Na declaração conjunta da 10ª cúpula do Brics, os países-membros do grupo (que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) dizem que o comércio global enfrenta "desafios sem precedentes" e reforçam a defesa do papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) na solução de conflitos comerciais.
A cúpula, iniciada na quarta-feira, na África do Sul, celebra os 10 anos do bloco, mas teve como tema principal a guerra comercial entre Estados Unidos e China, e seus impactos na economia global. A questão ganhou destaque na declaração final aprovada pelos chefes de Estado.
"Reconhecemos que o sistema de comércio multilateral está enfrentando desafios sem precedentes. Reforçamos a importância de uma economia global aberta, permitindo que todos os países e povos compartilhem os benefícios da globalização", diz o texto.
No documento, os países-membros ressaltam que o sistema de resolução de controvérsias da OMC é uma das bases do comércio internacional e foi desenvolvido para garantir segurança e previsibilidade. O organismo vem sendo constantemente questionado pelo governo Donald Trump.
A declaração ressalta, ainda, preocupação com impasse na escolha de membros do órgão de apelação da OMC, alegando que a demora pode paralisar os processos. As nomeações vêm sendo bloqueadas pelos Estados Unidos desde a gestão Barack Obama. "Incitamos todos os membros a nos engajarmos de forma construtiva para endereçar esse desafio como prioridade", afirmam, na declaração, os países do Brics.
O aumento do protecionismo voltou a ser tema de discursos durante a sessão desta quinta-feira, principalmente por parte do presidente da China, Xi Jinping, que defendeu a solução de disputas "por diálogo e não por confronto".
"Só somos competitivos quando somos abertos", afirmou o presidente Michel Temer. "Abertos a insumos mais sofisticados, abertos a tecnologias mais avançadas, abertos a mais comércio."
Os países assinaram três memorandos de entendimento nesta quinta-feira. Um deles prevê parceria no desenvolvimento da aviação regional, outro fala em cooperação em assuntos de meio ambiente, e o terceiro prevê a abertura, em São Paulo, de um escritório do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês, conhecido como banco do Brics).