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cinema

- Publicada em 26 de Agosto de 2021 às 17:35

Longa brasileiro 'Lamento' traz pra tela trama com agonia sem fim

Enredo gira em torno dos problemas de Elder (Marco Ricca), que administra hotel herdado do pai

Enredo gira em torno dos problemas de Elder (Marco Ricca), que administra hotel herdado do pai


Nick Maftum/Divulgação/JC
O filme paranaense Lamento endossa aquela máxima de que não há algo tão ruim que não possa ficar pior. Protagonizado por Marco Ricca, o longa de drama pesado estreia em Porto Alegre nesta quinta-feira (26), no Espaço Itaú de Cinema (Túlio de Rose, 80), com sessão diária às 17h20min.
O filme paranaense Lamento endossa aquela máxima de que não há algo tão ruim que não possa ficar pior. Protagonizado por Marco Ricca, o longa de drama pesado estreia em Porto Alegre nesta quinta-feira (26), no Espaço Itaú de Cinema (Túlio de Rose, 80), com sessão diária às 17h20min.
Estreia na direção de longas da dupla Diego Lopes e Claudio Bitencourt, o título esteve na seleção oficial dos festivais de cinema de Brasília, Nashville e Cairo. O enredo gira em torno dos problemas de Elder (Ricca), que administra o Hotel Orleans, herdado de seu pai. Sem perspectiva de uma vida melhor e no seu limite emocional, o protagonista enfrenta o período mais difícil de sua vida e as sérias consequências de suas decisões.
Em suas mãos, o hotel passou de um resort de luxo para um prédio decadente à beira da falência. Ele traz indícios de uma vida que foi privilegiada, mas no auge dos 50 anos ele enfrenta as consequências de uma vida excessiva, com um vício errático em álcool e cocaína. Ele é um empresário mal-sucedido, na vida profissional e pessoal. Impulsivo, viveu uma vida de excessos e não soube administrar sua ações para construir algum tipo de estabilidade. O fracasso profissional reflete em seu casamento, que também está em ruínas, sem perspectivas de salvação. 
Desequilibrado, Elder coloca tudo em risco ao enfrentar seus demônios e os reflexos de suas omissões ao longo dos anos. Uma história que tem nuances dramáticas particulares a muitos núcleos familiares brasileiros. "Eu tive experiências familiares com relação ao alcoolismo, essa vivência me inspirou a querer trabalhar o tema. Conforme a história foi se desenvolvendo fomos abraçando elementos do gênero noir. No filme, o hotel se transforma em uma decadente hospedaria de centro de cidade, e a realidade envolve a prostituição", explica Diego Lopes, roteirista e um dos diretores de Lamento.
Segundo Lopes, o filme foi inteiramente rodado e pós-produzido em Curitiba. "Filmamos somente em locações reais que passaram por uma grande intervenção da equipe de arte para retratar o que vemos no filme. No caso do hotel, filmamos em um hotel real (Guaíra Palace), que estava em funcionamento durante a filmagem. Modificamos completamente a recepção e os dois primeiros andares para o filme, porém todo o entorno é real. O nome do hotel foi modificado assim como a placa da fachada. No caso, escolhemos Orleans pois transparece a pompa que um dia o hotel teve. Hotéis mais antigos de luxo tinham inspiração em nomes franceses", detalha o realizador.
O apego à história do estabelecimento é central para a a trama. Mais do que uma locação, o hotel é um personagem dentro da história e por isso de grande importância para a narrativa do filme. 
"Gosto da palavra Lamento, da suas possibilidades de significado. Podemos ter uma história que é um lamento, ou um lamento por situações que aconteceram e não se pode voltar. Enfim, nos pareceu um título que se adequava a história", comenta o roteirista sobre a escolha da denominação da produção.

Elenco é ponto alto da produção filmada em Curitiba

Veterana Ilva Niño interpreta empregada do Hotel Orleans e é atração à parte em Lamento

Veterana Ilva Niño interpreta empregada do Hotel Orleans e é atração à parte em Lamento


Nick Maftum/Divulgação/JC
O roteiro de Lamento exigia um grande ator para o protagonista. Mas o êxito desse drama não se resume à interpretação majestosa de Marco Ricca. Apesar de ser a estreia em longa dos diretores Diego Lopes e Claudio Bitencourt, eles trabalham com um time e tanto, que soma muito à narrativa: Veronica Rodrigues, Thaila Ayala, Otavio Linhares, Ilva Niño e outros.
"Tivemos muita felicidade no processo de casting do filme. Sabíamos da importância do ator protagonista e do desafio que tínhamos em mão. O nome do Marco surgiu como o ideal para o papel, e o processo foi incrivelmente rápido. Marco além de um ator incrível é uma pessoa fantástica. Ele acreditou no projeto e mergulhou de cabeça no filme", conta Lopes.
Todos os atores estão muito bem em personagens que poderiam ser caricatos, mas ficam na medida em tela. E a veterana Ilva Niño rouba a(s) cena(s), em um papel muito carismático: "Realmente, estamos muito satisfeitos com elenco todo filme, Marco, Thaila mas os talentos de Curitiba como Otavio, Diegho, Renet, entre outros. Todos entregando uma interpretação maravilhosa. Mas ter dona Ilva realmente foi um privilégio, a história dessa atriz é absurda, ela é literalmente um patrimônio da dramaturgia brasileira e uma pessoa maravilhosa. O personagem não foi escrito pensando nela, mas a interpretação que ela trouxe foi mais que especial".
O longa tem uma carga dramática pesada e muito realista, a entrega precisava ser total no set. "É sempre um desafio, mas tínhamos uma ideia muito bem definida do que queríamos alcançar. E trabalhar com atores experientes é maravilhoso, pois o processo fica mais fluído. E se por um acaso somos desafiados (o que aconteceu, e muito), do diálogo saía algo ainda maior e mais interessante para a narrativa do filme. Tivemos ensaio, mas definitivamente não na quantidade que gostaríamos, porém houve entrega total por parte de todos os atores e acredito que isso se reflete no filme", avalia o diretor e roteirista.