Em festa pela aprovação do projeto que facilita o uso de agrotóxicos, deputados da bancada ruralista deram um novo apelido à presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Tereza Cristina (DEM-MS): "Musa do Veneno". Ela ganhou o epíteto, irônico, em jantar na noite de segunda-feira, em um dos restaurantes preferidos dos congressistas em Brasília. A deputada chefiou a comissão que aprovou o Projeto de Lei (PL), chamado pela oposição de "PL do Veneno".
Numa longa mesa em formato de "u", em restaurante à beira do lago Paranoá, os ruralistas comemoraram a vitória com vinho, bacalhau e discursos inflamados. "Nós ganhamos a batalha, mas ainda temos uma guerra", disse Cristina. A batalha começou em maio, quando o deputado Luiz Nishimori (PR-PR), sentado a duas cadeiras da parlamentar, apresentou seu relatório favorável à mudança da legislação de agrotóxicos.
O texto, muito criticado por ambientalistas e entidades de saúde, cria um rito sumário para o registro de agrotóxicos. Também prevê a mudança na nomenclatura do produto, que passa a se chamar "pesticida". Além disso, o Ministério da Agricultura assume o processo de registro dos agrotóxicos. Ainda passa a existir um prazo máximo para que novos produtos sejam analisados pelo governo. Se isso não ocorrer em até dois anos, eles receberão um registro provisório.
Segundo a bancada, as mudanças modernizam as normas do setor. Os deputados dizem que a atual legislação de agrotóxicos está defasada e impede que produtos mais modernos cheguem ao mercado.
Em clima festivo, o jantar dos ruralistas reuniu pelo menos 40 pessoas. Além de parlamentares ligados ao agronegócio, como Valdir Colatto (MDB-SC), Marcos Montes (PSD-MG), Osmar Serraglio (MDB-PR) e Nilson Leitão (PSDB-MT), estavam presentes representantes de entidades como a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e o Instituto Pensar Agropecuário.