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Contas Públicas

- Publicada em 26 de Julho de 2018 às 01:00

Dívida avança 1% em junho e chega a R$ 3,75 trilhões

Participação de estrangeiros entre os detentores de títulos ficou estável

Participação de estrangeiros entre os detentores de títulos ficou estável


/JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
A dívida pública federal, que reúne tudo que o País deve internamente e no exterior, avançou 1,01% em junho e atingiu R$ 3,75 trilhões. Tanto a dívida interna quanto a externa tiveram alta, a primeira por conta da apropriação de juros e a segunda pela valorização do dólar, principalmente.
A dívida pública federal, que reúne tudo que o País deve internamente e no exterior, avançou 1,01% em junho e atingiu R$ 3,75 trilhões. Tanto a dívida interna quanto a externa tiveram alta, a primeira por conta da apropriação de juros e a segunda pela valorização do dólar, principalmente.
Contribuiu para o aumento da dívida interna, por exemplo, o aumento do indicador de inflação em junho. O IPCA, principal indicador de preços do País, sofreu um repique no mês passado, impulsionado pela greve dos caminhoneiros. Com isso, os títulos atrelados à inflação - que representam quase um terço do total - foram corrigidos em um patamar acima do padrão para os últimos meses.
A maior parte dos títulos da dívida pública estão nas mãos de fundos de investimento e de Previdência. Juntos, eles detêm pouco mais da metade dos papéis. Em seguida estão os bancos. A participação de estrangeiros entre os detentores de títulos ficou estável em relação a maio. Os chamados "não residentes" são responsáveis por 11,93% dos papéis.
A maior parte dos títulos são prefixados. Eles representam 34,3% do total. Nesse tipo de investimento, o retorno é estipulado antes da compra. O objetivo do Tesouro, ao estabelecer o Plano Anual de Financiamento (PAF) é justamente manter esse percentual alto, entre 32% e 36%. Assim, o governo consegue ter mais previsibilidade nos pagamentos.
O número de títulos prefixados teve um pequeno recuo em relação a maio, quando representava 34,6%. Se comparado com dezembro, o recuo foi de praticamente 1 ponto percentual. Com as instabilidades trazidas pelo cenário externo e pelas eleições, muitos investidores podem optar por trocar seus aportes de prefixados para outros tipos de título.
Com a possibilidade de a inflação subir e, consequentemente, a taxa de juros da economia voltar a um movimento de elevação, há um receio de que as taxas prefixadas fiquem defasadas. Tanto que, entre maio e a primeira semana de julho, com o agravamento das instabilidades externas e da instabilidade interna, o governo decidiu recomprar R$ 24,2 bilhões em títulos prefixados no mercado.

Tesouro encerrou etapa de leilões extraordinários, diz coordenadora

A coordenadora de operações da Dívida Pública Federal, Márcia Tapajós, disse que o Tesouro Nacional encerrou "a etapa" de leilões extraordinários de recompras na primeira semana de julho e está paulatinamente retomando o calendário de leilões normais de títulos.
"Encerramos os leilões extraordinários, mas o Tesouro permanece atento às condições de mercado, em ação coordenada com o Banco Central (BC). A ação coordenada com o BC tem um efeito muito mais efetivo", afirmou.
Ela enfatizou, no entanto, que não há previsão de novas atuações extraordinárias. "Reduzimos bastante o risco de mercado com essas recompras. Entendemos que o mercado alcançou um novo equilíbrio e não vemos a necessidade de o Tesouro voltar a atuar", avaliou.
A coordenadora lembrou que o ambiente externo apresenta volatilidade há algum tempo e avaliou que não haveria como o Brasil ficar imune por muito tempo, ainda mais em um ano de incertezas eleitorais. "Vimos um repique nos juros desse pacote todo (mercado externo e eleições), mas o Tesouro e o BC agiram de forma bastante diligentes para ajudar os investidores a reprecificarem os ativos", completou.
Márcia explicou ainda que o Tesouro está voltando gradativamente aos leilões de títulos, porém em volumes menores, que devem ir aumentando ao longo do tempo até retornarem ao ritmo anterior.
Ela respondeu ainda que o Tesouro não fará leilões adicionais de NTN-Bs além do que já está programado. "Ainda não retomamos os leilões de NTN-F. Ainda vamos avaliar os leilões desse título", completou.
Os leilões extraordinários realizados pelo Tesouro Nacional para fazer frente às turbulências do mercado nos últimos meses resultaram em uma recompra líquida de R$ 22,042 bilhões de maio a julho. Nesse período, a recompra de títulos somou R$ 24,227 bilhões enquanto a venda chegou a R$ 2,185 bilhões.
Já em julho, o Tesouro Nacional recomprou R$ 3,577 bilhões em títulos e vendeu mais R$ 643,2 milhões, resultando em uma recompra líquida de R$ 2,933 bilhões.
Márcia disse ainda que as operações de recompra de títulos da dívida externa somaram US$ 20,35 milhões em junho e já chegam a US$ 143 milhões nos últimos 12 meses.
"O mercado externo vem tendo comportamento volátil há algum tempo, o que favoreceu as operações de recompra do Tesouro nos últimos meses. São operações que podem ser feitas diariamente sempre que o Tesouro julgar interessante", explicou.