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Mercado de Capitais

- Publicada em 09 de Julho de 2018 às 01:00

Governo federal já injetou R$ 233,5 bi na economia

BC começou a agir de forma mais agressiva em maio para conter alta do dólar frente ao real

BC começou a agir de forma mais agressiva em maio para conter alta do dólar frente ao real


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
Em quase três meses de instabilidade no mercado financeiro, o governo injetou R$ 233,5 bilhões na economia. O valor foi obtido com base em comunicados do Banco Central (BC), que tem atuado para segurar o dólar, e do Tesouro Nacional, que tem recomprado títulos públicos para garantir a estabilidade.
Em quase três meses de instabilidade no mercado financeiro, o governo injetou R$ 233,5 bilhões na economia. O valor foi obtido com base em comunicados do Banco Central (BC), que tem atuado para segurar o dólar, e do Tesouro Nacional, que tem recomprado títulos públicos para garantir a estabilidade.

Somente o BC injetou
US$ 54,09 bilhões - o equivalente a R$ 209,27 bilhões pela cotação de quinta-feira da moeda norte-americana (R$ 3,869) - no mercado desde 18 de maio, quando anunciou que atuaria de forma mais agressiva para conter a alta do dólar. Desse total,
US$ 43,44 bilhões (R$ 168,07 bilhões) decorreram de leilões de novos contratos de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro), e US$ 10,65 bilhões (R$ 41,2 bilhões) vêm de leilões de dólares das reservas internacionais com compromisso de recompra, ocorridos na última semana de junho.

Desde o dia 28 de maio, quando iniciou os leilões de recompra, até a última quarta-feira, o Tesouro Nacional readquiriu US$ 24,228 bilhões em títulos prefixados e corrigidos pela inflação de médio e longo prazos. O dinheiro vem do colchão da dívida pública, reserva financeira usada em momentos de instabilidade, que caiu de R$ 575 bilhões para R$ 551 bilhões desde o início do programa de recompras.
Em relação aos swaps cambiais, o levantamento referente ao BC inclui apenas os leilões de novos contratos, não a rolagem (renovação) dos contratos existentes. Desde o dia 23 de junho, a autoridade monetária deixou de ofertar novos lotes, apenas renovando o montante de contratos de swap em circulação, em que troca contratos prestes a vencer por contratos com vencimento daqui a alguns meses.
Criados em 2001, os swaps cambiais funcionam como uma venda de dólares no mercado futuro, que permitem ao Banco Central intervir no câmbio sem queimar reservas internacionais. Nessas operações, o BC aposta que os dólares vão subir mais que os juros futuros. Os investidores apostam o contrário. No fim, ocorre uma troca de rendimentos que resulta em prejuízo para a autoridade monetária caso o dólar aumente mais que os juros.
Nos leilões com compromisso de recompra, o Banco Central, de fato, leiloa dinheiro das reservas internacionais, mas compromete-se a pegar o dinheiro de volta meses mais tarde, quando o mercado financeiro estiver menos conturbado. Atualmente, as reservas internacionais do Brasil somam em torno de US$ 380 bilhões (R$ 1,47 trilhão, segundo o câmbio de sexta-feira.
Em relação aos títulos públicos, o Tesouro Nacional informa que as recompras de papéis - que começaram durante a paralisação dos caminhoneiros - têm como objetivo diminuir a instabilidade no sistema financeiro, fornecer um referencial de preços para o mercado e diminuir o risco de papéis prefixados de prazo mais longo e taxas maiores em circulação.
Normalmente, os investidores que querem se desfazer dos títulos públicos e embolsar os ganhos até o momento os vendem no chamado mercado secundário, no qual os papéis já emitidos pelo Tesouro trocam de mãos. No entanto, em momentos de instabilidade, o excesso de vendedores no mercado secundário faz o preço dos títulos despencar.
Para evitar que os investidores vendam papéis com elevado deságio, o Tesouro Nacional entra no mercado para comprar títulos, pagando preços melhores. Ao atuar no sistema financeiro, o Tesouro também fornece uma referência para o mercado secundário, que terá que oferecer preços mais atraentes para os investidores que querem se desfazer dos papéis. Para o governo, a recompra ajuda, ainda, a retirar do mercado papéis mais afetados pela turbulência financeira, reduzindo o custo da dívida pública para o Tesouro.

Dólar recua 1,63% na sexta-feira e volta a fechar abaixo de R$ 3,90

O dólar à vista chegou a bater em R$ 3,95 na manhã de sexta-feira, mas engatou queda forte na parte da tarde, renovou mínimas mesmo durante o jogo do Brasil com a Bélgica e fechou em R$ 3,8662, queda de 1,63%. Foi a menor cotação desde o dia 28 de junho (R$ 3,8593), garantindo ao real o melhor desempenho ante o dólar entre as principais moedas globais.
Operadores ressaltam que os agentes aproveitaram dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que enfraqueceram o dólar no mundo, para desmontar posições compradas, em movimento de realização de lucros. A sexta-feira marcou o 10º dia seguido sem atuação extraordinária do Banco Central em contratos de swap (venda de dólar no mercado futuro). Com a queda, o dólar reverteu a alta acumulada na semana e acumulou retração de 0,30%.
O bom desempenho das bolsas de Nova Iorque em uma tarde de liquidez reduzida incentivou o avanço do Índice Bovespa, que voltou ao patamar dos 75 mil pontos na sexta-feira. O indicador terminou o dia aos 75.010 pontos, com ganho de 0,61%, no maior nível em dois meses. O balanço da semana passada também foi positivo para o índice, que acumulou ganho de 3,09%. Os negócios somaram R$ 6,784 bilhões na sexta-feira, volume considerado razoável para um dia de jogo do Brasil.
No decorrer da semana passada, os ganhos da bolsa foram obtidos, em grande parte, pelo noticiário corporativo, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora. Nos últimos dias, houve avanços para Petrobras, Eletrobras e Embraer. No caso da fabricante de aviões, o anúncio de entendimento para a criação de uma joint venture com a norte-americana Boeing acabou por derrubar as ações. Na sexta-feira, o papel caiu 1,86%, depois de ter perdido mais de 14% na quinta-feira. Ainda assim, a ação acumula alta de 13,87% em 2018, ante queda de 1,82% do Ibovespa. Em um ano, o papel acumula alta de 50,7%.
As ações da Petrobras terminaram o dia em alta de 0,65% (ON) e 0,45% (PN), e fecharam a semana com ganhos acima de 4%. Os papéis foram beneficiados pelo destravamento do leilão do excedente da cessão onerosa, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) alterou regra que inviabilizava a venda ainda neste ano. Eletrobras ON e PNB avançaram, respectivamente, 0,55% e 0,24%, no dia, e 19,20% e 24,28% no acumulado da semana.