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Previdência

- Publicada em 11 de Setembro de 2018 às 01:00

Fundos de pensão somam déficit líquido de R$ 29 bi no 1º semestre

Abrapp projeta rentabilidade de 10,14% para o ano com a bolsa se mantendo no patamar de 80 mil pontos

Abrapp projeta rentabilidade de 10,14% para o ano com a bolsa se mantendo no patamar de 80 mil pontos


NELSON ALMEIDA/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Impactados pela turbulência nos mercados nos últimos meses, os fundos de pensão encerraram o primeiro semestre com déficit líquido de R$ 29 bilhões, informou ontem a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O valor é resultado de perdas de R$ 49 bilhões em 83 fundações e de ganhos de R$ 20 bilhões em 141 instituições.
Impactados pela turbulência nos mercados nos últimos meses, os fundos de pensão encerraram o primeiro semestre com déficit líquido de R$ 29 bilhões, informou ontem a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O valor é resultado de perdas de R$ 49 bilhões em 83 fundações e de ganhos de R$ 20 bilhões em 141 instituições.
Apesar de o déficit líquido ter se reduzido em relação aos R$ 57,9 bilhões do ano passado, o resultado final do setor está no vermelho desde 2014, quando teve início a crise econômica. O déficit líquido equivale a 5,8% do total de ativos do sistema, que fechou o semestre em R$ 847,5 bilhões. Há um ano, a taxa era maior, de 9,6%. Nos cinco primeiros meses do ano, os fundos renderam 2,68%, praticamente o mesmo que a taxa de referência CDI.
"A volatilidade faz parte dentro de nossa estratégia de longo prazo. Isso é normal no nosso segmento. No primeiro trimestre, a renda variável estava entregando retornos expressivos, mas, depois, houve certa turbulência por questões como cenário internacional e eleições", explicou Luís Ricardo Martins, presidente da Abrapp.
Embora o volume de déficits registrado pelas fundações tenha caído de R$ 77,6 bilhões para R$ 49 bilhões nos últimos 12 meses, o total de superávits não tem conseguido ganhar fôlego: subiu apenas R$ 1,8 bilhão desde o fim de 2016.
"O sistema já distribui muitos superávits. Agora, desde 2015 para cá, os cenários econômico e político pesaram. Se o País retomar o crescimento da economia, esse superávit tende a crescer", ponderou Martins.
Para o ano, a Abrapp projeta rentabilidade de 10,14%, considerando que a bolsa estará aos 80 mil pontos e que os juros continuarão em 6,5%. O projetado está abaixo da meta atuarial do sistema - taxa que precisa ser batida para haver geração de superávit -, que é 10,88%. Segundo os números da
Abrapp, os fundos ainda não têm aumentado a exposição a ativos de maior risco para compensar a rentabilidade menor da renda fixa com a queda dos juros - pelo contrário. A fatia das carteiras em títulos públicos, menos arriscados, cresceu de 17,7% a 18,41% em um ano, enquanto o volume dedicado a ações caiu de 8,7% para 7,3%.
Segundo Martins, a Abrapp enviará no próximo mês aos candidatos à presidência uma proposta de reforma da Previdência, que está sendo elaborada pelo economista Helio Zylberstajn, da USP. De acordo com o presidente da associação, a proposta prevê que um dos pilares da reforma seja a instituição de uma camada de capitalização, com período de transição.
Martins não deu detalhes sobre a proposta, alegando que ela ainda está sendo elaborada, mas afirmou que a Previdência deverá continuar com um caráter de assistencialismo.
"O problema do caso do Chile foi que a Previdência se tornou completamente privada. Faltou, ali, um primeiro pilar do Estado provedor da assistência para retirar as pessoas da pobreza. Faltou, ali, o assistencialismo", disse Martins. "Acho que demoramos demais para fazer a reforma. Haveria uma reforma paramétrica neste governo que não foi possível à luz dos problemas políticos e econômicos do País. O fato é que - com um novo governo e com um novo parlamento e esse trabalho intenso de comunicação - está havendo uma atenção maior. As pessoas estão preocupadas com a possibilidade de o benefício público não suportar a pressão. Vemos, então, uma grande janela de oportunidade para que tenhamos uma mudança estrutural", afirmou.
 

Funcef não tem problema de liquidez, diz diretor

A Funcef não tem problema de solvência ou de liquidez e, assim, não enfrenta nenhuma pressão para vender ativos, caso da Invepar ou Vale, afirmou, a jornalistas, o diretor do fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, Paulo Werneck. No caso da Invepar, há um trabalho de recuperação da companhia, e, segundo ele, o ativo vai bem e há, no momento, gestão do caixa da empresa, afirmou.
Mês passado, tanto a Funcef quanto a Previ rejeitaram a oferta feita pelo fundo soberano Mubadala pela Invepar. Segundo Werneck, a proposta econômica oferecida foi "aquém", por exemplo, da que já tinha sido feita, no passado, pela gestora canadense Brookfield.A Funcef, segundo o executivo, tem 25% de exposição na Invepar, considerando equity e dívida, sendo esse seu limite por emissor. A fundação aumentou sua participação na Invepar ao subscrever uma emissão de debêntures. A Invepar analisa, neste momento, a emissão de dívida externa.
"Existe preço para sair (de um investimento) e preço para entrar", disse, destacando que o fundo conversará com outros interessados no ativo. Além de Mubadala e Brookfield, a CCR também havia demonstrado interesse, no passado, na aquisição.
Em relação ao investimento da Funcef em Vale, Werneck disse que a fundação "analisa com calma", mas destacou que, hoje, não existe impedimento de venda, se for essa a decisão no futuro. Assim como a Previ e Petros, a participação da Funcef está sob o guarda-chuva da Litel.