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Indústria

- Publicada em 30 de Julho de 2018 às 22:28

Empresários cobram de Temer medidas para setor industrial

Michel Temer reclamou que o responsabilizam pelo desemprego

Michel Temer reclamou que o responsabilizam pelo desemprego


/ROVENA ROSA/ABR/JC
Empresários da indústria aproveitaram ontem a visita do presidente Michel Temer (MDB) à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para cobrar medidas como a redução do custo de crédito, a renegociação de dívidas das empresas com bancos e o veto ao tabelamento dos preços de frete rodoviário.
Empresários da indústria aproveitaram ontem a visita do presidente Michel Temer (MDB) à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para cobrar medidas como a redução do custo de crédito, a renegociação de dívidas das empresas com bancos e o veto ao tabelamento dos preços de frete rodoviário.
O presidente da Fiesp em exercício, José Ricardo Roriz Coelho, elogiou a reforma trabalhista e o regime que estabeleceu um teto aos gastos públicos, mas disse que o sistema financeiro e a alta carga tributária inibem investimentos e prejudicam a geração de emprego e renda. Roriz cobrou a retomada dos investimentos em infraestrutura, uma ampla reforma tributária e medidas para reduzir custo de crédito, classificadas como "cruciais". Nesse ponto, pediu que o governo estimule a competitividade no setor bancário.
O presidente da Fiesp disse que o setor não precisa de medidas protecionistas, mas cobrou isonomia em relação a países que competem com o Brasil no mercado internacional. Pediu, ainda, um programa de renegociação de dívidas bancárias das empresas para, segundo ele, dar fôlego para a recuperação da indústria. "As medidas aqui propostas não precisam esperar o próximo governo, e o senhor pode contar com nosso apoio", afirmou Roriz a Temer.
Jacir Costa, presidente do conselho superior do agronegócio da Fiesp, defendeu a livre negociação das empresas com seus transportadores, ao pedir o veto à política de preços mínimos de frete, concedida pelo Planalto para encerrar a greve dos caminhoneiros. "O tabelamento afeta a competitividade e encarece o custo de vida", declarou. Costa também pediu a volta do programa de devolução de impostos pagos por empresas exportadoras, o Reintegra.
Michel Temer prometeu examinar as reivindicações. Observou, porém, que as demandas dos empresários não se resolvem rapidamente. "Vamos solucionando pouco a pouco", declarou.
Temer reclamou de ser responsabilizado pelo alto índice de desemprego do País. "Tentam me colocar a pecha de gerar 13 milhões de desempregados", afirmou. "Mas a realidade é que, em apenas dois anos, fizemos reformas importantes para a economia, coisas que outros governos de quatro, oito anos não conseguiram. Não podemos voltar atrás."
Ao lamentar o fato de as mudanças na Previdência não terem sido discutidas no Congresso, Temer comentou sobre a relação com os parlamentares e a aprovação do teto dos gastos e a reforma trabalhista. "Fizemos tudo isso em apenas dois anos. Enfrentei uma oposição radicalíssima", disse.

Tabelamento de frete pode ser renegociado

O presidente Michel Temer disse ontem que a mobilização de caminhoneiros em maio deixou o País perto de uma "rebelião insolúvel" que forçou o governo a aceitar reivindicações, mas afirmou que o tabelamento de fretes pode ser renegociado em uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em declaração, Temer afirmou que o ministro do STF Luiz Fux está analisando o caso e que há possibilidade de uma composição no tema. "Confesso aqui intimamente: depois de 10 dias (de paralisação), estávamos em um domingo e eu disse a todos os meus ministros: 'Precisamos fazer um acordo definitivo. Se não fizermos um acordo, não haverá segunda-feira, não terá terça-feira'. A essa altura, já começava a faltar comida nos supermercados, remédios."
Ele disse que já se cogitava que houvesse disputa judicial sobre o tema e afirmou que a ministra Grace Mendonça (da Advocacia-Geral da União) acompanha o assunto: "Eles estão tentando dar uma composição em torno dessa matéria".

Presidente critica proposta de rotulagem de alimentos e marca reunião com entidades

No encontro com empresários, o presidente Michel Temer manifestou contrariedade com uma proposta de rotular alimentos industrializados como forma de alertar para alta concentração de açúcar, sódio ou gorduras saturadas. Temer ouviu críticas a essa iniciativa feitas por Wilson Mello, presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação. Mello disse em discurso que a ideia de colocar triângulos nas embalagens associaria os produtos a um perigo à saúde.
Temer, em sua fala, convocou o empresário para uma reunião nesta próxima quarta-feira em Brasília e pediu cautela nessa discussão. "É importantíssimo. Essa coisa do triângulo, que você
(Mello) mencionou, que é sinal de perigo, se não tomar cuidado, daqui a pouco, bota tarja preta no alimento. Vai prejudicar o setor."
A proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é incluir nas embalagens uma advertência sobre a presença de alto teor de açúcar, gorduras saturadas e sódio. Um grupo de trabalho da agência constatou que o consumidor tem dificuldades para entender informações hoje presentes nos rótulos. A proposta é inspirada em normas estabelecidas em outros países, como o Chile, que tornou obrigatórios, por exemplo, octógonos pretos informando alto teor de açúcar nas embalagens.
Mello havia dito, em seu discurso, que essa iniciativa pode causar desemprego na indústria da alimentação, "que é responsável por 10% do PIB brasileiro". "Tudo passa por uma escolha que Vossa Excelência (Temer) tomará, que é a escolha do novo presidente da Anvisa. Nosso único pedido é que seja alguém que continue dialogando com a indústria", disse Mello. O representante do setor classificou a iniciativa como desproporcional e disse que detratores "criminalizam" essa indústria.