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Mercado financeiro

- Publicada em 01 de Outubro de 2018 às 01:00

'Fila' de ofertas de ações já soma R$ 20 bilhões

Segundo Gilson Finkelsztain, de 20 a 30 empresas devem ir à B3

Segundo Gilson Finkelsztain, de 20 a 30 empresas devem ir à B3


/DANILO VERPA/FOLHAPRESS/JC
Mais de R$ 20 bilhões em ofertas de ações estão na fila para tentar um espaço no mercado financeiro após definição do cenário eleitoral. As conversas das companhias com os bancos de investimento voltaram a se aquecer nas últimas duas semanas. Por enquanto, o movimento é para deixar a casa em ordem e a documentação preparada para a abertura da próxima janela de oportunidade, que pode ocorrer logo após a escolha do novo presidente. Quando se considera o médio prazo, as contas do mercado mostram a chance de novas ofertas de papéis na bolsa superarem R$ 70 bilhões em um intervalo de dois anos.
Mais de R$ 20 bilhões em ofertas de ações estão na fila para tentar um espaço no mercado financeiro após definição do cenário eleitoral. As conversas das companhias com os bancos de investimento voltaram a se aquecer nas últimas duas semanas. Por enquanto, o movimento é para deixar a casa em ordem e a documentação preparada para a abertura da próxima janela de oportunidade, que pode ocorrer logo após a escolha do novo presidente. Quando se considera o médio prazo, as contas do mercado mostram a chance de novas ofertas de papéis na bolsa superarem R$ 70 bilhões em um intervalo de dois anos.
Muitas das empresas que aguardam as eleições para ofertarem suas ações são as mesmas que já tentaram fazer operações no último ano, mas esbarraram na elevada seletividade dos investidores em um período de maior aversão ao risco. No grupo de candidatas estão empresas como a Banrisul Cartões, Quero-Quero, Neoenergia, Agibank, Austral e Tivit. A Rede D'Or poderia engrossar a lista. Outras, como a Multilaser, dependem da proporção do otimismo do mercado para voltar a testar as águas da bolsa. Entre as ofertas subsequentes aguardadas estão a da Light e da Vale - nos dois casos, as operações servirão para fundos de pensão venderem parte de suas fatias nas empresas.
O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse que há, hoje, entre 20 e 30 empresas que estão com operações no mercado de capitais no "forno". Segundo o executivo, o ambiente de incerteza põe em xeque o ritmo de crescimento da economia brasileira. No entanto, ele percebe que existe um "diagnóstico muito claro sobre as questões fiscais" - e sobre o consenso de que elas terão que ser endereçadas pelo próximo governo. Isso tem direcionado as companhias a seguirem seus planejamentos. "Há, também, certo consenso de que o País vai crescer."
Segundo uma fonte do mercado de capitais, entre mandatos fechados e em negociação para ofertas de ações, cerca de 90 empresas podem, potencialmente, ir à B3. A fonte destaca que o ritmo dessas operações é incerto, mas lembra que pesa a favor da opção pela bolsa o ambiente de juros baixos. A aposta é que o fluxo de investimentos seguirá para a renda variável, em busca de maior rentabilidade.
As conversas entre os bancos e as companhias se intensificaram ao longo das últimas semanas, após um hiato no mercado entre junho e agosto, diz o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. "As empresas retomaram as conversas para abertura de capital para o pós-eleição, e acredito que temos boa chance de vermos um bom volume", afirma.
Zema lembra que o processo para abertura de capital dura, ao menos, quatro meses. Assim, as empresas precisam acelerar o passo para estarem aptas a irem a mercado tão logo a janela se reabra.
O diretor da área de mercado de capitais do Credit Suisse, Eduardo de la Peña, vê, atualmente, um potencial de cerca de 15 ofertas nos 12 meses após as eleições. Ele destaca que, delas, um número relevante é de empresas que já tentaram a abertura de capital.
Das empresas candidatas ao IPO, muitas já passaram por reuniões para apresentar seus negócios a investidores. "Os investidores já foram apresentados à tese de crescimento dessas empresas, e isso ajuda. Agora, em uma nova tentativa, elas poderão apresentar ao mercado o plano já executado", explica o executivo do Credit Suisse.

Fluxo externo tende a aumentar

A entrada de recursos externos no Brasil tende a crescer. O diretor de renda variável do Bradesco BBI, Glenn Mallett, nota que existe uma distorção na alocação dos investidores em Brasil, que está abaixo da média histórica.
A percepção dele é de que haverá, em algum momento, uma recomposição de portfólios, o que pode beneficiar o fluxo de capital ao Brasil. "Enxergamos que, para 2019, haverá uma aceleração da atividade. O ritmo desse movimento é que pode variar. Pode haver elementos mais ou menos favoráveis que podem chamar mais ou menos emissões", avalia Mallett.
Segundo o executivo, o entendimento, no geral, é de que as principais pautas de mercado serão encaminhadas pelo novo governo. Dessa forma, a fila de potenciais emissões poderá ser bastante extensa.
Para as empresas que querem aproveitar uma eventual janela para captação em dezembro, logo após o fim do desfecho das urnas, o prazo para o protocolo da documentação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) será em outubro, exatamente no intervalo entre primeiro e segundo turnos das eleições. Cumprida essa etapa, as empresas garantem a opção de poderem abrir capital em dezembro.
Zema, do Morgan Stanley, destaca também que, hoje, as empresas demonstram maior nível de maturidade e existe um entendimento de que os mercados emergentes, como o Brasil, vivem de ciclos. Além disso, o executivo lembra que, depois de um período de recessão profunda, as empresas fizeram a lição de casa, melhoraram o perfil financeiro e possuem, atualmente, um balanço muito mais confortável, o que favorece a iniciativa de abertura de capital.
Segundo Zema, as ofertas esperadas para o período pós-eleitoral devem ganhar ritmo a partir 2019. No entanto, algumas podem se antecipar e ir para a rua ainda no fim deste ano, aproveitando-se da estreita janela de dezembro.