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Cultura

- Publicada em 22 de Junho de 2021 às 21:17

'Revoage' é a segunda mostra do ano na Fundação Força e Luz

Processo criativo dos artistas em seu atelier para a confecção das obras

Processo criativo dos artistas em seu atelier para a confecção das obras


Erick Peres/Fundação Força e Luz/Divulgação/JC
Inaugura nesta terça-feira (22) a exposição Revoage, estreia do duo formado pelos artistas visuais Santiago Pooter e Erick Peres e segunda mostra do ano na Fundação Força e Luz, antigo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1.223). A visitação vai até 24 de julho, de terça-feira a sábado, das 10h às 19h. Já para uma visita mediada com os próprios artistas é só se inscrever através de formulário com link na bio do Instagram da instituição (@cccev_cultura). A entrada é franca.
Inaugura nesta terça-feira (22) a exposição Revoage, estreia do duo formado pelos artistas visuais Santiago Pooter e Erick Peres e segunda mostra do ano na Fundação Força e Luz, antigo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1.223). A visitação vai até 24 de julho, de terça-feira a sábado, das 10h às 19h. Já para uma visita mediada com os próprios artistas é só se inscrever através de formulário com link na bio do Instagram da instituição (@cccev_cultura). A entrada é franca.
Criado do encontro entre a vila e o Centro, o duo - de mesmo nome Revoage - traz em seu trabalho o cotidiano periférico como objeto de uma pesquisa antropológica dos artistas sobre suas percepções, origens e influências estéticas. Nascidos em bairros pobres de Porto Alegre (Santiago na Restinga e Erick no Ipê 1), eles unem elementos formativos como o rap, o funk, o samba, o pixo, com o desejo de estar bem trajado, portando Nike, Lacoste e cabelo na régua.
A autoestima da periferia e a afirmação da necessidade de acessar os centros das capitais, sem hierarquias, percorre todo o trabalho e está representada nas mais diversas linguagens como instalação, desenho, projeções e pinturas expandidas, que representam essa mixagem de elementos presentes em suas realidades.
O conceito trabalhado pelo duo Revoage conversa diretamente com uma das tendências mais populares da atualidade, a chamada “Estética Brasileira”. Ou seja, aquilo que era visto como perfil criminoso e marginalizado (cabelo loiro pivete, camiseta de time, boteco da esquina, cigarro avulso, tatuagem tribal, etc) virou moda. Isso em paralelo a outra tendência de mercado, o NFT, calcada nas camadas mais elitizadas, como colecionadores e apreciadores de tecnologia.
O que poderia ser um choque cultural caminha para uma convergência entre classes. Já que não é apenas um apelo estético, mas um paradoxo entre crítica e celebração. Esse é justamente o objetivo de Santiago e Erick, mostrar símbolos que fazem parte do cotidiano de todos, delírios de consumo e status, que evidenciam o caráter dual da linha entre classes, marcado pela globalização do mercado.
Essa profusão de símbolos é o que o duo escracha como forma de expressão individual que se funde ao contexto coletivo. É possível notar esse jogo entre o que é intelectual e marginal, entre rico e pobre, na instalação principal da mostra, um painel de 5m de comprimento que remonta o conceito de Aby Warburg no Atlas Mnemosyne; porém, numa cartografia de símbolos pop, como adesivos de desenhos animados. 
Seguindo, também, as linhas da inovação no ecos(sistema) da arte, os artistas criaram uma instalação com monitores reproduzindo gifs em NFT “Non-Fungible Token” - chave eletrônica criptográfica usada de forma única - onde “token” significa o nome do registro de um ativo em formato digital, e “não fungível” é algo não perecível e original. A obra precisa ser um objeto digital, como um print da tela do celular, uma imagem ou um gif. E isso diz muito sobre a criação dessa criptografia, que surge para diferenciar as réplicas da peça original.
Portanto, o dono de um NFT é dono de uma espécie de certificado de propriedade intelectual, que garante a autenticidade e unicidade da obra. Artistas de todo o mundo estão criptografando os certificados de propriedade de suas obras e comercializando-os ao invés da própria obra. Já que tudo isso concede ao comprador a garantia de originalidade e ao autor a possibilidade de faturar valores indefinidos.
Na arte do Revoage, que se utiliza de materiais simples e extremamente simbólicos, está a obra Maçã verde, que é uma colagem de latas de cerveja Heineken, uma caixa de sapatos da Lacoste, MDF e gesso.
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