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Cultura

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:09

Acordeonista Luciano Maia comenta lançamento do álbum 'Dois Rios'

Lançado nas plataformas digitais em maio, disco tem nove faixas autorais trabalhadas durante o período de distanciamento social

Lançado nas plataformas digitais em maio, disco tem nove faixas autorais trabalhadas durante o período de distanciamento social


LUCIANO MAIA/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Liberdade e renovação. Esses foram dois dos elementos almejados pelo acordeonista gaúcho Luciano Maia no processo de criação do seu novo disco instrumental. Lançado nas plataformas digitais em maio, o álbum Dois Rios reúne nove faixas autorais que nasceram ou foram resgatadas durante o período de distanciamento social.
Liberdade e renovação. Esses foram dois dos elementos almejados pelo acordeonista gaúcho Luciano Maia no processo de criação do seu novo disco instrumental. Lançado nas plataformas digitais em maio, o álbum Dois Rios reúne nove faixas autorais que nasceram ou foram resgatadas durante o período de distanciamento social.
As músicas, apesar de terem como base os ritmos regionais do Sul, carregam grande influência do jazz e da música contemporânea. A obra recebe esse nome pelo período em que o artista se dividiu entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Luciano conta que sua ida à região Sudeste teve como objetivo não só a busca pelo gênero musical do choro, mas também a procura por um novo público, sem deixar de lado tudo aquilo que já havia conquistado. "Era muito importante para mim sair da zona de conforto. Já tenho um caminho todo traçado dentro dessa estética regionalista, então realmente quis me desafiar e tentar entrar de uma forma mais direta dentro da música brasileira, misturando meu toque com os ritmos do Centro e do Sudeste", explica.
Entre idas e vindas ao Rio de Janeiro, a mudança com a família, a princípio definitiva, aconteceu em janeiro de 2020. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, trouxe todos de volta para o Sul no final do mês de março. O músico, então, aproveitou o isolamento para estudar e buscar novos conhecimentos, algo que não conseguia fazer na correria do dia a dia de trabalho.
Nesse meio tempo, recebeu um convite para tocar no Concerto para Acordeon e Orquestra de Radamés Gnatalli, com a orquestra do Espírito Santo. A longa preparação para o evento fez ele passar muito tempo com o instrumento na mão, o que resultou nas composições que hoje integram o novo disco.
Ele diz que, em comparação às produções anteriores, a lógica de criação continuou a mesma, mas agora de forma aprimorada e mais polida. "O mais importante foi que eu consegui realmente gostar do disco. Vejo uma universalidade que eu já vinha buscando em outros trabalhos", destaca.
Grande parte dessa universalidade aconteceu em decorrência da transitoriedade entre os dois estados de culturas e hábitos tão distintos: "Estava em uma cidade onde circulam músicos do mundo inteiro. Não ser visto apenas como um artista regional me ofereceu algo que ainda não tinha sentido: liberdade total para fazer o que eu quisesse com a minha música. A renovação é importante, e quando estamos sempre no mesmo lugar com as mesmas coisas, fica difícil encontrar esse ponto".
A parceria com o violonista Augusto Baschera, que conhecia desde criança dos festivais de música no Rio Grande do Sul, veio para completar a produção final da obra. Filho de grande compositor da música regionalista gaúcha, estudou violão clássico e foi fazer mestrado na Europa.
O reencontro entre eles aconteceu em Portugal, onde tiveram a oportunidade de dividir o palco em um concerto. A partir dessa experiência, Luciano cultivou a possibilidade de gravarem algum material juntos no futuro. Aproveitou a vinda de Augusto ao Brasil neste ano para pôr suas ideias em prática.
Com gravação ao vivo no estúdio, o álbum foi finalizado em apenas dois dias. "Já tínhamos essa identificação pelos trabalhos anteriores, então foi fácil. Mandei os arranjos e minhas propostas antes para ele. Fizemos um encontro para ensaio e no dia seguinte já gravamos", conta.
Para a filmagem do único videoclipe, disponível no canal de YouTube do artista, Luciano escolheu a faixa com a qual é mais apegado: Novo horizonte. Em tempos difíceis, ela transmite um sentimento positivo com o ritmo argentino da chacarera.
Abraçando a saudade é a única composição apresentada em formato solo, e a música pertence aos arquivos mais antigos do acordeonista. Sobre a escolha do nome, ele explica: "Comprei um acordeon de 1950 do maestro Tasso Bangel, precursor da música regionalista gaúcha. Quando peguei para testar o som, a música saiu quase que inteira como se já estivesse lá dentro. Abracei aquele instrumento como se fosse destinado a ser meu. Juntei a isso também a questão da saudade dos abraços nesse momento difícil".
Completando dez dias de lançamento, Luciano diz estar surpreso com a recepção e com o resultado final: "O mercado mudou muito, mas a repercussão está sendo muito boa. Estou tendo retorno não só aqui no Rio Grande do Sul, mas também em outras regiões e até mesmo da Argentina e Estados Unidos". A expectativa agora é conseguir realizar, assim que possível, uma apresentação presencial no teatro.
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