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Cultura

- Publicada em 26 de Outubro de 2021 às 20:06

Rui Moreira apresenta espetáculo no festival Porto Alegre em Cena

Bailarino e coreógrafo exibe 'Co ês (Com eles)' virtualmente nesta quarta-feira (27), na Cubo Play e YouTube

Bailarino e coreógrafo exibe 'Co ês (Com eles)' virtualmente nesta quarta-feira (27), na Cubo Play e YouTube


MURILLO CORRÊA/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Viajando pelas raízes africanas e explorando a subjetividade dos movimentos corporais, o bailarino e coreógrafo Rui Moreira decidiu contar a história e as memórias de um viajante "andançarino". O trabalho desenvolvido por ele deu origem ao espetáculo Co ês (Com eles), que será exibido virtualmente nesta quarta-feira (27), às 20h, na plataforma Cubo Play e no canal de YouTube do Porto Alegre em Cena.
Viajando pelas raízes africanas e explorando a subjetividade dos movimentos corporais, o bailarino e coreógrafo Rui Moreira decidiu contar a história e as memórias de um viajante "andançarino". O trabalho desenvolvido por ele deu origem ao espetáculo Co ês (Com eles), que será exibido virtualmente nesta quarta-feira (27), às 20h, na plataforma Cubo Play e no canal de YouTube do Porto Alegre em Cena.
A peça, que existe desde 2015, é fruto de um projeto investigativo que teve início em 2004, com a Bolsa Vitae de Artes de São Paulo, sob o nome de Ês quis q'eu isse co ês. O principal objetivo da pesquisa era realizar uma análise estética e social através da religiosidade afro-mineira. Ao longo de suas apurações, no entanto, identificou que as questões da negritude não se limitavam a uma única região do País, mas sim que estavam presentes em todo território nacional e eram muito mais amplas do que imaginava.
A partir disso, decidiu dividir o trabalho em três diferentes nichos. O primeiro deles, chamado Ês quiz (Eles quiseram), transformou-se em uma montagem que apresentava as tradicionais congadas e manifestações de fé. Na sequência, em Q'eu isse (Que eu fosse), o dançarino realizou uma vivência a partir dos pontos de resistência criados pela comunidade negra nas grandes cidades, sempre levando em consideração a exclusão enfrentada.
Como forma de adentrar ainda mais na raiz de sua cultura, Moreira foi até o continente africano para dar continuidade ao projeto. Com o intuito de responder algumas perguntas que surgiram ao longo do processo investigativo, visitou o Senegal e trabalhou na escola de dança de uma grande coreógrafa da região. Ao ter contato com o filho dela, especialista nas danças da diáspora africana, criou o terceiro e último eixo da pesquisa: a peça Co ês (Com eles).
"Nós construímos juntos um trabalho que buscava trazer contemporaneidade ao assunto. Pegamos toda essa questão da expansão da negritude e do êxodo, que gerou uma série de cidadãos escravizados, e abordamos com uma estética completamente moderna. Para isso, trazemos a história de um viajante que, ao longo de sua trajetória, visita diferentes contextos enquanto dança", conta.
A apresentação inaugural do espetáculo aconteceu no próprio Senegal, na praça de uma aldeia local, e a montagem só foi adaptada para o palco quando retornou ao Brasil. Agora, em razão do isolamento e do contexto pandêmico, o bailarino decidiu trazer um novo olhar para a performance. "Senti uma vontade e uma necessidade muito grande de apresentar uma nova perspectiva que pudesse ser lida através da câmera, preservando ainda o conteúdo original. Foi aí que procurei o Luís Ferreirah, um cineasta da nova geração, e juntos levamos o projeto de filmagem para as ruas de Porto Alegre."
A escolha dos cenários, feita de maneira colaborativa, traz espaços que simbolizam a afinidade de ambos com a cidade e a sua relação com a cultura negra. Apesar de Moreira morar na capital gaúcha há apenas cinco anos, suas visitas ao município acontecem desde o final da década de 1970. "Mostramos bastante o Centro Histórico e a região da Pedra Redonda, na Zona Sul, que é um local imantado pelas religiões afrodescendentes. Porto Alegre é uma das cidades com maior concentração de núcleos de manifestação afro, e isso me trouxe uma ligação muito forte e importante com a origem da minha pesquisa investigativa", comenta.
O coreógrafo explica ainda o motivo por trás da pequena quantidade de diálogos ao longo da performance: "Essa relação da dança e da subjetividade do corpo faz com que a gente precise usar muito menos o recurso da fala para comunicar. Na versão de palco, eu até conversava mais, pois o contato com o público era mais direto e eu tinha como criar uma relação de pergunta-resposta. Nesse novo formato, isso é mais complicado, então investimos apenas em alguns áudios em off".
A obra, que venceu o Prêmio Açorianos de Dança na categoria Intérprete Destaque em 2021, integra agora a longa programação do 28º Porto Alegre em Cena, um festival internacional de artes cênicas. "São quase 50 minutos sozinho em cena. Pode parecer difícil, mas meu maior desafio sempre foi não ultrapassar esse tempo, tanto no palco quanto na gravação. O momento é tão prazeroso que dá a sensação de que poderia durar muito mais", finaliza.
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