Um dos cartões postais mais tradicionais de Porto Alegre, o viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros, recebe desde a semana passada uma feira de hortigranjeiros cultivados na zona rural da Capital. Hortaliças, legumes, frutas e flores estão entre os produtos expostos nas bancas que têm como principal atrativo os preços acessíveis e trazem novas cores na área do Centro Histórico.
O projeto ainda é piloto. Os produtores estarão no local na quarta (19) e sexta-feira (21) desta semana, das 6h30min às 16h30min. A iniciativa amplia as opções para compra de alimentos. No Centro, a Assembleia Legislativa promove uma feira de orgânicos as quartas-feiras.
O grupo de dez agricultores que compõe a feira do viaduto estava desde junho instalado na Praça XV. Mas os feirantes tiveram de ceder o espaço às bancas de revendedores de hortigranjeiros que ficavam no Terminal Parobé, ao lado do Mercado Público. O terminal passa por reformas desde o começo de setembro.
O viaduto onde estão agora os feirantes tem dado tão certo que a ideia é tornar permanente a operação no novo local. Recentemente, a prefeitura retirou os moradores de rua que ocupavam as calçadas do Otávio Rocha. Instalar a feirinha e food trucks virou estratégia do município para revitalizar a área.
"Tudo é novidade. As pessoas ainda ficam receosas de vir para cá, pois lembram de como o lugar era ocupado, com muita sujeira e moradores de rua. Aos poucos os clientes estão chegando", conta o agricultor Paulo Luciano Silva da Rosa, produtor de hortaliças no bairro Lageado, no Extemo-Sul da Capital.
Paulo Luciano Silva da Rosa vende hortaliças que são cultivadas no bairro Lageado. Fotos: Luiza Prado/JC
Luciano também representa outros produtores que não podem estar na feira por conta do trabalho nas propriedades. O fato dos cultivos serem todos feitos pela agricultura familiar é o que impede, inclusive, que a feira seja estendida para até mais tarde, pegando o fluxo de pessoas que saem do trabalho, já que os produtores precisam contabilizar o tempo de deslocamento para a zona rural e o preparo dos produtos para o dia seguinte.
Na manhã desta segunda-feira (17), os pedestres que passavam pelo viaduto olhavam curiosos para as bancas e comemoravam a iniciativa. "Tomara que continue", disse uma senhora que passava apressada. Já a aposentada Maria Helena Freire estava indo pegar o ônibus quando viu a feira e parou para comprar um pé de alface. "Acho isso ótimo, porque fica mais no nosso caminho. Além de movimentar o viaduto, o local ainda é coberto, bom para fazer compras", comenta Maria Helena, acrescentando que antes tinha medo de passar pela área.
Maria Helena aproveitou o caminho para pegar o ônibus e parou para comprar alface
O diretor da Divisão de Fomento Agropecuário (DFA) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), Oscar Pellicioli, diz que há muito tempo a cidade não proporcionava um espaço nobre aos produtores de Porto Alegre. Por ser piloto, o projeto ainda depende de uma avaliação de resultados para sua continuidade, mas a ideia é de que seja mantido. "A tendência é de que a feira continue e se amplie. Estamos mapeando toda cidade para ver onde podemos ofertar outras feiras", afirma Pellicioli.
A iniciativa é uma oportunidade de fortalecer a economia agrícola por meio da agricultura familiar. As zonas Sul e Extremo-Sul de Porto Alegre concentram 12 mil hectares de área rural, utilizados sobretudo para o cultivo de frutíferas e hortaliças e agroindústrias.
As feiras são uma oportunidade para fortalecer a economia agrícola e ampliar o consumo de produtos locais, com cada vez menos agrotóxicos. Ao todo, são 39 Feiras Modelo em Porto Alegre atualmente, que vendem hortigranjeiros, carnes, derivados de leite, frios e embutidos (
veja lista de locais aqui). Outras opções são as feiras orgânicas, que já somam 28 na Capital. Uma delas é a feira da Assembleia Legislativa, que também é opção para moradores do Centro.
> Galeria de imagens: como é a feirinha no viaduto Otávio Rocha