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Cultura

- Publicada em 11 de Julho de 2021 às 13:00

Ópera de um ato com ineditismo e ousadia estreia no Theatro São Pedro

Daniel Germano e Angela Diel em 'Operita Violoncello', com encenação assinada por Jacqueline Pinzon

Daniel Germano e Angela Diel em 'Operita Violoncello', com encenação assinada por Jacqueline Pinzon


MARIANA ALVES/JC
Uma das aguardadas estreias da temporada erudita em Porto Alegre há mais de um ano, Operita Violoncello teve sua temporada adiada devido à pandemia. A estreia no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº) ocorre nesta terça-feira (13), com apresentações até quinta-feira (15), em diferentes horários. A retirada de ingressos pode ser feita na recepção do Multipalco, mediante doação de 2 kg de alimento, a partir de terça-feira, das 13h30min às 18h. Não há limite por pessoa.
Uma das aguardadas estreias da temporada erudita em Porto Alegre há mais de um ano, Operita Violoncello teve sua temporada adiada devido à pandemia. A estreia no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº) ocorre nesta terça-feira (13), com apresentações até quinta-feira (15), em diferentes horários. A retirada de ingressos pode ser feita na recepção do Multipalco, mediante doação de 2 kg de alimento, a partir de terça-feira, das 13h30min às 18h. Não há limite por pessoa.
A ópera de câmara em um ato composta e regida pelo maestro Arthur Barbosa, com libreto de Álvaro Santi, tem como tema central o violoncelo. A montagem traz à cena um elenco renomado, protagonizado pela mezzo-soprano Angela Diel, pelo baixo Daniel Germano e pelo bailarino e coreógrafo Raul Voges, além de um conjunto de dez violoncelistas, um percussionista e duas bailarinas/atrizes, Pâmela Manica e Janaína Nocchi.
Conduzindo este elenco, está a a atriz e diretora teatral Jacqueline Pinzon. "Na verdade, me defino como encenadora" e enfatiza: "Para mim, encenar é propor. É realizar uma escritura no espaço e no tempo, a qual se configura a partir do uso criativo da linguagem da cena. Todo encenador faz isso, independentemente da pré-existência de qualquer material, seja ele musical ou dramatúrgico". 
Jacqueline narra que, ao tomar conhecimento da trama, a achou ousada e original, "pois se mostrava uma ópera em que as instâncias cotidianas e fantásticas, digamos assim, conviviam lado a lado". Na narrativa, a protagonista, Angela Diel no papel de Maria, uma violoncelista de reconhecido talento, está em turnê internacional. Maria é permanentemente enamorada de seu Violoncelo - o qual assume, em alguns momentos, a forma humana, personagem desempenhado por Raul Voges.
Durante a viagem, a protagonista conhece um rapaz jovem e atraente, Juan, papel de Daniel Germano. Juntos, Maria, Juan e seu Violoncelo passam a compor um triângulo amoroso. "Acredito que este romance é, no mínimo, uma história inusitada: uma mulher, um homem e um instrumento, na ocasião, isto me intrigou. Como eu deveria montar a cena com um violoncelo em forma humana? Como mostrar tal detalhe para o espectador de forma que não fique óbvio, mas fique evidente? E muitas outras perguntas se impuseram para mim... Encenar estas relações, sem cair no lugar-comum, me parecia um desafio", comenta a diretora.
Ela revela que, sendo admiradora de Arthur Barbosa, sabia que o material musical seria de primeira, e topou sem nem ao menos ouvir uma nota. "Uma ópera, do ponto de vista de sua montagem, se constitui num intrincado quebra-cabeças que me exige muita atenção. Como encenadora da Operita, busco imprimir uma expressão audiovisual por meio da qual possa deixar certos espaços, clareiras de significado e interpretação para o espectador olhar e resolver. Não que me furte a contar a história, mas não revelo todos os particularidades de imediato, vou com calma, no andamento da música, por assim dizer."
Para a atriz, encenar Operita Violoncello é "jogar alguma luz (ou mesmo alguma sombra) sobre algo que já está lá e que talvez não tenha ainda se dado a ver ou sentir. Porém, encenar esta ópera pode ser, igualmente, escolher um caminho original e impensado para viabilizar o encontro entre o espectador e a obra".
A função de encenadora, segundo Jacqueline, foi tornar cena as ideias, imagens e sensações que lhe ocorreram quando teve contato com a música de Arthur Barbosa e o libreto de Álvaro Santi. "O caminho que adotei foi ler o libreto, me irmanar e, ao mesmo tempo, me libertar dele. E, em relação à obra musical, tratei de ouvir muitas vezes, ou mesmo decorá-la e, a partir do que a composição de Arthur Barbosa me causava enquanto sensação, tratei de criar imagens que traduziam esta impressão que a obra me despertou."
Conforme a atriz, Operita Violoncello trata do amor da artista, com seus excessos e escolhas, sejam na arte, sejam na vida: "O que estamos contando é a história de um triângulo amoroso inusitado entre uma musicista, seu instrumento e seu namorado. E eu, como artista, estou encenando meu ponto de vista acerca do belo libreto de Álvaro Santi". Neste contexto, Jacqueline escolheu enfatizar o amor e a sensualidade criando cenas de envolvimento sexy entre os personagens: "De maneira que acho importante e atual o fato de a protagonista ser uma mulher mais madura e livre, que se envolve com um rapaz mais jovem".
Durante o processo, a encenadora procurou ter um bom diálogo não só com a equipe ("o que é fundamental"), mas consigo mesma: "Reorganizando e reconfigurando, a todo o momento, meu trabalho criativo". Por isso, a artista considera que a palavra "montagem" traduz bem o que pensa da encenação. "Gosto de pensar em meu trabalho como algo vivo e dinâmico, que não se esgota quando se plasma em uma cena, mas que se renova, se amplia e se engravida a todo momento de novas possibilidades. Assim, não só nos ensaios, mas principalmente nestes, junto à equipe, procurei somar iniciativas criadoras que contribuíssem para a melhor tradução para a cena daquilo que tinha em mente ou daquilo sobre o qual não tinha a menor ideia", explica.
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