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Cultura

- Publicada em 11 de Abril de 2021 às 21:47

Para quem está por trás dos palcos

No Instagram do Sarau, artistas como Serginho Moah já divulgaram vídeos em apoio à campanha

No Instagram do Sarau, artistas como Serginho Moah já divulgaram vídeos em apoio à campanha


BERNARDO SOUZA/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Um dos setores mais impactados com a pandemia e as medidas de isolamento, a cultura segue com adversidades em 2021. Artistas e produtoras adaptaram seus trabalhos para as telas digitais, tendência que vem tomando conta das atividades desde o ano passado.
Um dos setores mais impactados com a pandemia e as medidas de isolamento, a cultura segue com adversidades em 2021. Artistas e produtoras adaptaram seus trabalhos para as telas digitais, tendência que vem tomando conta das atividades desde o ano passado.
A Lei Aldir Blanc, do governo federal, ainda está distribuindo cerca de R$ 3 bilhões destinados a editais, projetos e propostas artísticas. Porém, profissionais que presencialmente estavam sempre por trás das luzes, das mesas de som, dos cabos elétricos ou apoiando as ações do palco continuam sob a penumbra da incerteza causada pela pandemia.
Técnicos de som, de luz, roadies, auxiliares de palco e diversas outras ocupações técnicas que geralmente estão envolvidas com a produção de um evento presencial, são apelidados no meio cultural de "graxa". O termo refere-se ao próprio óleo, geralmente usado para destravar e seguir em frente, fazendo a coisa acontecer. Sem eventos para poder colocar de pé, a maioria dos profissionais da categoria ficou de fora dos projetos beneficiados pela Lei Aldir Blanc, já que suas funções não estão presentes nos projetos online.
E foi pensando nesses profissionais autônomos do setor que o roadie e diretor de palco Piquet Coelho iniciou uma campanha de doação de alimentos ainda em 2020. Em 2021, quando viu a proporção dos donativos diminuírem, propôs ao ex-parceiro dos palcos Adriano Trindade, idealizador do Sarau dos Artistas, a união em prol de um projeto de maior alcance.
Assim nasceu a Todos pela Graxa, campanha que busca doações de alimentos e cestas básicas para os profissionais do setor que estão em situação de vulnerabilidade por conta da pandemia. "O graxa é o geral, que faz tudo. É o que carrega, que monta, varre o palco, limpa os instrumentos, faz manutenção no equipamento. A gente tá sempre na loucura dos palcos. É um termo de carinho porque é a graxa que resolve, que faz acontecer", comenta Piquet Coelho.
Segundo Adriano Trindade, a arrecadação da primeira semana do projeto, em março, beneficiou mais de 160 famílias. "Tiramos fotos, registramos com vídeo, apresentamos notas, para as pessoas verem que o projeto é sério e tem credibilidade. Foi mais do que esperávamos na verdade", conta.
A campanha ganhou maior espaço e retorno por conta do apoio recebido através da rede de contatos do Sarau dos Artistas. O coletivo foi criado em meados de 2012 por Trindade e outros músicos da Capital como Zé Caetano, Rafa Machado, Marcondes e Tonho Crocco. De sua criação até 2018, o evento acontecia de maneira presencial e passou por locais como FNAC, Livraria Cultura, Casa de Cultura Mário Quintana e Café do Porto. "A ideia do Sarau sempre foi unir ação social com composição própria. No sarau só vale música autoral ou discográfica própria. Além de unir artistas já conhecidos no meio musical e jovens talentos que estão em início de carreira", explica Trindade. Os eventos presenciais recebiam arrecadações de alimentos, roupas e brinquedos que foram, ao longo dos anos, destinados ao Banco de Alimentos, Lar do Idoso, Asilo Padre Cacique e Instituto do Câncer Infantil. No Instagram do Sarau, artistas como Serginho Moah, Deborah Finocchiaro, Marcelo Amaro, Mônica Tomasi, Eduardo Pitta já divulgaram vídeos em apoio à campanha.
Para Piquet Coelho, diretor de palco e roadie que está à frente das doações, a criação de uma renda básica e permanente para profissionais autônomos que estão longe de suas atividades ajudaria na resolução da situação. "Seria a única forma de amenizar os impactos e trazer dignidade para essas pessoas. Em geral, elas estão desesperadas e sem esperança. Sei de casos de suicídio entre profissionais da área técnica, por se sentirem sem saída, com contas atrasadas e sem perspectiva de retorno dos shows."
Ele também comenta a insistência do setor no retorno dos eventos, mesmo em um momento em que as mortes pelo coronavírus ainda estão em crescimento. Piquet atribui essas tentativas ao desespero e à falta de amparo do poder público. "Não é sensato retomar os shows enquanto a pandemia segue com efeitos tão devastadores no Brasil. Porém, seria necessário um apoio consistente para esses profissionais. A nossa campanha é uma tentativa de reduzir a fome. Mas sabemos que essas famílias precisam mais do que alimentos. É uma situação complexa e preocupante, realmente", explica.
A campanha Todos pela Graxa segue até quinta-feira. As doações podem ser feitas em dinheiro para o PIX 51998978300 ou via depósito bancário para a conta na Caixa Econômica Federal (Agência 3240, conta 00000743-1, em nome de José Francisco P Coelho, CPF 48366799020).
Para doações diretas de alimentos e cestas básicas, é preciso encontrar em contato com Piquet Coelho através do número (51) 99897.8300.
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