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Cultura

- Publicada em 25 de Maio de 2021 às 20:51

Médica lança romance sobre capacidade das mulheres superarem traumas

Porto-alegrense Gabriela Coral apresenta 'Teresas de Itapuã' em live no dia de seu aniversário

Porto-alegrense Gabriela Coral apresenta 'Teresas de Itapuã' em live no dia de seu aniversário


GUSTAVO FLORÊNCIO/LIBRETOS/DIVULGAÇÃO/JC
Após um longo período de trabalho, com a escrita paralela ao exercício da Medicina, a porto-alegrense Gabriela Coral apresenta seu primeiro romance, Teresas de Itapuã (Libretos, 200 págs., R$ 40,00), com trajetórias de personagens que foram parar no Hospital Colônia Itapuã. Em uma comunidade isolada e dividida entre doentes e sadios, a narrativa acompanha a vida de Maria Teresa e Ana. 
Após um longo período de trabalho, com a escrita paralela ao exercício da Medicina, a porto-alegrense Gabriela Coral apresenta seu primeiro romance, Teresas de Itapuã (Libretos, 200 págs., R$ 40,00), com trajetórias de personagens que foram parar no Hospital Colônia Itapuã. Em uma comunidade isolada e dividida entre doentes e sadios, a narrativa acompanha a vida de Maria Teresa e Ana. 
O lançamento da obra ocorre nesta quarta-feira (26), dia do aniversário da autora nascida em 1972, às 19h, na Sala Libretos no Facebook/libretoseditora, com reapresentação na sexta-feira, no mesmo horário, no YouTube (libretos100). A live reúne Gabriela, Anna Mariano e Clô Barcellos em bate-papo sobre a construção da narrativa.
A simbologia encontrada pela autora, ao tratar o convívio entre pacientes com hanseníase na década de 1950 e 1960, faz o leitor entender e respeitar o confinamento imposto na época, em uma separação do mundo em polos opostos. "Foram muitas as Teresas que atravessaram o pórtico do Hospital Colônia Itapuã, moraram em suas casas geminadas, frequentaram suas duas igrejas, dançaram no pavilhão de diversões ou namoraram na praça do chafariz. Esta é a história de duas delas - Maria Teresa e Ana - cozinheira, uma; estudante de Direito, a outra. Mulheres com passados diferentes unidas pelo estigma da hanseníase e pela admirável capacidade de adaptação do ser humano. Uma afirmativa surpreendente contendo duas palavras à primeira vista incompatíveis - felicidade e leprosário - levou Gabriela Coral a mergulhar no mistério de um universo paralelo, dividido pela barreira da incompreensão e do medo, onde, no entanto, era possível ser feliz", destaca a escritora Anna Mariano na contracapa.
"Admiro a Anna Mariano, uma grande escritora gaúcha. Eu já a conhecia pessoalmente, o que facilitou o contato. O texto dela na contracapa é uma tradução de sua competência e sensibilidade. Chorei de emoção quando recebi", diz Gabriela.
Do exercício da Medicina, a agora escritora avalia que a escuta atenta aos pacientes e a empatia foram determinantes para o romance. Um dia, ela ouviu de uma paciente sobre o Hospital Colônia Itapuã: "Fui muito feliz lá dentro". A frase a intrigou e a moveu a escrever: "Uma paciente me inspirou, mas a história é inteiramente fictícia, embora tenha sido baseada em fatos reais (internação compulsória no leprosário)".
Foram cerca de 15 anos entre a ideia, a pesquisa, a criação dos personagens e o enredo. "Sempre me dediquei muito à Medicina, então fui escrevendo devagar, nos finais de semana, e mesmo assim, somente quando não estava trabalhando. Ao decidir mostrar para a editora, foram mais três anos de trabalho. As contribuições foram valiosas sob o ponto de vista da construção da narrativa, que, aliás, será tema da live do lançamento", completa.
A autora afirma ser observadora, gostar muito de estudar o aspecto psicológico do ser humano e compreender rapidamente as dinâmicas familiares. "A alma humana me fascina. Quando entrei na Medicina, a ideia era fazer Psiquiatria, mas no meio da faculdade me identifiquei muito com a hepatologia. Minha atenção à saúde do paciente é integral, levo muito em consideração seus hábitos, escolhas de vida, emoções e sentimentos para que possa fazer uma boa relação médico-paciente e indicar o melhor tratamento."
Gabriela concorda que a temática feminina é central na obra: "A força das mulheres, a superação dos traumas de infância e, principalmente, o amor são o que move as personagens principais. Vivências e escutas ao longo destes anos me inspiraram. As mulheres estão mais atentas aos seus próprios dilemas, e a literatura nos reúne em uma voz coesa". Como influências literárias para o romance, ela cita Leticia Wierzchowski, Anna Mariano e Isabel Allende.
Conversando com esta característica, a capa da publicação traz uma obra de Gildásio Jardim, do Vale do Jequitinhonha. Ele retrata lembranças de sua infância e imortaliza sua gente e seus hábitos cotidianos. "Estávamos à procura de uma capa que representasse o título e a história. Incialmente, claro, pensamos no leprosário, em Itapuã", explica Gabriela. "Porém, a Clô Barcellos, editora da Libretos, encontrou a imagem ideal assistindo a um programa na televisão (Arte 1) onde viu as pinturas em 3D feita em telas com tecido de chita de Gildásio Jardim. Ela buscou contato com o artista, escolheu dentro do seu catálogo a mais adequada e me consultou. Aceitei prontamente, pois além de ser uma pintura bonita e forte, ocorreu uma sincronicidade. No mesmo dia em que ela viu o programa, antes de falar comigo, tinha ido fazer a minha foto (para a aba do livro) com um amigo e, embora tivéssemos planejado outro local para a imagem, acabamos escolhendo um cenário com flores (e também coincidentemente estava com uma blusa verde com flores); minha fotografia ficou bem parecida com a capa... Trata-se ali de uma mulher com olhar decidido, onde figura e fundo são os mesmos, como se a realidade de Teresa e seu entorno fossem um bloco uniforme."
Formada em 1996, especialista em Gastroenterologia e Hepatologia, com doutorado na USP, a autora publicou contos na Antologia de contos 2 (1992), da oficina de criação literária de Sérgio Côrtes, Alquimia da palavra. "Meu interesse pela literatura vem desde a infância, sempre tive este sonho. Brincava em cima de uma árvore imaginando que era minha casa e que tinha uma biblioteca enorme. Recebia meus convidados e lhes entregava meus livros... Na adolescência, tive um diário e escrevia muitos poemas. Até pensei em fazer jornalismo, viver de escrever. Acabei optando pela Medicina em 1991, naquele ano ocorreu uma greve das universidades federais. Foi a oportunidade para fazer a oficina. Mas achei que não conseguiria me dedicar à faculdade e à literatura ao mesmo tempo."
A veia e a vontade literária sempre estiveram presentes, segundo ela, mas não encontrava tempo para se dedicar, pois fez residência, mestrado, doutorado e concurso para professora: "Estas atividades cerceiam a gente e não podemos perder o foco. Por outro lado, há anos os personagens de Teresas de Itapuã estão em meus pensamentos".
Gabriela conta que alguns leitores já se adiantaram ao lançamento e devoraram o livro em um dia: "Vários estão pedindo um segundo, o que já estava em meus planos". O lançamento Teresas de Itapuã está à venda nas livrarias e pelo site www.libretos.com.br.
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