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Economia

- Publicada em 24 de Setembro de 2018 às 21:52

'Agendas mudam muito no pré e pós-eleição', diz vice-presidente do Bradesco

Fabri analisa período de eleições e aponta cenário favorável para os próximos meses

Fabri analisa período de eleições e aponta cenário favorável para os próximos meses


MATHEUS PICCINI/ESPECIAL/JC
Patrícia Comunello
Está todo mundo de olho no desfecho das eleições de 2018, ainda mais os bancos. O vice-presidente do Bradesco, segundo maior banco do País, Eurico Ramos Fabri, aponta a turbulência nos mercados como efeito principalmente da indefinição sobre quem vai vencer. Fabri espera que a situação se acomode no pós-eleição e previne: "ninguém governa com uma agenda econômica ruim". O executivo, que assumiu o posto no começo do ano, vindo de carreira no banco, acredita que, independentemente das propostas, quem vencer vai "ter de abraçar as agendas da sociedade". Fabri aponta, ainda, a melhora das condições do setor, com queda da inadimplência e mais demanda por crédito, que se refletiu no desempenho da instituição, que teve um segundo trimestre com lucro de R$ 4,5 bilhões, alta de 15,77% sobre o mesmo período de 2017 e um dos melhores da história. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o vice-presidente destaca que a instituição responde ao avanço das fintechs com programas para desenvolver projetos com as próprias startups financeiras.   
Está todo mundo de olho no desfecho das eleições de 2018, ainda mais os bancos. O vice-presidente do Bradesco, segundo maior banco do País, Eurico Ramos Fabri, aponta a turbulência nos mercados como efeito principalmente da indefinição sobre quem vai vencer. Fabri espera que a situação se acomode no pós-eleição e previne: "ninguém governa com uma agenda econômica ruim". O executivo, que assumiu o posto no começo do ano, vindo de carreira no banco, acredita que, independentemente das propostas, quem vencer vai "ter de abraçar as agendas da sociedade". Fabri aponta, ainda, a melhora das condições do setor, com queda da inadimplência e mais demanda por crédito, que se refletiu no desempenho da instituição, que teve um segundo trimestre com lucro de R$ 4,5 bilhões, alta de 15,77% sobre o mesmo período de 2017 e um dos melhores da história. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o vice-presidente destaca que a instituição responde ao avanço das fintechs com programas para desenvolver projetos com as próprias startups financeiras.   
Jornal do Comércio - Como está o desempenho do banco neste cenário da economia?
Eurico Fabri - O cenário depende um pouco do resultado da eleição, que vive uma incerteza. Mas o mercado vem bem, com a queda na inadimplência (ficou em 3,9% para 90 dias, de acordo com o balanço do segundo trimestre, um ponto percentual abaixo do primeiro trimestre que estava em 4,9%). Os novos créditos entram com performances melhores que os anteriores. O endividamento das famílias vem caindo, e esperamos que continue em queda até o fim do ano e o começo do ano que vem, tanto na pessoa física como na jurídica. Muito dessa queda se deve à melhoria no processo de crédito. Se compararmos a crise de 2009 com a atual, essa de agora tem proporção muito maior, se olharmos os indicadores de desemprego e PIB. Já o pico da inadimplência acumulada daquilo que é massificado ficou em um patamar inferior ao de 2009, porque tem o efeito da melhoria no processo de modelagem de crédito nesse período. Acreditamos que vamos capturar mais oportunidades neste ano e no próximo. 
JC - O desemprego ainda é um problema para melhorar mais o desempenho?
Fabri - O desemprego parou de crescer, arrefeceu um pouco, mas não na velocidade que gostaríamos. O contingente que estava empregado quando teve crédito e perdeu o emprego estancou e reduziu. O endividamento das famílias reduz e já abre espaço para conceder crédito a quem tem capacidade para pagar. Também crescemos em produtos prioritários, como o crédito imobiliário, o consignado e o financiamento de veículos. Nossa produção na carteira comercial cresce 40% e chega a 70% a 80% em alguns segmentos. No imobiliário, assumimos a liderança de desembolsos de pessoa física e jurídica nos primeiros sete meses do ano, incluindo o uso de recursos do FGTS. É uma liderança inédita! 
JC - Qual é o perfil de renda que está voltando a tomar crédito imobiliário?
Fabri - Temos um aquário muito grande para pescar onde estão os nossos próprios correntistas. Melhoramos muito os nossos processos e a interação entre gerentes e clientes, além disso, ganhamos produtividade, sem flexibilização de crédito e mantendo a mesma política, mas com performance melhor que a anterior e com maior produtividade. Penetramos mais na nossa base de clientes e em todas as faixas de renda. 
JC - Dá para dizer que o setor imobiliário vive uma retomada?
Fabri - É uma retomada que reflete dois movimentos. A pessoa jurídica ficou, nos dois últimos anos, praticamente sem nenhum lançamento, só vendendo estoques, e, agora, retoma a produção. Enquanto ocorria esse comportamento do mercado, o banco trabalhou a pessoa física que comprava esse estoque disponível. Agora, estamos com a engrenagem funcionando muito bem e retomando os dois grupos.
JC - Até outubro, vai ter mais turbulência devido ao cenário eleitoral?
Fabri - Em todas as eleições, existe um nível de especulação. Alguma movimentação de mercado é de se esperar em período pré-eleitoral, ainda mais quando há uma indefinição muito grande sobre quem vai ganhar. Mas as agendas econômicas estão postas sobre a mesa. Independentemente do candidato que vencer, ele vai ter de abraçar as agendas da sociedade. No período pós-eleição, acreditamos que a situação vai se acalmar e entrar no eixos para que o País siga adiante.
JC - Alguns candidatos estão propondo a taxação de dividendos recebidos por pessoas físicas, hoje isentos. Como isso afetaria os bancos?
Fabri - As agendas mudam muito pré e pós-eleição. Uma vez no governo, por mais que o discurso seja diferente, o fato converge. Uma vez eleito o candidato, as agendas convergem para uma racionalidade maior. Uma vez no poder, tem de cumprir aquilo que é melhor e mais apropriado para a agenda econômica do País. E ninguém governa com uma agenda econômica ruim. É óbvio que têm diferenças. Antes da eleição, a disparidade é maior, mas, após a eleição, a convergência é maior da agenda real, e não daquela pré-eleição. Quando está no poder, tem o que é viável e o que não é viável.
JC - O banco vê possibilidades de ampliar o crédito para investimento em infraestrutura?
Fabri - Somos grande players em financiamento de infraestrutura e queremos continuar. Obviamente que esse tipo de financiamento depende muito da área governamental, e esperamos que o próximo governo retome devido ao déficit que o País tem em investimentos diretos. É crucial para o bom andamento da economia que essa agenda seja retomada e ampliada. Vamos estar bem posicionados para capturar essa oportunidade quando ela acontecer.
JC - Como o senhor explica ao cidadão comum o crescimento forte dos bancos enquanto a crise é grande? São dois Brasis?
Fabri - É importante entender que todo mundo perde quando a economia vai mal e todo mundo ganha quando vai bem. Não somos indiferentes a isso, mas temos um negócio diversificado. Não é uma coisa só, são diversas áreas. O setor agrícola, por exemplo, cresce mesmo na crise, e o banco está nesse setor e cresce junto. A diversificação do banco, em certa medida, traz uma acomodação dos momentos de crise. Temos nichos de mercado que podemos explorar um pouco mais ou menos e que geram resultados. Agora, não ganhamos com a crise, mas com a prosperidade, como toda a população e a sociedade. O nosso negócio é fazer a carteira de crédito crescer e penetrar mais na população com oportunidade de ter mais acesso aos recursos. 
JC - Quais as estratégias diante do avanço das fintechs?
Fabri - O banco tem uma estratégia bem diversificada. Temos o banco de tijolo (físico), o digital e o open bank, que atua com fintechs, com ambiente que estimula a inovação e acolhe esses empreendedores e investe em alguns deles. No InovaBra, incubamos essas empresas e criamos oportunidades para se desenvolverem, pois as vemos como parceiras. Temos um aplicativo feito por fintechs para microempreendedores que complementa nossos serviços, no qual o Microempreendedor Individual (MEI) abre uma conta em menos de um dia e recebe um serviço de finanças e contabilidade para suas movimentações diárias. Ou seja, é tudo tecnologia embarcada de parceiros. Criamos viabilidade para o produto desses parceiros e agregamos valor. 
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