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Mercado de Capitais

- Publicada em 15 de Julho de 2018 às 21:39

Incerteza marcará bolsa no segundo semestre

Papéis acumulavam redução de 4,76% no valor até o mês de junho

Papéis acumulavam redução de 4,76% no valor até o mês de junho


/CRIS FAGA/FOX PRESS PHOTO/FOLHA PRESS/JC
A primeira metade de 2018 não foi das melhores para o mercado de capitais no Brasil. Mesmo abrindo o ano com bons desempenhos, a valorização dos papéis se derreteu até o fim de junho, quando o Ibovespa, índice que reúne as principais ações vendidas na bolsa brasileira, acumulava queda de 4,76%. Parte do terreno vem sendo recuperado em julho (a alta no mês, até a sexta-feira passada, é de 5,27%), mas as perspectivas para o resto do ano são incertas. O motivo é o período eleitoral que, para analistas, determinará o futuro da bolsa - e a deixará bastante instável.
A primeira metade de 2018 não foi das melhores para o mercado de capitais no Brasil. Mesmo abrindo o ano com bons desempenhos, a valorização dos papéis se derreteu até o fim de junho, quando o Ibovespa, índice que reúne as principais ações vendidas na bolsa brasileira, acumulava queda de 4,76%. Parte do terreno vem sendo recuperado em julho (a alta no mês, até a sexta-feira passada, é de 5,27%), mas as perspectivas para o resto do ano são incertas. O motivo é o período eleitoral que, para analistas, determinará o futuro da bolsa - e a deixará bastante instável.
"Quem tem mais perfil de renda fixa e entrar agora na bolsa pensando em curto prazo, acho que não vai ter estômago para isso", argumenta o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller. O cenário mais provável, projeta, é o de dias com altas significativas alternados com quedas expressivas, pouco confortável a quem não é acostumado ao risco.
O determinante é a proximidade das eleições, prato cheio para especulações. Mesmo que presente nas expectativas do mercado há mais tempo, agora é que o quadro começará a se desenhar de verdade, primeiro com a definição dos candidatos até meados de agosto, depois com a campanha e o pleito em si. Sempre em busca de antever os resultados, investidores tendem a reagir a qualquer sinal, seja pesquisa, seja declarações dos candidatos à presidência.
"A bolsa pode reagir bem se os candidatos vistos como pró-mercado despontarem, pode ter um rali. Mas o contrário também é verdadeiro, e pode cair bastante", acrescenta Valter Bianchi Filho, diretor de investimentos da Fundamenta. A preferência dos investidores, segundo ele, é por quem defenda a continuidade de processos de reforma, e movimentos que deem força a esses candidatos tendem a gerar alta nos preços dos papéis.
Fatores externos, a princípio, são vistos em segundo plano para o restante do ano. Associados à deterioração nas perspectivas de crescimento da economia com ápice na greve dos caminhoneiros, guerra comercial entre Estados Unidos e China e a corrida contra moedas de países emergentes ajudaram a derrubar a bolsa em maio e junho. Para o segundo semestre, já não assustam tanto, pelo menos para os últimos meses. "Devemos ter ainda a persistência dos fatores externos negativos, com uma chance de melhora mais para a fase final do ano", projeta Leandro Ruschel, sócio da L&S.
Novas altas dos juros nos EUA, por exemplo, já estariam precificadas. "O mercado financeiro já trabalha com mais duas altas neste ano, já sabe dessa informação. O impacto mais forte será se isso mudar", defende o diretor de renda variável da Monte Bravo, Bruno Madruga, argumentando que, se na prática ocorrer só uma elevação, o mercado brasileiro pode sofrer repercussões positivas. Bianchi acrescenta que a guerra comercial pode passar a jogar a favor do Brasil, caso a China substitua as suas importações dos EUA por produtos de outros países, como o nosso.
Mesmo assim, a sugestão é de cautela para quem tiver um perfil mais conservador, ou a busca por fundos de investimento. Para quem é mais afeito ao risco, há oportunidades de valorização no médio e longo prazo. Uma das apostas recai sobre ações dos bancos, que puxaram a queda em maio e junho. "É um setor em que as ações recuaram muito forte nos últimos meses, e dificilmente terá uma mudança drástica nos fundamentos dessas empresas", comenta o analista da Rico Investimentos, Roberto Indech, que vê a queda como "injustificada".
Müller destaca que pode jogar a favor da bolsa o fato de as ações estarem baratas ao investidor estrangeiro. O Ibovespa ainda está longe de sua máxima de 88 mil pontos em fevereiro, e a valorização do dólar ainda torna os papéis mais baratos na conversão. Bianchi lembra que muitos estrangeiros se desfizeram das ações após a saída de Pedro Parente da Petrobras. "Se entenderem que a política não vai interferir de novo, voltam em peso. Ainda é um ativo barato para o estrangeiro", argumenta.
 

Para os conservadores, recomendação é ter cautela

A sugestão dos analistas para quem investe no mercado de capitais é de cautela para quem tiver um perfil mais conservador, ou a busca, por exemplo, por fundos de investimento. Para quem é mais afeito ao risco, porém, há oportunidades de valorização no médio e longo prazo. Uma das apostas dos analistas recai sobre ações do mercado bancário, que puxaram a queda nos meses de maio e junho. “É um setor em que as ações recuaram muito forte nos últimos meses, e dificilmente terá uma mudança drástica nos fundamentos dessas empresas”, comenta o analista da Rico Investimentos, Roberto Indech, que vê a queda como “injustificada”.
O analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, também defende que há outro fator que pode jogar a favor da bolsa brasileira que é o fato de as ações estarem baratas ao investidor estrangeiro. Não apenas o Ibovespa ainda está longe de sua máxima, os 88 mil pontos atingidos em fevereiro, como a valorização do dólar ainda torna os papeis mais baratos na conversão. “Além disso, nossas empresas melhoraram resultados, a dívida está mais barata, não são as mesmas empresas de 2010. Isso abre oportunidade”, afirma o analista da Geral.
Valter Bianchi Filho, diretor de investimentos da Fundamenta, concorda, lembrando que muitos estrangeiros se desfizeram das ações após a saída de Pedro Parente da Petrobras. “Se entenderem que a política não vai interferir de novo, voltam em peso. Ainda é um ativo barato para o estrangeiro”, argumenta.