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Cultura

- Publicada em 08 de Novembro de 2021 às 19:24

Releitura de espetáculo destaca o olhar trans na plataforma Cubo Play

Discutindo o amor e a tolerância, 'Quando eu me chamar Saudade' estreia nesta quinta-feira (11)

Discutindo o amor e a tolerância, 'Quando eu me chamar Saudade' estreia nesta quinta-feira (11)


Alessandro Quevedo/Divulgação/JC
Lara Moeller Nunes
Criada em um ambiente livre, representativo e acolhedor, a peça Quando eu me chamar Saudade estreia nesta quinta-feira (11) dando voz e espaço para uma comunidade que, até hoje, é marginalizada pela sociedade. Com elenco formado exclusivamente por travestis e transexuais, a obra apresenta uma releitura do espetáculo Avental todo sujo de ovo, escrito pelo dramaturgo cearense Marcos Barbosa. O lançamento acontece através da plataforma Cubo Play, às 20h. Na sexta-feira (12) e no sábado (13), no mesmo horário, outras duas sessões serão exibidas. Os ingressos, disponíveis pelo valor único de R$ 20,00, podem ser adquiridos no site www.cuboplay.com.br.
Criada em um ambiente livre, representativo e acolhedor, a peça Quando eu me chamar Saudade estreia nesta quinta-feira (11) dando voz e espaço para uma comunidade que, até hoje, é marginalizada pela sociedade. Com elenco formado exclusivamente por travestis e transexuais, a obra apresenta uma releitura do espetáculo Avental todo sujo de ovo, escrito pelo dramaturgo cearense Marcos Barbosa. O lançamento acontece através da plataforma Cubo Play, às 20h. Na sexta-feira (12) e no sábado (13), no mesmo horário, outras duas sessões serão exibidas. Os ingressos, disponíveis pelo valor único de R$ 20,00, podem ser adquiridos no site www.cuboplay.com.br.
De forma leve e bem-humorada, a montagem discute o amor e a tolerância a partir da visão de Indienne, uma mulher trans que, 20 anos depois de fugir de casa para conseguir ser ela mesma, decide voltar para reencontrar a família. A história explora e questiona o quanto os seus pais, que dizem ter sentido saudade, estão dispostos a recebê-la como quem realmente é.
Xandre Martinelli, arte-educador e diretor, conta que o interesse pela narrativa surgiu depois de ter assistido o espetáculo original em Brasília durante uma das edições do Palco Giratório Sesc. "Na época, fiquei extremamente impactado com o texto e me questionei muito sobre o porquê da personagem principal não ter sido interpretada por uma mulher que realmente fosse trans. Isso ficou ecoando na minha cabeça durante muito tempo, e a minha vontade era poder mudar aquilo."
Foi através de uma parceria com o produtor Jaques Machado, e com a aprovação através do edital Pró-Cultura RS - Fundo de Apoio à Cultura, que o projeto idealizado por ele se concretizou. "Minha formação é em licenciatura e esse lugar de pensar práticas pedagógicas dentro do teatro sempre foi muito especial para mim, principalmente fora do meio formal de educação. Elaboramos então um laboratório de montagem exclusivamente para travestis e transexuais. Queríamos usar as nossas formações para contemplar pessoas que tinham interesse em atuar, pensando sempre em criar novas oportunidades de carreira. Esse tipo de ação ainda está muito em falta", explica.
O diretor conta ainda que o principal objetivo da iniciativa sempre foi proporcionar um ambiente seguro e de acolhimento para essa comunidade. Além dos ensinamentos técnicos, presentes nos encontros, as trocas pessoais e emotivas também sempre estiveram presentes ao longo do processo: "Queríamos criar um lugar para aprender ao mesmo tempo em que a gente ensinava. Desde a primeira leitura do roteiro, já abrimos espaço para que o elenco pudesse discutir e propor alterações de texto. Isso foi muito importante para que pudéssemos ouvir de fato pessoas trans falando sobre algo escrito por um homem cisgênero. Nossa ideia era tornar a criação coletiva. A junção da arte com a educação foi o que nos norteou".
Além das adaptações, a peça também propôs cenas performáticas com elementos pessoais e individuais do grupo para que o espetáculo ganhasse ainda mais vida. "Essas vivências trazem símbolos e emoções verdadeiras que permitem uma potência muito maior para a narrativa. A presença ativa da história de cada um dos protagonistas também resulta na sensação de autoria e pertencimento", analisa o arte-educador.
Magnólia Xavier, que faz parte do elenco, reforça a importância da criação de projetos como esse: "Estar no meio de um grupo só com pessoas cis, na hora de performar, acaba te fechando de certa forma. Tem todo um aparato social envolvendo essa questão. Por isso, foi tão bom poder participar do laboratório. Ainda faltam oportunidades para que as pessoas trans realmente sejam ouvidas. O preconceito vem de todos os lados. A sociedade precisa ser mais aberta às vozes que estão marginalizadas. A maneira como navegamos pelo mundo deve ser mostrada".
Para Martinelli, é essencial que pessoas cisgêneras que criam e praticam a transfobia passem a consumir produtos artísticos de corpos dissidentes de uma forma humanizada. "É sobre alimentar imaginários e promover oportunidades. O projeto não foi livre de erros e o grupo me ajudou muito a mudar o meu próprio repertório artístico e pedagógico cis centrado. A troca e a confiança criada com o elenco foi muito importante para o resultado final. Nunca livre de críticas e sempre pensando no aprendizado coletivo", finaliza.
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