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Política Monetária

- Publicada em 13 de Junho de 2018 às 23:46

Alta do juro norte-americano coloca mercados em alerta

Decisão do Fed eleva taxa para intervalo entre 1,75% e 2,0% ao ano

Decisão do Fed eleva taxa para intervalo entre 1,75% e 2,0% ao ano


/FED/DIVULGAÇÃO/JC
O sétimo aumento de juros do atual ciclo de aperto monetário ficou em segundo plano nesta quarta-feira e foi substituído pela atenção ao que o banco central norte-americano (Federal Reserve - Fed) iria comunicar em suas projeções econômicas. As entrelinhas do comunicado divulgado com a decisão de elevar os juros para a faixa entre 1,75% e 2,0% ao ano ganharam destaque dos analistas. Cada palavra foi esmiuçada.
O sétimo aumento de juros do atual ciclo de aperto monetário ficou em segundo plano nesta quarta-feira e foi substituído pela atenção ao que o banco central norte-americano (Federal Reserve - Fed) iria comunicar em suas projeções econômicas. As entrelinhas do comunicado divulgado com a decisão de elevar os juros para a faixa entre 1,75% e 2,0% ao ano ganharam destaque dos analistas. Cada palavra foi esmiuçada.
A dúvida foi respondida pela sinalização de dois aumentos adicionais de juros até o fim deste ano - antes, a expectativa era de mais uma alta, na reunião de setembro. O motivo para a mudança foi uma economia mais forte e uma inflação que ganha fôlego no país.
Em relação ao comunicado de março, quando o Fed aumentou os juros pela primeira vez no ano, a atividade econômica passou a ser descrita como sólida, em vez de moderada.
O Fed afirma ainda que, ao determinar o cronograma e o tamanho de ajustes futuros da taxa de juros, avaliará as condições reais e as esperadas para a economia, tendo em vista seus objetivos para inflação em 2%, com máximo emprego. "Essa avaliação levará em conta uma série de informações, incluindo medidas das condições do mercado de trabalho, indicadores de pressão inflacionária e expectativas para a inflação e leituras dos acontecimentos financeiros e internacionais", diz o comunicado.
A taxa de desemprego, que antes continuou baixa, agora declinou. Os gastos de famílias, que vinham moderados em relação ao quarto trimestre segundo o comunicado de março, agora aceleraram.
A análise, feita por Bruno Braizinha, da área de alocação global de ativos do banco Société Générale, também mostra que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) avalia que aumentos graduais na meta das taxas de juros são consistentes com a expansão sustentada da atividade econômica.
A alta dos juros já era dada como certa pelo mercado. Os dois mandatos do Fed são máximo emprego e estabilidade de preços - a meta de inflação é de 2% ao ano. O nível de desemprego nos Estados Unidos está em 3,8%, menor patamar desde abril de 2000.
Em maio, foram criadas 223 mil vagas de trabalho. Mas o Fed olha também para a possível pressão inflacionária gerada pelo aumento de salários. No mês passado, o crescimento foi de 0,3%, acima do previsto. Também em maio, o índice de preços ao consumidor teve o maior aumento anual em mais de seis anos.
Nas projeções econômicas, além de sinalizar dois aumentos de juros neste ano e três em 2019, o Fed melhorou a perspectiva para o crescimento da economia norte-americana em 2018: passou para 2,8%, ante 2,7% em março. Por outro lado, nenhuma linha foi dedicada às recentes turbulências que afetaram emergentes por causa do fortalecimento do dólar.
 

Ibovespa cai 0,87% com atenções focadas no Federal Reserve e na trajetória do dólar

O Índice Bovespa não ficou imune à forte reação dos mercados americanos depois que o Federal Reserve elevou as taxas de juros dos Estados Unidos e acenou com mais dois apertos monetários este ano. O principal índice acionário da B3 já vinha operando em terreno negativo desde cedo, mas ampliou o ritmo após a decisão do Fed e chegou a cair 2,36%, em linha com a queda das bolsas de Nova Iorque e a alta dos juros dos títulos do Tesouro americano. No fechamento, o indicador se afastou das mínimas do dia e ficou em 72.122,13 pontos, com queda de 0,87%.
Internamente, causou especial desconforto a resistência do dólar no patamar dos R$ 3,71, mesmo após o Banco Central (BC) ter promovido três leilões extraordinários de contratos de swap cambial, num total de US$ 4,5 bilhões. O último leilão ocorreu justamente após o repique da moeda diante da decisão do Fed. Entre os analistas, o clima é de incerteza sobre os próximos passos do BC na busca por conter uma nova escalada da moeda ante o real.
"O dia foi bastante tumultuado, e a semana pode trazer mais agitação, uma vez que temos ainda as reuniões de política monetária do Banco Central Europeu e do Banco do Japão. No Brasil, o que se vê é o Banco Central gastando munição e o mercado de câmbio ainda muito volátil", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
Sete dos 15 dirigentes do Fed veem os juros na faixa de 2,25% a 2,50% no final do ano. Para 2019, há divisão entre duas e três elevações. O Fed também retirou de seu comunicado de política monetária da reunião de junho o trecho em que citava que os juros ficarão abaixo dos níveis esperados para o longo prazo, que constava no comunicado anterior, de maio.
"As perspectivas para os indicadores da economia norte-americana mudaram, e considero que a reação dos mercados poderia ter sido até mais negativas", disse Rafael Bevilacqua, estrategista da Levante Ideias de Investimento. "É um cenário ruim para emergentes, que pode levar os investidores a fazer novos ajustes", disse.
A queda de hoje atingiu as principais blue chips do mercado brasileiro, com destaque para Petrobras ON (-1,37%) e PN (-1,88%), além de Banco do Brasil ON (-1,82%). Na contramão estiveram as ações da Eletrobras, que subiram 5,11% (PNB) e 3,33% (ON), embaladas pela expectativa de que a venda das distribuidoras da estatal ocorra em breve. A alta de Eletrobras contagiou outros papéis de "elétricas", como Cemig PN ( 1,21%) e Copel PNB ( 3,67%).
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Banco Central injeta mais de US$ 4,5 bilhões no mercado

No dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevou os juros e sinalizou que deve haver mais duas altas neste ano - uma a mais que o anteriormente projetado -, o Banco Central injetou mais de US$ 4,5 bilhões no mercado de câmbio para conter a alta do dólar. Tradicionalmente, altas de juros em economias desenvolvidas são má notícia para os emergentes, porque diminuem a diferença entre as taxas dos países, o que tende a fazer com que os investidores canalizem seus recursos para mercados considerados mais seguros. Com a atuação do BC, o dólar fechou perto da estabilidade, com pequena variação positiva de 0,10%, cotado a R$ 3,715. O Ibovespa, contudo, recuou.
Em seguida à decisão do Fed, o BC anunciou um terceiro lote de oferta de swaps cambiais - que equivalem a uma venda de moeda no mercado futuro - no dia. Foram 20 mil contratos, o equivalente a US$ 1 bilhão. Mais cedo, dois leilões já haviam sido feitos, no valor de US$ 3,5 bilhões. Desde que mudou a estratégia de atuação no câmbio, a fim de evitar altas excessivas do dólar, o BC já colocou US$ 13,75 bilhões em contratos de swap no mercado, de um total de US$ 24,5 bilhões que avisou ter disponível para ofertar até sexta-feira. Dessa forma, a autoridade monetária dispõe ainda de US$ 10,75 bilhões para novos leilões.