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Agronegócios

- Publicada em 03 de Setembro de 2018 às 00:25

Federações apresentam demandas a presidenciáveis

Silva diz que apenas um visitante acenou com o retorno do MDA

Silva diz que apenas um visitante acenou com o retorno do MDA


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Em ano eleitoral, as ruas e pavilhões do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, também servem de passarela para os candidatos à presidência. Em 2018, não foi diferente. Cinco presidenciáveis estiveram na 41ª Expointer em busca de novos eleitores.
Em ano eleitoral, as ruas e pavilhões do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, também servem de passarela para os candidatos à presidência. Em 2018, não foi diferente. Cinco presidenciáveis estiveram na 41ª Expointer em busca de novos eleitores.
No núcleo das duas federações agropecuárias gaúchas mais representativas - a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que representa o agronegócio empresarial, e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), que atua pelos pequenos produtores familiares -, os candidatos à presidência da República foram recebidos com uma extensa pauta que prioriza as principais reivindicações do setor.
Apesar de divergências no campo ideológico, os documentos entregues aos candidatos à presidência pelas duas entidades possuem pontos em comum, como seguro-rural, infraestrutura, competitividade dos produtos nacionais no Mercosul, flexibilização de marcos regulatórios e acesso ao crédito. Em temas como reforma agrária, privatizações, demarcação de terras indígenas e diminuição de participação e influência do Estado no mercado, as federações se colocam em lados opostos.
Entre terça e sexta-feira, Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos) foram os presidenciáveis que circularam pela feira. Ciro Gomes protagonizou um bate-boca na Farsul sobre subsídios agrícolas; Bolsonaro sequer visitou a Fetag. Nesse contexto, a movimentação dos candidatos em Esteio deixou mais claras as expectativas das duas entidades.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, identifica - entre os cinco presidenciáveis que passaram por Esteio - quatro opções viáveis. "Defendemos uma pauta de centro-direita. A centro-esquerda costuma pôr o social na frente do econômico. Acreditamos que o social é uma consequência do econômico. Ninguém tem emprego se não há empresas. Se há concorrência, os salários sobem. Esse é um ciclo que o Brasil nunca praticou. Sempre fomos um capitalismo de Estado, com a presença deste mesmo Estado atrapalhando o desenvolvimento econômico. Praticamos uma agenda liberal e temos, sim, candidatos pensando nessa mesma linha", diz.
O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, afirma que apenas um dos visitantes acenou com a inclusão do retorno do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em seu programa de governo. "De modo geral, os candidatos que marcaram audiência com a Fetag parecem não se comprometer por completo para não serem cobrados. Apenas um assumiu que restabeleceria o MDA. Todos os demais se comprometeram em avaliar a pauta, e, por outro lado, existe um candidato que parece não reconhecer o papel da agricultura familiar. Com certeza, entre as opções disponíveis e que nos visitaram, existem aqueles que estão mais abertos às nossas reivindicações", revela.

Farsul prevê cenário positivo com vitória de projetos liberais

Em uma análise dos cenários, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, identifica um panorama mais consistente para a retomada do crescimento. Segundo ele, a consolidação das projeções depende da consagração eleitoral de um projeto liberal.
"Ninguém tem bola de cristal, mas sabemos que existem homens que podem disparar o dólar a R$ 5,00 e outros que podem trazê-lo para R$ 3,50. Ocorre é que as empresas estão mais alavancadas, há reservas para investir. Se este viés de desenvolvimento e estabilidade política for legitimado nas urnas, a economia começará a retomar o seu caminho", sustenta.
No que se refere ao Congresso, Gedeão faz algumas indagações. "O presidente eleito terá apoio do Congresso? Que congresso teremos?" Para Gedeão, essas e outras perguntas só poderão ser respondidas após as eleições. "Penso que, se conseguirmos colocar um presidente muito bem eleito, automaticamente, o Congresso iria junto. O Congresso é maleável pelo poder. Vamos imaginar que alguma figura ganhe no primeiro turno, ela teria um apoio popular muito forte e um Congresso fragilizado. Temos vícios terríveis no Congresso. Exemplo disso são as emendas parlamentares. Isso tem sido ruim. É preciso uma reforma partidária urgente", defende. 

Pauta entregue pela Farsul

  • Direito à propriedade
  • Enfrentar a perda de competitividade
  • Resolver déficit em transações com o Mercosul
  • Abertura econômica
  • Política agrícola e seguro rural
  • Investimentos em logística e infraestrutura
  • Agenda de concessões e privatizações
  • Mais segurança jurídica no campo
  • Reindustrialização para gerar valor agregado
  • Modernização das leis dos agroquímicos
  • Estabilidade econômica e crescimento

Fetag demonstra preocupação com instabilidade político-econômica

As projeções do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, não contemplam muitas mudanças no atual cenário. Segundo o dirigente, a instabilidade política e os reflexos econômicos paralisaram os programas destinados à agricultura familiar.
"Não há tranquilidade. A população tem depositado muita esperança na mudança. Infelizmente, acredito que isso não ocorrerá", revela. Para Silva, o Congresso deveria ter uma renovação de, no mínimo, 50%. "Acontece que a reforma política e o fundo partidário só servem para manter os que estão lá. Continuo vendo um cenário ruim", comenta.
O dirigente chama a atenção para questões ligadas à assistência técnica e os juros ao produtor. Ele diz que a agricultura produz cada vez mais, mas a renda do pequeno produtor, por falta de políticas públicas, não acompanha os níveis de desenvolvimento. "Quando se cortam gastos, acaba-se com recursos da assistência técnica. Na agricultura familiar, nunca tivemos juros acima da inflação. Hoje, pagamos o dobro, e isso nos castiga", reclama. De acordo com o presidente da Fetag, uma das saídas seria devolver o poder de interlocução aos pequenos agricultores com a recriação do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Pauta entregue pela Fetag

  • Garantias de renda e seguros agrícolas
  • Programas de produção sustentável e orgânica
  • Programas de infraestrutura no campo
  • Flexibilização do Sistema Nacional de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA)
  • Manutenção dos direitos previdenciários dos agricultores familiares
  • Segurança pública no campo, escolas técnicas e postos de saúde em zonas rurais
  • Demarcação de áreas indígenas
  • Políticas ambientais para a agricultura familiar
  • Restabelecimento do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)