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Conjuntura

- Publicada em 25 de Setembro de 2018 às 22:12

Empresários querem união por agenda comum

Espaço Conexões de Negócios reuniu representantes do varejo para avaliar momento econômico-político

Espaço Conexões de Negócios reuniu representantes do varejo para avaliar momento econômico-político


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Em meio a um cenário conturbado na política e na economia - e às vésperas de uma das eleições presidenciais mais importantes da história do Brasil - empresários gaúchos prometem união em prol de uma agenda comum a ser debatida com os futuros governantes do Estado e do País. Segundo dirigentes de entidades do comércio que participaram de debate Conexões de Negócios, na sede do Jornal do Comércio, a participação da classe empresarial nas pautas políticas e econômicas deverá ocorrer de forma permanente - através de uma plataforma única -, independentemente de quem sejam os eleitos. O evento fez parte da programação alusiva aos 85 anos do JC, completados em 25 de maio deste ano.
Em meio a um cenário conturbado na política e na economia - e às vésperas de uma das eleições presidenciais mais importantes da história do Brasil - empresários gaúchos prometem união em prol de uma agenda comum a ser debatida com os futuros governantes do Estado e do País. Segundo dirigentes de entidades do comércio que participaram de debate Conexões de Negócios, na sede do Jornal do Comércio, a participação da classe empresarial nas pautas políticas e econômicas deverá ocorrer de forma permanente - através de uma plataforma única -, independentemente de quem sejam os eleitos. O evento fez parte da programação alusiva aos 85 anos do JC, completados em 25 de maio deste ano.
"Como brasileiros, não devemos pensar em soluções de direita, centro ou esquerda, mas sim em torno do bem comum", defendeu o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, ao ser questionado sobre o cenário para o segundo turno da eleição à presidência da República. Segundo ele, o Brasil tem "tudo para progredir, mas precisa de ambiente favorável para seu desenvolvimento". Para ele, os governos deveriam incentivar a meritocracia no seu quadro funcional e dentro das empresas, além de investir mais em treinamentos, infraestrutura e tecnologia. "Vivemos um dos momentos mais difíceis do País e do Estado, e precisamos nos unir para entender os problemas, a fim de realmente resolvê-los, uma vez que há mais de 40 anos presenciamos uma série de decisões erradas nos sucessivos governos do Rio Grande do Sul", destacou o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas, Vitor Koch, sobre a eleição estadual.
Ao enumerar os principais empecilhos para o Brasil, como a insegurança pública (que, do ponto de vista macro, abala o comércio, o turismo e afasta investidores), os dirigentes prometeram buscar representação em âmbito federal para que o Congresso volte os olhos para o Rio Grande do Sul, em diversos aspectos. "Temos que agir de forma enérgica, e é chegada a hora de a sociedade se unir para pressionar os políticos", considerou o vice-presidente da Federasul, Sebastião Ventura. Ele sugere que o futuro governador do Estado crie uma nova lógica de comunicação pública, que incentive a população a se engajar e se interessar pelos assuntos em pauta na Assembleia Legislativa, "uma vez que todas as soluções políticas passam pelo Parlamento".
Para os três empresários, a figura do Estado, que "existe para atender ao povo, induzir ao investimento da iniciativa privada e garantir a segurança e educação tem sido ineficiente". Na agenda política do futuro mandatário gaúcho, devem estar contidos temas como fortalecimento do ensino básico para crianças - com ênfase em tecnologia -, combate à violência pela ação dos órgãos de segurança; desoneração de impostos para que as empresas se tornem mais competitivas, atração de investimentos, manutenção de projetos públicos já em andamento (ainda que os partidos se alternem ao assumir governos); e criação de novos empregos.
> VÍDEOS JC: Assista a trechos do painel do Conexões de Negócios 

Paulo Kruse, presidente do Sindilojas

"A questão da carga tributária é muito grave, porque não há o retorno que se deveria ter (dos impostos pagos). Aqui (no Rio Grande do Sul) o empresário é muito maltratado, e os governantes se esquecem que são as empresas que trazem benefícios para a população. Vemos atualmente no Rio Grande do Sul várias empresas deixando de produzir, fechando as portas ou indo embora. Hoje em dia, uma companhia perde um grande número de horas para pagar impostos, tempo que poderia estar sendo investindo na produção ou em seus colaboradores. Acredito que os governos deveriam incentivar as empresas, não com benefícios fiscais e financeiros, mas no desenvolvimento de capacidades e investimento em tecnologia. O que vimos na gestão atual (do governo estadual) foi a busca por resolver as questões financeiras e o rombo de R$ 25 bilhões, o que acabou deixando o Estado na mesma situação. Para que algo mude de verdade, é preciso união, as pessoas devem votar pensando no bem comum, de forma que o presidente eleito busque soluções para todo o País e não para determinados setores ou grupos."

Vitor Koch, presidente da FCDL

"Vivemos uma equação difícil de ser resolvida no Estado. De 2002 a 2016, o Brasil gerou 60,2% de novas empresas, enquanto o Rio Grande do Sul gerou 40,4%. Isso também repercute na geração de empregos, praticamente nos mesmos patamares. Então, estamos piores do que a média do País - se tivéssemos acompanhado o restante do Brasil, teríamos hoje 42,5 mil novas empresas funcionando em nosso Estado. Isso geraria uma renda de ICMS de aproximadamente R$ 3,8 bilhões, que é a metade do déficit que vai ser apresentado em 2018 (de R$ 6,8 bilhões). A carga tributária é muito alta, o custo no Rio Grande do Sul é muito alto, e não temos competitividade. As alíquotas aqui foram majoradas em 2016 - primeiro a alíquota básica subiu de 17% para 18%, enquanto outras subiram até cinco pontos percentuais. Então, o custo de fabricação, com o empresário tendo que pagar 30% sobre energia elétrica e combustível, inviabiliza produzir no Rio Grande do Sul. Precisamos desonerar as alíquotas de impostos, ver o que os outros estados fizeram para atrair os investidores, lembrar que estamos em uma localização geográfica que não nos dá vantagem."

Sebastião Ventura, vice-presidente da Federasul

"É fundamental se iniciar um diálogo frontal e tratar as questões públicas com seriedade, fazer o sistema político votar o que tem que ser votado. Nesse caso, as entidades de classe têm um papel fundamental (através de sua ampla representatividade) de passar a defender ideias que podem recolocar o Estado e o País na rota do desenvolvimento. Por muito tempo, muitos se calaram, enquanto muitos ganharam com empréstimos a fundo perdido. É chegada a hora de se criar uma maior adesão, multiplicar ideias, porque vivemos tempos de muita polarização. Se formos pensar no quesito segurança, o Rio Grande do Sul atingiu uma situação de criminalidade que prejudica por completo a capacidade de desenvolvimento de negócios, uma vez que as pessoas têm medo de ir para a rua. O nível de insegurança pública a que chegamos não traduz apenas uma questão política, mas, sim, civilizatória. É preciso agir de forma enérgica neste sentido. A decadência estrutural de nosso Estado é tão visível, que as gerações mais novas querem ir embora do Rio Grande do Sul."