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Teatro

- Publicada em 12 de Maio de 2022 às 14:19

"A Hora da Estrela" é destaque na programação do Palco Giratório 2022

Laila Garin e Claudia Ventura Leme estão em cena com 'A Hora da Estrela'

Laila Garin e Claudia Ventura Leme estão em cena com 'A Hora da Estrela'


Ariel Cavotti/ Divulgação/JC
Adriana Lampert
O primeiro final de semana da 16ª edição do Festival Palco Giratório contará com atrações que contemplam os três segmentos das artes cênicas. No sábado (14), o espetáculo de dança Se Piscar Já Era, assinado por Rodrigo Vieira (SP), será apresentado no Teatro do Sesc (Av. Alberto Bins, 665), às 19h. No domingo, às 11h, o público terá a oportunidade de assistir Histórias de Circo sem Lona, da companhia Tia Teatro (RS), que ocupará a frente do Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha. Em ambos os dias, também haverá sessões da montagem teatral A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, dirigida por André Paes Leme (RJ). Este último é um dos destaques do evento, que contará com 48 apresentações cênicas de grupos de diferentes regiões do País até o dia 29 de maio.
O primeiro final de semana da 16ª edição do Festival Palco Giratório contará com atrações que contemplam os três segmentos das artes cênicas. No sábado (14), o espetáculo de dança Se Piscar Já Era, assinado por Rodrigo Vieira (SP), será apresentado no Teatro do Sesc (Av. Alberto Bins, 665), às 19h. No domingo, às 11h, o público terá a oportunidade de assistir Histórias de Circo sem Lona, da companhia Tia Teatro (RS), que ocupará a frente do Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha. Em ambos os dias, também haverá sessões da montagem teatral A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, dirigida por André Paes Leme (RJ). Este último é um dos destaques do evento, que contará com 48 apresentações cênicas de grupos de diferentes regiões do País até o dia 29 de maio.
O espetáculo assinado por Leme será apresentado no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n) no sábado (14), às 21h; e no domingo (15), às 18h. Baseado na obra de Clarice Lispector, A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa conta a história de uma retirante nordestina, que migra de Alagoas para o Rio de Janeiro e, nesta jornada, passa por todas as humilhações possíveis. "Ela é uma figura de ingenuidade muito profunda e de uma pureza que faz com que todos ao seu redor tomem ela como uma pessoa muito ignorante, que não é capaz de pensar e falar por si própria", resume a atriz Claudia Ventura.
Macabéa é interpretada por Laila Garin, enquanto Claudia se desdobra em outras vários personagens, como uma tia da protagonista, uma colega de escritório, parceiras de quarto no Rio de Janeiro - as "muitas Marias, balconistas das Lojas Americanas" - entre outras, a exemplo da cartomante Madame Carlota. "São figuras femininas que colaboram para a invisibilidade de Macabéa", explica Claudia. Ela destaca que o espetáculo justamente "joga uma luz" sobre os invisibilizados presentes na sociedade, que a maioria das pessoas é incapaz de perceber - ou, se percebe, ignora.
O elenco ainda conta com Leonardo Miggiorin, que, entre outros personagens, faz o papel do namorado de Macabéa: Olímpico - um homem mau-caráter e ambicioso, que a maltrata. "O romance original de Clarice tem um aspecto muito interessante, que é a narração de Rodrigo, o suposto escritor, que na verdade é a voz da autora, que comenta durante a narrativa como é difícil falar de Macabéa", destaca Claudia, ao adiantar que esta metalinguagem do livro também foi para o palco, na adaptação de Leme. "Há momentos na peça em que Laila, na voz da atriz, comenta sobre como é difícil falar da personagem e questiona porque ela (Macabéa) é assim? Porque não reage?", exemplifica Claudia.
Em cena, Fábio Luna (bateria, flauta transversal e flauta tenor), Pedro Franco (violão, bandolim, cavaquinho e guitarra) e Pedro Aune (baixo elétrico, baixo acústico e tuba) executam a trilha sonora, sob a direção musical e arranjos de Marcelo Caldi. As canções originais são de Chico César. "Tem muito Nordeste na obra sonora, que é muito bem explorada, uma vez que vai do rock ao xote, passando pelo samba", resume Claudia.
"A gente usa a linguagem narrativa - o que torna o expectador ativo, e promove uma relação do ator com o épico (quando o que é dito vai diretamente à plateia) e com o dramático (durante as intepretações)", revela a atriz. "E o cenário, assinado pelo André Cortez, é manipulado pelo elenco, deixando a encenação muito forte. Nada ali é gratuito." A atriz comenta que o processo de criação de A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa ocorreu antes da pandemia de Covid-19. "Ensaiamos por cinco meses, e estreamos em março de 2020. Uma semana depois, tivemos que suspender o espetáculo, por conta do isolamento", recorda. "Até ficar pronta, a montagem exigiu um processo longo, com oito horas de ensaios por dia, seis vezes por semana, para que fosse possível se apropriar da obra de Clarice e trabalhar suas palavras corporalmente."
Segundo Claudia, o espetáculo chegou a ser apresentado em três ocasiões durante o ano passado, em uma versão onde os artistas usaram máscaras e mudaram marcas, para poder executar a encenação com segurança. "Quando voltamos a ensaiar a versão original, percebemos que a peça ganhou uma camada a mais, porque a pandemia serviu como um catalizador para estes seres humanos esquecidos na sociedade e que foram as pessoas mais atacadas pelo pior momento do isolamento pandêmico", comenta atriz. Ela avalia que o romance de Clarice, escrito em 1977, "infelizmente" segue muito atual, e que remete ao contexto do País, "que tem autoridades que nos convidam a nos armar muito mais do que nos sensibilizar".
"É um trabalho que reflete sobre a obra em cena e que convida o expectador a refletir sobre empatia. Nós somos o outro, e inclusive há um conto de Clarice Lispector - Mineirinho - que foi inserido pela Laila no espetáculo (e acolhido por Leme), que fala sobre isso de forma literal", observa Claudia. "Nos convida a dar um copo d´água a quem tem sede, não porque temos o copo d´água, mas porque sabemos o que é ter sede."
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