Desde 1996, o argentino Miguel Ángel Gomez ergue a banca de sua livraria na Praça da Alfândega, no Centro Histórico, para participar da tradicional Feira do Livro de Porto Alegre. Neste ano, além de marcar o retorno do público e expositores ao evento (no ano passado a Feira ocorreu apenas no formato online em razão da pandemia), a 67ª edição possui outro acontecimento particular para a Calle Corrientes. Entre os expositores, a livraria é a única representante de publicações estrangeiras do evento e está instalada na área geral na rua Sete de Setembro.
Nas outras edições, os seus livros eram apresentados sempre no pavilhão internacional. Em 2021, ainda para atenuar os riscos de contaminação do novo coronavírus, a Feira ocorre de modo reduzido, o que fez com que o espaço onde costumavam se concentrar os livros estrangeiros ficasse de fora. Conforme a organização, os 56 expositores deste ano representam cerca de 60% da feira realizada em 2019.
A Calle Corrientes, que expõe livros no idioma espanhol e neste ano ocupa a banca n° 41, conta com autores clássicos latinoamericanos como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Eduardo Galeano, Mario Benedetti e Isabel Alliende.
“Tem gente que procura literatura e também há muitos que procuram temas que possuem muita familiaridade com o Rio Grande do Sul, que é a cultura gauchesca, tanto castelhana quanto rio-grandense. Há uma história em comum em razão das fronteiras do Estado com o Uruguai e com a Argentina”, detalha Gomez.
O livreiro destaca a importância do evento para o mercado de livros, em especial, para os comércios de menor porte. “Para um livreiro pequeno, a Feira do Livro é muito importante. Nos últimos dois anos, com a pandemia, as vendas reduziram muito. Eu mesmo, por precaução, mantive a livraria fechada por um bom período. Este evento marca uma retomada”, declara.
A Editora Pradense, representada pelo livreiro Mario Telmo Guerreiro, compartilha da satisfação em ver o retorno da Feira no seu espaço habitual. Porém, lamenta a redução de seu tamanho.
“Sabemos da importância da Feira para a cidade, mas ficamos um pouco entristecidos em vê-la menor. Talvez também por conta da crise e de muitos terem desistido de trabalhar com livros. Esperamos que, no próximo ano, o evento retome a sua grandeza”, declara Guerreiro. Participando da feira há 15 anos, será a primeira vez que a editora não contará com a gestão de seu dono, Ricardo Stefanini, falecido no último domingo (31).
Chuva não afasta visitantes
A chuva fina que caía na Capital não impediu que o público comparecesse de maneira intensa na tarde deste sábado (6). O teto de lona entre as barracas foi suficiente para proteger visitantes e expositores no segundo fim de semana do evento.
Para a assistente administrativa Marta Rosi Souza, o tempo fechado não deixa de ser uma marca do evento. “Feira do Livro sem chuva não existe. Todas as vezes ocorre de chover um fim de semana ou outro. Faz parte da nossa festa também”, declara.
Contente pela retomada no formato presencial, ela aproveitou para levar a sua neta Laura Maciel, de 6 anos, que, pela primeira vez, percorre os corredores das bancas de livros na Praça da Alfândega. “Vou mostrar a ela tudo o que os olhinhos e memória dela conseguirem captar desse momento especial”, complementou a avó de Laura.
Outro novato do evento é o programador Alessandro Gums. Natural de Fortaleza, ele comenta que a primeira impressão da feira é das mais positivas. “Estou adorando. Há uma diversidade muito grande de livros, além de outros espaços interessantes, como o de teatro para as crianças”, relata.
Com o tema "Para ler um novo mundo", a 67ª Feira do Livro de Porto Alegre segue até o dia 15 de novembro, sempre das 12h30min às 19h30min na Praça da Alfândega. Além dos expositores, há sessões de autógrafos diárias e debates virtuais, dentro do formato híbrido adotado pela edição deste ano. A programação completa da 67ª Feira do Livro de Porto Alegre pode ser conferida em feiradolivro-poa.com.br.