A artista visual Ana Júlia Vilela apresenta seus mais recentes trabalhos na mostra O romance morreu, a partir de sábado (16), na Galeria Ecarta (João Pessoa, 943). Jovem artista de 25 anos, ela é mineira, cursou Artes Visuais em Pelotas, reside e trabalha em São Paulo.
A exposição reúne um conjunto de 30 pinturas inéditas em que a artista reelabora a "morte do romance" em uma iconografia muito própria, transitando entre a abstração e a figuração com formas fluidas e contrastes cromáticos. O convite para expor na Ecarta foi feito ainda em 2019 pelo integrante do Comitê de Curadores Chico Soll. "Os contornos foram se transformando até a concretização atual. O romance foi morrendo, renascendo e morrendo", conta Ana Júlia, confessando sua alegria em estar no Estado, onde fez sua formação.
A mostra gratuita pode ser visitada até 14 de novembro, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. “A exposição se iniciou com um dos meus diários e tem algo de muito particular”, diz Ana Júlia. E reflete: “Entre as afirmações de que a pintura já morreu, do amor romântico estar morto, me interessa investigar nossas emoções em relação a isso, o que para mim se tornou bem evidente no contexto pandêmico é que todos compartilhamos ansiedades, anseios e atravessamos lutos e pequenas mortes. Essas relações se entrelaçam nas pinturas”.
A pintora expõe regularmente em salões e coletivas em diversas cidades do País, como na mostra O som dos olhos, Museu Municipal Casa da Memória (Cajamar, 2012); foi premiada no 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto (2018); recebeu Menção Honrosa na Bienal das Artes Sesc-DF (Brasília, 2018); A morte de uma festa, MARP (Ribeirão Preto, 2019) e Todas as festas de amanhã (São Paulo, 2021).
“O trabalho da artista se posiciona entre a figuração e a abstração. As instalações são uma das tentativas de unificar, de trazer um sentido em tanta multiplicidade”, adianta o curador Chico Soll, que tem sua atuação marcada por investigar a produção de jovens artistas. Ele entende que o mais importante da mostra é que o público crie as próprias relações com as obras.
Ana Júlia faz parte de uma geração cuja cultura de massas, a linguagem da internet e o acesso irrestrito a um vasto campo de imagens e notícias são elementos de criação importantes como as referências adquiridas pela educação formal, experimentando contrastes cromáticos e novos formatos e superfícies.
“As pinturas de Ana Júlia Vilela são crônicas, tanto no sentido médico, relativas a uma duração: são constantes, permanentes; quanto no literário: recortes de um cotidiano, com doses de ficção e realidade, facilmente relacionáveis às experiências do espectador/leitor”, complementa.