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Economia

- Publicada em 08 de Agosto de 2018 às 17:15

Leilões do Tesouro atingem R$ 24 bilhões entre maio e julho

As incertezas políticas, a greve dos caminhoneiros, o aumento gradual da taxa de juros nos Estados Unidos e o acirramento da guerra comercial levaram o governo federal a fazer, entre maio e julho, o maior número de intervenções no mercado de títulos públicos dos últimos 17 anos. Foram 42 leilões extraordinários de recompra, em operações que somaram R$ 24 bilhões.
As incertezas políticas, a greve dos caminhoneiros, o aumento gradual da taxa de juros nos Estados Unidos e o acirramento da guerra comercial levaram o governo federal a fazer, entre maio e julho, o maior número de intervenções no mercado de títulos públicos dos últimos 17 anos. Foram 42 leilões extraordinários de recompra, em operações que somaram R$ 24 bilhões.
Esse tipo de operação ocorre quando a instabilidade no mercado financeiro leva os investidores a cobrarem prêmios mais altos para colocar recursos no Brasil: o objetivo é evitar essa disparada e estabilizar as taxas. Apesar da recente calmaria do mercado, a corrida presidencial pode forçar o governo a uma nova rodada de intervenções. E investidores aproveitam o período de tranquilidade para se preparar para novas turbulências.
O Tesouro, em geral, atua em parceria com o Banco Central para evitar que o mercado fique travado, ou sem liquidez. Na prática, compra títulos que estão nas mãos de investidores que não querem mais os papéis, por acreditarem que estes oferecem uma rentabilidade baixa para um cenário de maior risco.
"O mercado, de forma geral, ainda trabalha com a expectativa de que um candidato alinhado com o ajuste fiscal avance para o segundo turno, por isso a volatilidade está baixa", disse Ivan Kraiser, gestor-chefe da Garín Investimentos.
A última intervenção feita pelo Tesouro Nacional no mercado de títulos ocorreu em 4 de julho. A estabilidade registrada de lá para cá é justificada pela expectativa de melhora no desempenho do candidato tucano Geraldo Alckmin, que defende as reformas econômicas e o ajuste fiscal, vistos como essenciais por agentes do mercado para a retomada do crescimento do país. Uma mudança nessa perspectiva pode gerar uma nova onda de volatilidade.
"Em maio, todo mundo tinha a mesma aposta, que era de juros em queda. Quando esse cenário mudou, todos tentaram sair, e não tinha demanda de compra. O Tesouro tinha que atuar para estabilizar oferta e demanda. Se a percepção voltar a piorar, o Tesouro terá que atuar novamente", explicou o gestor de um fundo de pensão, que preferiu não se identificar.
A paralisação dos caminhoneiros, em maio, agravou a percepção de risco do mercado, mas Luis Felipe Vital, coordenador-geral da dívida pública do Tesouro, lembra que o ambiente externo também estava desfavorável:
"Tivemos uma série de eventos externos: a política monetária nos Estados Unidos, a guerra comercial, problemas políticos e econômicos na Itália e na Espanha. Isso caracterizou um cenário externo de maior aversão ao risco. E os mercados emergentes, de forma geral, tiveram piora de performance".
Nos últimos 17 anos, o único período eleitoral em que o Tesouro precisou recomprar títulos foi em 2014, quando houve dois leilões em fevereiro. Mas os técnicos do Tesouro descartam qualquer relação dessas duas operações com as eleições. Além disso, o montante de recompra à época foi de apenas R$ 2,4 bilhões. De 2014 até 2017, essas recompras somaram R$ 11 bilhões, menos da metade do apurado até agora em 2018.
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, lembra que essas operações do Tesouro são necessárias em momento de aumento de desconfiança e redução de liquidez. "Em maio, houve uma crise de confiança interna e acirramento dos mercados externos. A curva de juros se inclinou para cima, e o Tesouro agiu para reduzir essa volatilidade".
Os profissionais do mercado evitam falar em nomes, mas o avanço de um candidato contrário ao ajuste fiscal e às reformas poderia ser o gatilho para uma volta da volatilidade. Esta será maior ou menor, a depender do cenário externo e da manutenção ou não do discurso desse candidato.
Mesmo com a calmaria atual, algumas casas começam a se preparar para o aumento da volatilidade, montando operações de defesa contra flutuações. Uma das saídas tem sido comprar mais papéis que pagam um juro fixo além da variação da inflação. Caso um candidato de esquerda vença em outubro e ocorra uma piora dos indicadores macroeconômicos, com maior pressão sobre os preços, o investidor ficará protegido. Arbitragem de ativos também é outra opção.
"A volatilidade está muito baixa. Isso torna essas operações baratas, então estamos 'comprando volatilidade'",afirmou outro gestor, sem se identificar.
Os leilões extraordinários foram suspensos porque o Tesouro entende que o mercado encontrou novo equilíbrio, mas isso pode mudar. A coordenadora de operações da dívida, Márcia Tapajós, afirmou que o Tesouro atuará se houver turbulência no mercado.
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