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Turismo

- Publicada em 08 de Julho de 2018 às 23:41

Megatrilha vai ligar cinco estados brasileiros

Projeto inclui trilhas por locais como o Canion Fortaleza no Rio Grande do Sul

Projeto inclui trilhas por locais como o Canion Fortaleza no Rio Grande do Sul


ERNESTO CASTRO/DIVULGAÇÃO/JC
Unir trilhas de cinco estados brasileiros, para dinamizar a economia tanto em regiões urbanas como rurais - uma vez que estes caminhos alimentam uma cadeia que inclui alojamentos, aluguel de equipamentos, roupas e vestimentas, além de guias e serviços de turismo, entre outros -, é um dos objetivos do projeto Caminhos da Mata Atlântica, em execução desde 2013 sob a liderança do WWF-Brasil. Por meio de atividades ao ar livre e da conexão de áreas naturais ao longo de 3,8 mil quilômetros de trilha, o projeto visa, também, à valorização e à conservação do patrimônio natural e cultural, engajando a sociedade na preservação da Mata Atlântica.
Unir trilhas de cinco estados brasileiros, para dinamizar a economia tanto em regiões urbanas como rurais - uma vez que estes caminhos alimentam uma cadeia que inclui alojamentos, aluguel de equipamentos, roupas e vestimentas, além de guias e serviços de turismo, entre outros -, é um dos objetivos do projeto Caminhos da Mata Atlântica, em execução desde 2013 sob a liderança do WWF-Brasil. Por meio de atividades ao ar livre e da conexão de áreas naturais ao longo de 3,8 mil quilômetros de trilha, o projeto visa, também, à valorização e à conservação do patrimônio natural e cultural, engajando a sociedade na preservação da Mata Atlântica.
"Entre as atividades recreativas, o montanhismo, em sua modalidade caminhada em trilhas, foi identificado como uma das atividades mais praticadas no Brasil em uma pesquisa do Ministério do Turismo de 2010", argumenta o analista de conservação do Programa Mata Atlântica e Marinho, Felipe Feliciani. A ideia é que, em 20 anos, a megatrilha, rodeada de natureza, com cenários de floresta e mar, esteja pronta para o turista caminhar, escalar e "passar alguns dos melhores dias da sua vida", explica Feliciani.
O percurso já está nascendo entre cinco estados - Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Deve seguir toda a cadeia montanhosa da Serra do Mar, do Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS) ao Parque Estadual do Desengano (RJ), englobando uma série de locais de grande potencial turístico e de conservação da natureza. O projeto deve fortalecer iniciativas locais voltadas para o turismo sustentável, criando ambiente colaborativo entre os diferentes atores e as novas alternativas de geração de renda a partir de atividades relacionadas. Segundo Feliciani, o principal desafio tem sido identificar as áreas de matas que possam conectar os parques - atualmente, ligados por estradas - e, em paralelo, mapear possibilidades de negócios locais próximos às trilhas existentes. "Atualmente, estamos fazendo estudos para encontrar propriedades particulares localizadas no trajeto - ou próximas ao trajeto. Temos um traçado proposto, mas não é fechado ainda."
Para conectar as trilhas históricas, caminhos e travessias e mais de 70 áreas protegidas federais, estaduais, municipais e privadas - localizadas em 70 municípios dos cinco estados envolvidos -, o trabalho conta com apoio de entidades como a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e Federações de Montanhistas Regionais, além de órgãos estaduais e grupos locais, que vêm capacitando gestores, parceiros e voluntários para fortalecer ações de manejo e promoção do projeto.
"Há muito voluntariado, principalmente do pessoal do montanhismo", destaca Feliciani. Os esportistas têm ajudado no manejo e na sinalização de todas as trilhas envolvidas, a fim de garantir a segurança do público que se propuser a percorrê-las. "O projeto não prevê derrubada de árvores, nem abertura de novas trilhas", ressalta o analista de conservação do Programa Mata Atlântica e Marinho. 

Trajeto permite que uma pessoa percorra a pé grandes trechos em ambiente natural

Roteiros possibilitam a oportunidade de contato com a natureza

Roteiros possibilitam a oportunidade de contato com a natureza


/PROJETO CAMINHO DA MATA ATLÂNTICA/DIVULGAÇÃO/JC
Inspirada na trilha de longuíssimo percurso Appalachian Trail, lançada nos Estados Unidos em 1932, a ideia do Caminho da Mata Atlântica foi apresentada pela primeira vez durante o VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em 2012, quando ainda se chamava Caminho da Serra do Mar, e previa mais de 2 mil quilômetros de trilha. "Com milhares de quilômetros, o trajeto permite que uma pessoa percorra a pé grandes trechos em ambiente natural, conectando diversas áreas protegidas", justifica o analista de conservação do Programa Mata Atlântica e Marinho, Felipe Feliciani.
"Alguns trechos, de 300 quilômetros, podem ser feitos por caminhantes mais preparados. Mas há trechos menores de bate e volta, vinculados a cidades turísticas, que podem ser feitos em um dia ou em um turno apenas, contemplando todos os públicos." De acordo com Feliciani, mesmo aqueles turistas que percorrerem apenas um pequeno trecho terão a oportunidade de contato com a trilha e a sensação de envolvimento com a conservação do bioma.
Um dos pilares mais fortes do projeto é a preservação da Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais diversos e ameaçados do mundo. Feliciani observa que as áreas verdes deste bioma estão muito separadas entre si. "Unir essas trilhas significa possibilitar uma vida mais segura para os animais silvestres, de forma que possam ir de uma trilha à outra sem atravessar a estrada e serem atropelados, por exemplo."
O analista reforça, ainda, que um dos fatores que devem colaborar para a proteção da biodiversidade é conscientizar a comunidade local de que a Mata Atlântica é um dos cinco biomas mais ricos do mundo, abrigando espécies ameaçadas, como o muriqui, a onça-pintada e a anta. "O equilíbrio ecológico, a propagação de sementes e o controle de espécies invasoras são outras vantagens deste trabalho."
Atualmente, o projeto está em fase de sinalização e manejamento de trilhas. "Temos 300 quilômetros sinalizados - na verdade, todos os pequenos trechos - em todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul." No Estado, a estruturação para que se inicie esta parte do trabalho está sendo apoiada, desde o início deste ano, por entidades gaúchas de montanhismo. O projeto reúne mais de 40 instituições nos cinco estados, 300 voluntários engajados em mutirões de sinalização e 2 mil voluntários cadastrados no site do projeto.