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Trabalho

- Publicada em 01 de Agosto de 2018 às 01:00

Desemprego é de 12,4% no segundo trimestre do ano

Elevação de pessoas no mercado foi puxada pela informalidade

Elevação de pessoas no mercado foi puxada pela informalidade


/FREDY VIEIRA/arquivo/JC
A taxa de desemprego ficou em 12,4% no segundo trimestre, o equivalente a 12,966 milhões de pessoas sem emprego, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. No trimestre anterior, o indicador havia ficado em 13,1%. A taxa de desemprego também ficou menor que a registrada no segundo trimestre do ano passado, quando estava em 13%.
A taxa de desemprego ficou em 12,4% no segundo trimestre, o equivalente a 12,966 milhões de pessoas sem emprego, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. No trimestre anterior, o indicador havia ficado em 13,1%. A taxa de desemprego também ficou menor que a registrada no segundo trimestre do ano passado, quando estava em 13%.
A queda foi puxada pela diminuição do número de desempregados, que recuou 5,3%, o equivalente a 723 mil trabalhadores. Ao mesmo tempo, o contingente dos que tinham algum tipo de trabalho aumentou para 91,2 milhões, avanço de 0,7%, um adicional de 657 mil pessoas.
Esse aumento do número de pessoas com trabalho foi puxado principalmente pelo crescimento da informalidade. O número de empregados com carteira no setor privado recuou 0,2%, para 32,8 milhões de pessoas - o menor patamar da série histórica da Pnad Contínua. Em relação ao ano passado, a queda é ainda maior: em um ano, o número de empregados formais diminuiu em quase 500 mil pessoas. Enquanto isso, o trabalho sem carteira cresceu 2,6%, para 11 milhões de pessoas.
Outro indicador de informalidade é o trabalho por conta própria, que ficou estável em relação ao trimestre anterior, englobando um contingente de 23,1 milhões de trabalhadores.
O rendimento dos trabalhadores brasileiros ficou em R$ 2.198,00 no segundo trimestre. O valor representa uma estabilidade em relação ao trimestre anterior e também em relação ao mesmo período do ano passado.
Na semana passada, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o País teve, em junho, o primeiro mês com fechamento de vagas com carteira assinada. O saldo ficou negativo em 661 postos de trabalho. Foi o pior junho desde o início da série histórica do levantamento.
O número de trabalhadores por conta própria com CNPJ, um indicador de mais nível de formalidade, aumentou 7,5% no segundo trimestre, em relação a igual período do ano passado. O grupo chegou a 4,4 milhões. O contingente, no entanto, ainda é muito menor que aqueles sem registro, que chegam a 18,6 milhões, número que ficou estável em relação ao ano passado.
Ter ou não CNPJ influencia diretamente nos ganhos dos trabalhadores por conta própria. Os com registro tiveram rendimento médio de R$ 3.060,00, 142% (ou seja, mais que o dobro) do recebido pelos sem CNPJ: R$ 1.264,00.
Entre os empregadores - ou seja, trabalhadores por conta própria que empregam pelo menos um funcionário - a situação é inversa. Houve um aumento, na comparação anual, do número de empregadores sem CNPJ, que chegou a 911 mil pessoas. O número de empregadores com o registro, no entanto, continua sendo a maioria, 3,4 milhões.
Os setores da indústria e do serviço público puxaram o aumento do grupo de brasileiros com trabalho no segundo trimestre. Na indústria, o aumento do número de pessoas na ativa foi de 286 mil trabalhadores, para 11,9 milhões, puxado principalmente pelos segmentos de têxtil e vestuário - em que o trabalho por conta própria é marcante.
Já na administração pública, a alta de vagas foi de 588 mil, para 16 milhões. Segundo o IBGE, essa alta reflete a onda de recontratações nas prefeituras, que costuma ocorrer nessa parte do ano por causa do repasse do Fundo de Participação Municipal (FPM).
Esses ganhos foram compensados para baixo por estabilidade nos outros segmentos. O comércio, por exemplo, que emprega a maior parte das pessoas, ficou praticamente estável em 17,3 milhões, com leve queda de 0,5%.

Número dos que não trabalham nem procuram vaga é recorde

O número de pessoas que não trabalham e nem procuram emprego bateu recorde no País. Apesar da taxa de desemprego ter desacelerado no segundo trimestre do ano, o contingente fora da força de trabalho chegou a 65,6 milhões, alta de 1,2% sobre o período anterior e o mais alto da série histórica do IBGE, informou o órgão nesta terça-feira.
As pessoas fora da força de trabalho são indivíduos em idade para trabalhar, mas que não estão em busca de oportunidade. Isso ocorre, geralmente, por conta do desalento, que é quando a pessoa desiste de procurar emprego depois de tentar sem sucesso.
O IBGE divulgou pela primeira vez o nível da formalização dos grupos de trabalhadores por conta própria e empregadores, que são indivíduos que têm pelo menos um funcionário.
Os dados mostraram que 80% dos 3,4 milhões empregadores no País tinham um CNPJ no segundo trimestre. Apenas 911 mil empregadores não possuíam o cadastro de pessoa jurídica.
Já no trabalho por conta própria, a relação se inverte: 80% não tinham CNPJ, o que pode denotar que os trabalhadores por conta própria costumam ser pequenos empreendedores que decidiram abrir seus negócios após perder empregos formais. Dos 23 milhões de trabalhadores por conta própria no trimestre encerrado em junho, 18,6 milhões não tinham CNPJ.
"Ao possuir CNPJ, a empresa tem acesso mais facilitado ao crédito e também abre a possibilidade de ser contratada por uma segunda empresa. A Pnad mostrou informalidade grande entre os trabalhadores por conta própria", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Mesmo com a crise fiscal, o setor público bate recorde em contratações

Enquanto o mercado de trabalho brasileiro tem cada vez mais trabalhadores informais de um lado e, de outro, pessoas desistindo de procurar vaga, o setor público amplia as contratações e bate recorde de empregados num momento de severa crise fiscal. No trimestre encerrado em junho, o setor dependente dos recursos da sociedade foi um importante gerador de vagas, segundo o IBGE.
Entre abril e junho, 11,6 milhões de pessoas estavam empregadas no setor público - o maior nível da série histórica, iniciada em 2012. No segundo trimestre, 392 mil pessoas foram contratadas pelo setor público. Deste total, 73% ou 289 mil vagas não tinham carteira assinada, em modelos de contratação que podem ser por meio de cargos comissionados ou consultorias.
Na avaliação do IBGE, a alta é sazonal. "É comum as prefeituras dispensarem trabalhadores no fim do ano e recontratá-los no início do ano seguinte", afirmou o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo. Como o País tem mais de 5 mil municípios, o movimento é grande.
Já a indústria criou 286 mil postos de trabalho no segundo trimestre, o equivalente a um aumento de 2,5% no total de ocupados no setor em relação ao primeiro trimestre. Parte do aumento na indústria foi no segmento de confecção, tecidos e vestuário.
 

Atividade doméstica aumenta via informalidade, diz Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Quase três anos depois da implantação da obrigatoriedade de recolhimento do FGTS para empregadas domésticas no País, por meio do e-Social, o trabalho doméstico ainda aumenta através da informalidade.
No segundo trimestre de 2018, havia 127 mil trabalhadores domésticos a mais do que no mesmo período de 2017: 31 mil empregados perderam a carteira assinada, enquanto outros 158 mil passaram a trabalhar sem o vínculo formal. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o aumento no emprego doméstico sem carteira assinada é uma tentativa de fuga do desemprego.
"No momento que você tem perda do dinamismo econômico, tem perda de renda. Quem mais perde com isso são as pessoas do extrato de renda mais baixo. Por falta de opção, e às vezes até por falta de empreendedorismo, há essa fuga para o emprego doméstico", justificou Azeredo.
A perda do vínculo formal se reflete no poder aquisitivo desses trabalhadores: um empregado doméstico com carteira assinada recebe, em média, R$ 1.212,00 mensais, contra apenas
R$ 730,00 recebidos pelos trabalhadores domésticos sem carteira.
"Cerca de 40% dos trabalhadores domésticos não têm carteira assinada. Ou seja, o rendimento é o menor, abaixo da média (dos trabalhadores)", disse o coordenador do IBGE. "Tem diarista trabalhando que não consegue fazer nem o salário-mínimo por mês. Parte delas nem está contribuindo para a Previdência", acrescentou.
Os dados sobre trabalhadores domésticos formais e informais foram divulgados nesta terça-feira pela primeira vez pelo IBGE, que também desagregou as informações sobre os empregadores, trabalhadores por conta própria, empregadores e setor público.