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LITERATURA

- Publicada em 22 de Setembro de 2021 às 19:15

Fernanda Poletto estreia na literatura com o livro de poesias 'Nóstureza'

Unindo infância e natureza, autora reflete sobre a educação pautada em versos

Unindo infância e natureza, autora reflete sobre a educação pautada em versos


CRISTIANE CUBAS/DIVULGAÇÃO/JC
Os sete primeiros anos de vida são fundamentais no desenvolvimento de uma criança. Ao unir essa fase tão essencial com o meio ambiente e os processos de aprendizagem, Fernanda Poletto desperta a infância que existe dentro de cada um de nós com a obra Nóstureza (Independente, 90 págs., R$ 62,00).
Os sete primeiros anos de vida são fundamentais no desenvolvimento de uma criança. Ao unir essa fase tão essencial com o meio ambiente e os processos de aprendizagem, Fernanda Poletto desperta a infância que existe dentro de cada um de nós com a obra Nóstureza (Independente, 90 págs., R$ 62,00).
O livro de poemas, que marca sua estreia na literatura, será lançado nesta sexta-feira (24), em evento na Livraria Taverna da Casa de Cultura Mario Quintana Andradas, 736). A celebração terá mesa de autógrafos com a autora, às 16h, e sarau aberto com o grupo musical Grupo Mu, às 17h30min. Os exemplares estarão à venda no local e também podem ser adquiridos através do site www.nostureza.com.br.
Pedagoga, a autora conta que se apaixonou pela área da educação durante a graduação em Turismo, depois de conhecer metodologias alternativas de ensino. Através de muita observação e pesquisa a respeito da natureza e dos sistemas ecológicos e comunitários, constatou semelhanças entre os processos de aprendizagem da criança com os ritmos e padrões encontrados no meio ambiente, criando uma relação direta entre os dois campos do conhecimento. "Me apaixonei pelas possibilidades que se abriram na minha frente. A infância percorre toda a nossa vida e deixa marcas que nos constroem enquanto adultos. É uma fase muito potente e que influencia muito", conta.
Depois de trabalhar durante um tempo diretamente com crianças e adolescentes, Fernanda agora desenvolve seu trabalho na formação de adultos, apresentando a eles novas perspectivas a respeito das ferramentas pedagógicas implementadas nas escolas. "Os primeiros níveis são essenciais e mesmo assim até hoje a educação é desvalorizada nesse período. É por isso que carregamos tantas feridas, o ensino constrói nossa base. Precisamos entender como cada pessoa aprende para, então, desenhar múltiplas aprendizagens. As crianças são como a natureza: únicas e biodiversas."
Guiada pelo desejo de compartilhar sua visão e seus pensamentos com o mundo, produziu através de financiamento coletivo o livro Nóstureza. "Não sabia como expressar todas essas sensações e descobertas a partir dos tipos mais usuais de linguagem. A poesia surgiu exatamente com esse intuito. Ela é muito democrática e sensível em relação à expressão da individualidade e da compreensão de cada um", explica. A autora manifesta ainda a vontade de transpor esse conteúdo em uma linguagem acadêmica, mas ressalta que os versos foram necessários para conseguir acessar um lugar muito mais emotivo dentro da "crosta que envolve os adultos".

Obra aborda aprendizagem infantil e valorização do ato de educar e do ser criança

Obra aborda aprendizagem infantil e valorização do ato de educar e do ser criança


LUDA LIMA/REPRODUÇÃO/JC
Os poemas refletem de forma brincante assuntos que entrelaçam as temáticas sociais, ambientais e educacionais. A revolução na infância, trazida por Fernanda,aborda o respeito com o tempo de ensino e a importância da escuta. "Ouvir com atenção é fundamental. A criança quer ser cocriadora da sua própria aprendizagem, e, para entendermos e facilitarmos esse protagonismo, precisamos ter uma escuta colaborativa, atenta e amorosa. Só assim entendemos quais são suas necessidades e qual é o seu ritmo."
Para ela, o desrespeito que acontece ao longo dessas etapas faz com que nós tenhamos hoje uma sociedade tão insalubre e caótica. "Percebo que a maioria dos problemas sociais vêm exatamente da violência no decorrer do processo. É sobre ter a capacidade e a resiliência de permitir a presença do corpo brincante e maleável no cotidiano. A criança só se sente compreendida quando encontra um adulto com capacidade imaginativa aflorada", reflete.
As aquarelas pintadas por Luda Lima, que intercalam os textos, complementam as páginas do livro mostrando que a poesia não está apenas nas palavras. As ilustrações, que inicialmenteestariam presentes apenas na capa, logo se espalharam para o restante daobra em um processo natural e cheio de sintonia. "Os desenhos vêm muito da minha experiência com a meditação. Eu tento agregar toda essa espiritualidade ao meu trabalho, trazendo os elementos em um estado contemplativo e meditativo", explica Luda.
Fernanda destaca ainda que as memórias da infância têm uma grande potência de desatar nós, resgatando o nosso corpo sensorial e sentidos que por muito tempo estiveram perdidos. "Sempre instigo as pessoas a partir disso. É um ato contínuo de percepção das necessidades do ambiente, ambiente este que também é a criança. Precisamos ter mais biofilia, inserir mais pontos de vida no dia a dia. Isso se faz com incorporação da natureza no espaço em que convivemos", finaliza a autora.