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Cultura

- Publicada em 17 de Outubro de 2021 às 20:12

Festival Porto Alegre Em Cena passa por transformações nesta edição

'Metaverse' (Reino Unido) está entre as atrações do evento que começa nesta terça-feira (19)

'Metaverse' (Reino Unido) está entre as atrações do evento que começa nesta terça-feira (19)


POA EM CENA/DIVULGAÇÃO/JC
Adriana Lampert
Adequado a fatores externos, que vão desde um orçamento mais enxuto até o conceito de "novo normal" imposto pela pandemia de Covid-19 ainda em curso, o Porto Alegre Em Cena, que começa amanhã, está diferente neste ano. As mudanças passam pela consolidação da interlocução com as artes visuais (processo iniciado em 2020) até o acesso do público aos espetáculos, que - pela primeira vez na trajetória do Festival, que é um dos maiores das artes cênicas da América do Sul - ocorrerá de forma totalmente gratuita.
Adequado a fatores externos, que vão desde um orçamento mais enxuto até o conceito de "novo normal" imposto pela pandemia de Covid-19 ainda em curso, o Porto Alegre Em Cena, que começa amanhã, está diferente neste ano. As mudanças passam pela consolidação da interlocução com as artes visuais (processo iniciado em 2020) até o acesso do público aos espetáculos, que - pela primeira vez na trajetória do Festival, que é um dos maiores das artes cênicas da América do Sul - ocorrerá de forma totalmente gratuita.
Dentre as novidades desta 28ª edição do evento, as atrações transmitidas em redes sociais ficarão limitadas às performances digitais, destaca o curador e diretor-geral do evento, Fernando Zugno. Ele explica que, neste ano, o principal objetivo do Em Cena é estimular que as pessoas voltem a ocupar plateias e palcos dos teatros e centros culturais da cidade.
Em paralelo, a programação faz um convite à reflexão de como a população se relaciona com os espaços urbanos. A exemplo do ano passado, instalações estáticas e performances contemplativas serão realizadas de forma itinerante, viabilizando que o público experimente sensações semelhantes às provocadas pela linguagem das artes visuais.
"Segue sendo um festival de artes cênicas", esclarece Zugno. Ele explica que além das montagens que serão apresentadas em salas de teatro respeitarem todos os protocolos recomendados pelas autoridades, as performances urbanas são uma forma de evitar aglomerações. "Não são peças com início, meio e fim, que exigem que o espectador acompanhe uma história; mas são obras que deixam um rastro de beleza, encantamento e impacto visual e sonoro."
Constituída também por atividades formativas, residências e debates, a programação (divulgada no site do Em Cena) busca alcançar o público já cativo do Festival, bem como a população das diversas regiões da cidade. "Neste ano, voltamos com a Descentralização, ocupando diversos bairros da periferia", destaca Zugno.
O diretor do Em Cena observa que o período de distanciamento social tem sido um grande desafio, com impacto "enorme" tanto na produção - que exige reinvenção adequada ao momento -, quanto na relação com o público, que, sem contato físico, se distancia da imersão e sensibilidade que a arte propõe. Por isso, a programação deste ano instiga "a retomada das emoções", o contato entre as pessoas e obras de arte com estéticas potentes - também por meio de mecanismos tecnológicos, mas transcendendo o vídeo e as lives.
Zugno destaca ainda que o festival acompanha o movimento do teatro contemporâneo, que tem se aproximado cada vez mais dos aspectos visuais e sonoros, via projeções e transmissões ao vivo em ruas e no palco, entre outras formas de uso de tecnologias.
Em contrapartida às obras que se adequam ao "novo normal" e permitem o modelo presencial durante a realização do Festival em 2021, outros trabalhos de artistas e grupos locais, nacionais e internacionais integram o espaço virtual. As montagens apresentadas pela internet poderão ser acessadas pelo site e canal oficial do Porto Alegre Em Cena no YouTube. Já no caso de alguns espetáculos realizados em espaços fechados (Fantasmagória Nº2, Metaverse, Infinitos, Altamira 2042 e Como as coisas chegaram aqui), ainda que não sejam pagos, em função da limitação de lugares, será necessário a retirada antecipada de ingressos pelo site Sympla.
A formatação híbrida e de caráter performático também é uma saída para viabilizar a realização do Festival durante 13 dias seguidos, mantendo o padrão de anos anteriores. Ao contrário de períodos em que a iniciativa contava com cerca de R$ 8 milhões - captados junto à Funarte; Petrobras, Caixa e Braskem, além dos recursos municipais (que já foram de até R$ 2 milhões), neste ano o orçamento do Em Cena beira em torno de R$ 1 milhão.
Desde 2018, o Festival vem sofrendo perdas financeiras, iniciadas com a saída da Petrobras do time de patrocinadores. "Em 2019, o orçamento foi de R$ 2 milhões; e no ano passado ficou em R$ 1,5 milhão", recorda o diretor-geral.
Para piorar, na edição de 2021, o evento teve mais um prejuízo de R$ 500 mil. "Estamos trabalhando pela primeira vez em 20 anos sem recursos da Lei Rouanet", explica Zugno. "Nosso projeto está parado no sistema do governo federal, mesmo tendo sido enviado dentro do prazo habitual. Chegamos a pedir celeridade na análise do projeto, mas não tivemos nenhum retorno."
Outra perda surgiu a partir da decisão da Braskem de interromper o patrocínio do evento, que ocorria através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do sistema Pró-Cultura do Estado. O baque maior desta ruptura respinga nas produções que participam do evento, que, com isso, ficam órfãs de um dos reconhecimentos mais disputados pela classe artística: o Prêmio Braskem Em Cena. Mantida ao longo de 15 anos com uma verba de 50 mil pagos pela empresa com recursos próprios, sem incentivo do governo, a premiação se tornou uma das principais das artes cênicas da cidade.
O Prêmio Braskem também contribuiu para a formação de novas plateias, levando cultura para diferentes regiões da cidade, por meio de ações para facilitar o acesso ao teatro para as pessoas que normalmente não o frequentam. Segundo a diretora de Marketing e Comunicação Corporativa da empresa, Ana Laura Sivieri, a Braskem fez uma "revisão dos projetos alinhados" à companhia.
"Temos um grande desafio que é apoiar a sociedade do entendimento da relevância e a prática da economia circular, por isso, neste momento, estamos focando nossos esforços de comunicação e projetos em ações alinhadas com a agenda global de sustentabilidade", explica. "Neste momento, o nosso foco está neste tema, mas isso não impede que Braskem possa, futuramente, avaliar novas formas de apoio ao teatro local", emenda a Ana.
Em meio a ações restritivas por conta da pandemia e às muitas perdas financeiras, o Em Cena resiste, e manterá o tradicional Ponto de Encontro, de forma online, com transmissão pelo canal do YouTube, diretamente da Fábrica do Futuro.
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