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Cultura

- Publicada em 09 de Julho de 2021 às 20:01

Novo filme de Karim Aïnouz é aplaudido em sua estreia no Festival de Cannes

'Marinheiro das Montanhas' teve sua primeira exibição mundial nesta sexta-feira (9), como filme convidado da mostra Sessão Especial

'Marinheiro das Montanhas' teve sua primeira exibição mundial nesta sexta-feira (9), como filme convidado da mostra Sessão Especial


SEBASTIEN NOGIER/AFP PHOTO/JC
O longa Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz, teve a sua primeira exibição mundial nesta sexta-feira (9), no Festival de Cannes, como filme convidado da mostra Sessão Especial. Karim abriu a sessão com um discurso em que chamava a atenção para o grave estado em que o Brasil se encontra por conta das ações do governo federal: "Não posso deixar de lembrar que, enquanto estou aqui celebrando com vocês, milhares de brasileiros estão morrendo por absoluto descaso deste governo fascista na condução da pandemia. A democracia brasileira respira por aparelhos. Parece que falar do Brasil hoje é falar de um ente querido que está entre a vida e a morte".
O longa Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz, teve a sua primeira exibição mundial nesta sexta-feira (9), no Festival de Cannes, como filme convidado da mostra Sessão Especial. Karim abriu a sessão com um discurso em que chamava a atenção para o grave estado em que o Brasil se encontra por conta das ações do governo federal: "Não posso deixar de lembrar que, enquanto estou aqui celebrando com vocês, milhares de brasileiros estão morrendo por absoluto descaso deste governo fascista na condução da pandemia. A democracia brasileira respira por aparelhos. Parece que falar do Brasil hoje é falar de um ente querido que está entre a vida e a morte".
O cineasta afirmou que o mundo precisa agir urgentemente para frear este governo cuja maior especialidade é destruir e matar deliberadamente. "Além das mais de 500 mil mortes com a Covid, muitas outras vidas foram perdidas por responsabilidade direta desta necropolítica. Como acontece em governos autoritários, os artistas, a ciência e as universidades públicas foram os primeiros a ser atingidos. A produção cultural em todo o País está quase totalmente paralisada, em um ato calculado de destruição imposto pelo governo federal. Hoje, o cinema brasileiro e toda a sua imensa cadeia produtiva enfrentam o desafio de sobreviver neste cenário”, disse o diretor após uma emocionada reação da plateia, que aplaudiu o filme por 15 minutos.
"Uma emoção gigante ter tido essa recepção e esses encontros que tivemos aqui hoje. O que eu poderia esperar mais de um filme do que isso? A recepção foi de um calor maior do que o calor de Fortaleza, ressaltou o cearense. 
A trajetória de Karim é marcada pelo Festival de Cannes, responsável por sua estreia com Madame Satã (2002) e pelas aplaudidas sessões de O Abismo Prateado (2011), na Quinzena dos Realizadores, e A Vida Invisível (2019), vencedor de Melhor Filme na mostra Un Certain Regard. É simbólico que o novo projeto – assumidamente autobiográfico – tenha seu lançamento no festival. 
Marinheiro das Montanhas é um diário de viagem filmado na primeira ida de Karim à Argélia, país em que seu pai nasceu. Entre registros da viagem, filmagens caseiras, fotografias de família, arquivos históricos e trechos de super-8, o longa opera uma costura fina entre a história de amor dos pais do diretor, a Guerra de Independência Argelina, memórias de infância e os contrastes entre Cabília (região montanhosa no norte da Argelia) e Fortaleza, cidade natal de Karim e de sua mãe, Iracema. Passado, presente e futuro se entrelaçam em uma singular travessia. 
Marinheiro das Montanhas é um filme íntimo, talvez seja o meu primeiro filme. O filme que sempre sonhei em fazer e que só consegui realizar muitos anos depois. Essa história de amor entre os meus pais habitou meu imaginário desde que me entendo por gente e de alguma forma transformá-la em filme foi o que me levou para o cinema”, contou Karim, cujo processo de criação se deu durante a pandemia, quando se debruçou sobre o material filmado em janeiro de 2019, época em que realizou pela primeira vez a travessia de barco pelo Mar Mediterrâneo para Argélia e seguiu até as Montanhas Altas no norte do país.
O longa é todo narrado por Karim, que lê uma carta para a sua mãe, já falecida, transformada aqui em uma companheira imaginária de viagem. Enquanto relata e comenta episódios da jornada, ele reativa memórias familiares e revela os muitos sentimentos contraditórios que marcam o seu percurso.
Do susto no desembarque – quando, pela primeira vez na vida, não precisa soletrar o nome – até a chegada na Cabília em uma aldeia onde seu pai nasceu e foi criado, o diretor revela impressões e sentimentos com extrema franqueza. “Com Marinheiro das Montanhas, quis correr o risco de que a maturidade e a experiência me permitem. Antes de tudo, um risco artístico ao me distanciar do que sei, abrindo o projeto ao inesperado. O risco também de me ver enfrentando minhas origens”, analisa Karim.
O longa é uma produção da VideoFilmes, com coprodução da Globo Filmes, Globo News, em associação com MPM Film, Big Sister, Watchmen e Cinema Inflamável, e distribuição da Gullane. Marinheiro das Montanhas conta ainda com a colaboração do Projeto Paradiso, iniciativa filantrópica que, através do programa Brasil no Mundo, apoia a participação do filme na 74ª edição do Festival de Cannes.
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