista para um problema que é complexo. "Ninguém propõe o banimento do cigarro, e as bitucas são um problema muito maior nos oceanos do que os canudos", afirmou Turra, defendendo que o lixo nos mares é sintoma de uma sociedade insustentável.

"Os mares são responsáveis por 19% do PIB do Brasil, regulam o clima, fazem chover ou não chover, e isso tudo está em jogo. É preciso entender o problema e atuar de maneira madura, pensando no bem-estar do ser humano", afirmou Turra.

Guilherme Daroit
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