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Política Monetária

- Publicada em 27 de Junho de 2018 às 01:00

Greve dos caminhoneiros pode afetar juros

Paralisação em maio prejudicou o abastecimento e elevou preços

Paralisação em maio prejudicou o abastecimento e elevou preços


/EVARISTO SA/AFP/JC
A crise dos caminhoneiros pode fazer o Banco Central (BC) mudar os planos de deixar os juros básicos da economia em 6,5% ao ano por um bom tempo. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, diz que, por causa da paralisação, diminuiu consideravelmente a possibilidade de a inflação ficar muito abaixo da meta de 4,5% neste ano. Como o BC ainda não tem ideia dos efeitos que a greve pode ter em todos os preços da economia, os diretores resolveram não sinalizar quais serão os próximos passos na política de controle da inflação. Assim, deixam sobre a mesa a chance de uma alta da taxa Selic em breve.
A crise dos caminhoneiros pode fazer o Banco Central (BC) mudar os planos de deixar os juros básicos da economia em 6,5% ao ano por um bom tempo. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, diz que, por causa da paralisação, diminuiu consideravelmente a possibilidade de a inflação ficar muito abaixo da meta de 4,5% neste ano. Como o BC ainda não tem ideia dos efeitos que a greve pode ter em todos os preços da economia, os diretores resolveram não sinalizar quais serão os próximos passos na política de controle da inflação. Assim, deixam sobre a mesa a chance de uma alta da taxa Selic em breve.
O BC, entretanto, frisou que, depois desses ajustes nos preços, as projeções devem seguir "ancoradas", ou seja, próximas às metas de inflação fixadas pela equipe econômica. Atualmente, o Copom calcula que ela deva ficar em 4,2% em 2018. Para o ano que vem, o objetivo é deixar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,25%. A estimativa atual da autoridade monetária é que 2019 terá alta de 3,7% dos preços.
Apesar dos impactos da greve dos caminhoneiros, no final de maio, o Banco Central não vê risco para o cumprimento dos objetivos. "Os membros do comitê pontuaram que as diversas medidas de inflação subjacente se situavam em níveis baixos no passado recente e que um ajuste de preços relativos em contexto com expectativas ancoradas poderá acelerar a convergência da inflação para as metas, sem constituir risco para a manutenção de sua dinâmica favorável após concluídos esses ajustes", disse o Copom. "Entretanto julgaram que cabe acompanhar a evolução da trajetória prospectiva da inflação nos médio e longo prazos, além da ancoragem das expectativas de inflação."
Isso quer dizer que a cúpula do BC ainda não sabe o que fazer na próxima reunião: manter os juros estáveis ou voltar a subir a taxa, que está hoje no mínimo histórico.
"Em termos de sinalização futura, todos (os membros do Copom) concordaram que o maior nível de incerteza atual conjuntura recomenda de se abster de fornecer indicações sobre os próximos passos de política monetária", afirmou o BC na ata.
Quando o Copom tomou a decisão de manter os juros, a inflação nos últimos 12 meses era de 2,86%. Depois da reunião da semana passada, o IBGE divulgou o IPCA-15 - que já mostra os efeitos da paralisação. O índice ficou em 1,11% de 16 de maio até a metade deste mês. Foi a maior taxa em 20 anos. Com essa disparada, a inflação em 12 meses chegou a 3,68%.
A greve dos caminhoneiros deve ter ainda impactos sobre o crescimento do País. O BC afirma que ela dificulta a leitura dos dados. Até abril, eles sugeriam que a atividade estava mais consistente, mas os números de junho devem refletir a paralisação. A aposta é que o crescimento terá "ritmo mais gradual" do que o previsto anteriormente.
"A evolução da economia ao longo dos meses de julho e agosto deve indicar com mais clareza o ritmo da recuperação, que pode se mostrar mais ou menos intensa. O cenário básico do Copom contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, embora em ritmo mais gradual que o estimado antes da referida paralisação", disse a ata.
Não é apenas a greve que atormenta a inflação, que também deve sofrer impacto da alta do dólar. Para o BC, o cenário externo está ainda mais desafiador. Há risco maiores de o processo de alta de juros nos Estados Unidos afetar as economias emergentes. Os diretores do BC citaram ainda os possíveis impacto das medidas protecionistas do governo norte-americano sobre o comércio internacional e, consequentemente, o crescimento global. Eles alertaram que os efeitos podem ser maiores, porque o Brasil não andou como o esperado em relação às reformas da economia. Frisaram que a continuidade das reformas é essencial para o País.
O Copom voltou a afirmar que não combaterá a alta do dólar com juros mais altos. Disse que atuará para impedir que a alta da moeda norte-americana reflita em outros preços da economia. Dará o mesmo tratamento visto quando os alimentos caíram de preço fortemente no ano passado, ou seja, o BC não interferirá no preço dos importados, apenas controlará para que não haja um efeito cascata para outros produtos.

Meta de inflação de 3,75% para 2021 confirma tendência de redução gradual

O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu ontem que a meta de inflação para 2021 será de 3,75%, confirmando a tendência de redução gradual, ao longo dos próximos anos, para o objetivo fixado pelo conselho para a variação de preços. No ano passado, o conselho estabeleceu que a meta, que desde 2005 estava em 4,5%, seria de 4,25% em 2019 e de 4% em 2020. Ou seja, o objetivo fixado para 2021 representa uma redução adicional. Na ocasião, a equipe econômica havia falado em "convergência para os padrões internacionais", ou seja, uma média de 3%.
Na decisão desta terça-feira, a banda, ou intervalo de tolerância, também foi mantida em 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, a equipe econômica afirmou que o regime de metas de inflação, criado há 19 anos, está maduro o suficiente para permitir a redução. "A percepção de que a economia brasileira pode conviver com taxas de inflação mais baixas de forma sustentável se manifesta nas expectativas dos analistas de mercado, coletadas pela pesquisa Focus, conduzida pelo Banco Central", afirmou o Ministério da Fazenda em nota divulgada após a decisão.
A pasta citou que a mediana das expectativas do mercado para 2019 e 2020 são de 4,25% e 4%, respectivamente. Ainda de acordo com o texto, a perspectiva da inflação se beneficiou das mudanças na política econômica e da adoção de reformas e ajustes na economia.
"A decisão representa mais um passo para a obtenção, de forma sustentável, de taxas de inflação mais baixas na economia brasileira", disse a pasta na nota. "O regime de metas ganhou maturidade que permite avançar na obtenção de taxas de inflação mais baixas de forma sustentável. A adoção de uma abordagem gradual combinada com a presença de expectativas de inflação ancoradas fazem com que esse processo ocorra de forma suave e sustentada."