Protagonizado por Juliette Binoche, o filme A boa esposa (FRA, 2020, 109 min.) levou mais de 600 mil espectadores aos cinemas da França após a reabertura das salas de cinema naquele país, em junho de 2020. Agora, a comédia dirigida por Martin Provost chega às salas brasileiras, com estreia nesta quinta-feira (17).
No longa, Paulette (Binoche) dirige, junto com o marido, a Escola Doméstca Van Der Beck, que ensina jovens mulheres a serem boas esposas e donas de casa, cumprindo com elegância e eficiência seus deveres matrimoniais. Seu mundo estável é abalado pela morte repentina do marido - que, ao mesmo tempo, a leva a descobrir que sua escola está em situação financeira muito pior do que imaginava. Nesse turbilhão, potencializado pelos ares de liberdade feminina de maio de 1968, Paulette reencontra seu primeiro amor, e passa a questionar, ao lado de suas animadas alunas, a rigidez com que conduzia sua vida até então.
Exibido no Festival Varilux de Cinema de 2020, A boa esposa traz um tema recorrente nos filmes de Martin Provost: a emancipação feminina. A escolha por ambientar a história nos dias fervilhantes de 1968 não foi nada casual, uma vez que os eventos de maio daquele ano foram decisivos para o processo de empoderamento das mulheres na França.
Até 1965, por exemplo, as mulheres eram consideradas legalmente submissas a seus maridos, precisando de sua atualização para abrir uma conta bancária ou trabalhar fora de casa. Entre outros desdobramentos, os eventos de maio de 1968 precipitaram o fim das escolas domésticas, muito comuns até então e que, no começo dos anos 1970, desapareceram.