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Cultura

- Publicada em 15 de Dezembro de 2021 às 20:55

Exposição no V744atelier explora a efemeridade do espaço urbano

Exposição apresenta obras de André Venzon (foto) e Igor Sperotto em diálogo sobre o ambiente urbano

Exposição apresenta obras de André Venzon (foto) e Igor Sperotto em diálogo sobre o ambiente urbano


IGOR SPEROTTO/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Em meio a um mundo marcado pelo imediatismo de relações, a arte surge como uma espécie de oásis capaz de desacelerar nosso olhar e nosso pensamento. O cenário corriqueiro da cidade, apesar de muitas vezes passar batido, carrega consigo elementos fundamentais para refletirmos a respeito da sociedade em que vivemos. A partir deste domingo, às 17h no V744atelier (Visconde do Rio Branco, 744), o artista visual André Venzon convida o fotógrafo Igor Sperotto para um diálogo sobre o ambiente urbano através de imagens com a exposição Paisagem sem volta.
Em meio a um mundo marcado pelo imediatismo de relações, a arte surge como uma espécie de oásis capaz de desacelerar nosso olhar e nosso pensamento. O cenário corriqueiro da cidade, apesar de muitas vezes passar batido, carrega consigo elementos fundamentais para refletirmos a respeito da sociedade em que vivemos. A partir deste domingo, às 17h no V744atelier (Visconde do Rio Branco, 744), o artista visual André Venzon convida o fotógrafo Igor Sperotto para um diálogo sobre o ambiente urbano através de imagens com a exposição Paisagem sem volta.
A mostra faz parte do projeto Eu convido que convida, desenvolvido por Vilma Sonaglio, idealizadora do recém inaugurado espaço cultural. Neste formato de exibição, ela chama um artista, que também chama outro, para compartilhar o mesmo espaço expositivo, aproximando assim diferentes conceitos e práticas.
Venzon, que iniciou sua trajetória acadêmica e profissional na área da arquitetura, diz que a percepção ambiental e o desenho urbano foram sua principal área de pesquisa antes da mudança de curso na universidade. "Na época eu desenvolvia trabalhos com o empresariado industrial. Esse tipo de paisagem, normalmente em decadência e abandonada, me incentivou a ter uma preocupação com o patrimônio, me aproximando da questão histórica, simbólica e artística das construções."
A falta desse pensamento reflexivo nas disciplinas foi o que motivou sua transferência para o curso de Artes Visuais. "Isso me afastou do curso de arquitetura, mas me aproximou da cidade através do meu pensamento voltado para a arte", explica. Ele conta que já havia tido contato com alguns tipos de trabalhos artísticos, através da construção de maquetes, e que foi exatamente na produção dessas estruturas que descobriu o tapume como material carregado de conceitos. "Ele trazia a ideia de transformação e mudança, além de buscar um olhar crítico e efêmero a respeito da relação que deveríamos ter com a cidade."
Agora com um olhar mais aflorado, Venzon expõe uma coleção de fotografias do seu objeto principal de documentação visual: cerca de 150 imagens de tapumes formam um enorme mosaico em uma das paredes do V744atelier. Além disso, a mostra conta ainda com registros de um corpo totalmente revestido por uma roupa com textura que imita o material em destaque da exposição (Zentai). "É como se o tapume fosse uma pele que reveste a cidade e que, ao mesmo tempo, nos reveste como pessoas. Ele protege ao mesmo tempo que oculta uma identidade em transformação."
Foi a partir desse conceito que o artista propôs o convite para que Sperotto se juntasse a ele. Os dois já haviam trabalhado juntos em 2005 em um projeto embrionário que também buscava estabelecer relações entre o ser humano e o tapume, mas sem tanta sensibilidade quanto a proposta atual. A obra do fotógrafo, intitulada Hotéis no exílio, apresenta retratos de hotéis de Porto Alegre que possuem como característica a sensação de deslocamento duplo. Apesar de estarem situados na capital gaúcha, seus nomes trazem referências a outras cidades e países.
"Os hotéis, assim como os tapumes, são lugares que representam a transitoriedade. Os dois dialogam com a questão da passagem do tempo, trazendo a ideia de impermanência. Isso conversa diretamente com o momento em que estamos vivendo, pois não sabemos ao certo quando a pandemia irá acabar", explica Venzon. O nome da mostra também procura trazer essa ideia de mudança, alertando sobre como as paisagens sofrem transformações e sobre como precisamos olhar para as coisas com mais cuidado e atenção para criar boas memórias.
Além do espaço expositivo físico da galeria, a inauguração da mostra contará ainda com uma performance processional. Na ocasião, farão uma caminhada coletiva, junto ao Zentai, que sai do ateliê do artista visual às 16h30min e vai até o lugar da exposição para abrir oficialmente a mostra.
"Isso permite que o público em geral passe a ter contato com o nosso trabalho, gerando curiosidade em quem cruzar nosso percurso. É um exercício de sensibilidade que acontece muito dentro da arte contemporânea. Vamos propor um convite, de certa forma apelativo, para que nos conheçam", explica.
Paisagem sem volta ficará aberta para visitações gratuitas até o dia 25 de fevereiro, de quarta a sexta-feira, das 14h às 17h. Para agendar horários alternativos é necessário entrar em contato pelo Instagram (@v744atelier). O espaço fará recesso de final de ano entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro.
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