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ARTES CÊNICAS

- Publicada em 10 de Março de 2022 às 03:00

Honrando o legado de Fernanda Young 'Pós-F' chega ao CHC Santa Casa

Com direção de Mika Lins e interpretação de Maria Ribeiro, 'Pós-F' chega ao CHC Santa Casa

Com direção de Mika Lins e interpretação de Maria Ribeiro, 'Pós-F' chega ao CHC Santa Casa


/MARINGAS MACIEL/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Em meio a tantos discursos marcados pelo conservadorismo e por estereótipos antiquados, debates acerca da polarização, questões de gênero, emancipação e liberdade da mulher se tornam mais importantes do que nunca. Com o intuito de observar o feminino e o masculino em todas as suas potencialidades, a atriz e escritora Fernanda Young decidiu registrar em um livro, chamado Pós-F, o conjunto dos seus pensamentos pessoais, calcados em uma visão de mundo que busca o respeito inquestionável, a sustentação do desejo próprio e o fim das pressões impostas por uma sociedade estruturalmente patriarcal.
Em meio a tantos discursos marcados pelo conservadorismo e por estereótipos antiquados, debates acerca da polarização, questões de gênero, emancipação e liberdade da mulher se tornam mais importantes do que nunca. Com o intuito de observar o feminino e o masculino em todas as suas potencialidades, a atriz e escritora Fernanda Young decidiu registrar em um livro, chamado Pós-F, o conjunto dos seus pensamentos pessoais, calcados em uma visão de mundo que busca o respeito inquestionável, a sustentação do desejo próprio e o fim das pressões impostas por uma sociedade estruturalmente patriarcal.
As inúmeras concepções desenvolvidas por ela, registradas ao longo das mais de 120 páginas, viram agora um espetáculo de teatro interpretado por Maria Ribeiro e dirigido por Mika Lins. A peça, de mesmo nome, serve como homenagem à autora que, no final de 2019, morreu de forma trágica e inesperada vítima de uma crise de asma seguida de uma parada cardíaca. A montagem estará em cartaz no CHC Santa Casa (Independência, 75) nesta sexta-feira (11) e sábado (12), às 20h, e no domingo (13), às 18h. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.
Mika conta que a ideia inicial do projeto veio um pouco antes do falecimento de Fernanda, e que a mesma pretendia estar em cena ao lado de Maria para interpretar e transmitir as mensagens presentes na obra literária. "O convite para dirigir a peça veio bem do nada, e eu topei na hora. Passamos uma semana inteira trancadas dentro de um apartamento para conversar, cortar texto e fazer alterações até chegar no resultado da primeira leitura encenada, que já teve até cenário e figurino. Esse foi o primeiro passo para dar vida ao nosso projeto de teatro."
A notícia da morte, ao invés de interromper os planos do trio, apenas fortaleceu o processo, que a partir deste momento passou a ter também a missão de honrar o trabalho e a palavra da escritora. "Tudo isso nos pegou muito de surpresa, mas, passado o choque inicial, decidimos dar continuidade à peça como uma forma de homenagem. Conversei com o Alexandre Machado, que era casado com ela, e ele topou levar a ideia adiante. Estávamos todos vivendo um momento delicado, mas foi assim que demos vida ao Pós-F", relembra.
Com a chegada da pandemia, logo na sequência, o espetáculo já foi elaborado logo de cara para o ambiente virtual. As gravações da primeira versão aconteceram no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, e agora, para a apresentação presencial, a peça ganhou novos formatos e linguagens. No cenário, desenhos da própria autora e da sua filha cartunista, Estela May, se misturam aos traços de Mika em um móbile que fica suspenso sobre o palco. No chão, há ainda uma lona, também coberta de desenhos e pinturas, e um grande andaime. "É como se fosse um grande galpão criativo das ideias da Fernanda", explica a diretora. A iluminação de Caetano Vilela, em harmonia com o ambiente, entra para dar um clima ainda aconchegante ao palco.
"Maria é uma atriz muito carismática, e ela sempre teve como objetivo transmitir ao público tudo aquilo que a Fernanda gostaria de dizer. Ela cria um personagem que transita entre os seus próprios pensamentos com os da autora, sem cair no espírito da imitação. Os espectadores são sugados pela temática e são convidados a entrar nesse mundo à parte dos pensamentos dela. A peça funciona como uma espécie de imersão."
O espetáculo não apresenta apenas o pós-feminismo, trazendo também para jogo o pós-Fernanda e todo o legado que ela deixou de herança por aqui como recordação. Assuntos como esse, que são abordados na obra, deveriam estar presentes em todos os lugares o tempo todo, defende a diretora. A troca entre gerações é muito importante e é essencial manter a atenção voltada para as constantes transformações do mundo.
"Ela deixou um legado lindíssimo", diz Mika. "Agora, temos a sensação de missão cumprida não só com o trabalho e a história que contamos, mas também com ela e com tudo que a sua existência representa. Para mim, ela foi uma amiga muito profunda, mas infelizmente durante um curto período de tempo. Honrei com esse projeto um desejo pessoal dela. Espero que esteja feliz e satisfeita com o resultado final, independente do plano em que se encontra."
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