Novo filme da cineasta gaúcha Cristiane Oliveira, A primeira morte de Joana terá estreia nacional na Mostra Competitiva do 49º Festival de Cinema de Gramado. A exibição acontece na noite desta terça-feira (17), a partir das 21h30min, na grade linear do Canal Brasil e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo.
Na primeira semana de agosto, o longa foi lançado comercialmente nos cinemas da França, onde recebeu ótimas críticas. A obra surgiu de um desejo da diretora de falar sobre a coragem de ser quem se realmente é, durante um período da vida marcado por turbulências, a adolescência. Um período em que, mesmo diante de possíveis violências cotidianas, enfrenta-se mudanças e experimentações.
O título, que teve sua première mundial no 51º International Film Festival of India, em janeiro deste ano, tem como protagonista Joana (Letícia Kacperski), uma adolescente cuja vida começa a se transformar a partir da morte de sua tia-avó, de quem ela era muito próxima. Isso acaba refletindo também na relação com sua melhor amiga, Carolina (Isabela Bressane). “Gosto de reconstruir o roteiro com os atores. Escalar atrizes que tivessem as idades das personagens me permitiu adequar as falas e as situações com aquilo que elas estavam vivendo de fato naquele momento.”, explica Cristiane sobre o processo de seleção de Letícia e Isabela para o filme que foi o primeiro trabalho com cinema para ambas.
Além de impressionada com a morte em si, Joana também começa a questionar uma história que corre na família: sua tia nunca namorou alguém, nunca se apaixonou. Em sua investigação, Joana parece querer descobrir o segredo da tia para entender o que ocorre com ela mesma. “A morte no filme está relacionada à transformação e como, às vezes, precisamos morrer numa forma de ser para renascer nas nossas lutas e conseguir existir. Um poema do Mário Quintana, que inspirou o título do filme, diz que ‘amar é mudar a alma de casa’. Então há também esse aspecto simbólico da palavra morte, que remete ao momento em que se perde o controle sobre o próprio corpo, quando ele passa a ser ocupado pela lembrança constante de alguém por quem nos apaixonamos”
A primeira morte de Joana traz personagens descendentes dos colonos alemães que se estabeleceram no Sul do Brasil no século XIX. Marcas dessa origem permeiam o cotidiano de Joana e Carolina. E, apesar de situado em 2007, o longa dialoga com o Brasil do presente e seu cenário de retrocesso nas políticas públicas ligadas a gênero e sexualidade.
A obra contou com uma equipe multinacional em várias etapas da produção. A atriz Silvia Lourenço é corroteirista e o roteiro contou com consultoria do diretor português João Nicolau, que prestou consultoria, ao lado dos argentinos Miguel Machalski e Gualberto Ferrari. Cao Guimarães, cineasta e artista visual, participou da fase final como consultor de montagem. A equipe de som conta com o uruguaio Raúl Locatelli, e a direção de arte contou com consultoria da mexicana Nohemi González – ambos trabalharam no filme Luz silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas. A equipe técnica conta ainda com renomados profissionais gaúchos, como o diretor de fotografia Bruno Polidoro, e a montadora Tula Anagnostopoulos, além da diretora de arte Adriana Nascimento Borba.