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Cultura

- Publicada em 01 de Dezembro de 2020 às 18:38

Sempre pintando, Vitório Gheno aguarda com paciência a pandemia passar

Trabalhos de quatro séries do artista estão em exibição até 21 de dezembro na Bublitz Galeria de Arte

Trabalhos de quatro séries do artista estão em exibição até 21 de dezembro na Bublitz Galeria de Arte


NADIA RAUPP MEUCCI/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Aos 97 anos e vivenciando a pandemia de seu apartamento, na Zona Sul de Porto Alegre, Vitório Gheno continua pintando todos os dias em seu atelier, de onde assiste o pôr do sol. Acompanhado de sua parceira, a fotógrafa, produtora cultural e curadora Nádia Raupp Meucci, alterou alguns hábitos devido ao isolamento: os jornais impressos foram trocados pelas assinaturas digitais, para não ter contato direto com o objeto físico.
Aos 97 anos e vivenciando a pandemia de seu apartamento, na Zona Sul de Porto Alegre, Vitório Gheno continua pintando todos os dias em seu atelier, de onde assiste o pôr do sol. Acompanhado de sua parceira, a fotógrafa, produtora cultural e curadora Nádia Raupp Meucci, alterou alguns hábitos devido ao isolamento: os jornais impressos foram trocados pelas assinaturas digitais, para não ter contato direto com o objeto físico.
Os jogos de golfe no Country Club com os amigos, assim como os encontros nos cafés, foram substituídos por pequenas caminhadas pelo clube, sem contato com mais pessoas. Mas o mais importante, e que talvez desperte mais admiração pelo renomado artista plástico, é que seu trabalho continua incessante, acrescentando novas telas ao seu acervo e produzindo para clientes sob encomenda.
De manhã, após ler os jornais, e à tarde, após ouvir seu rádio a pilhas e antes de preparar o jantar, entrega-se totalmente à sua arte: "O trabalho, de forma geral, é tudo na vida de uma pessoa. A arte é tudo na minha vida, desde que acordo até a hora de ir dormir", comenta o artista em entrevista ao Jornal do Comércio.
As criações de Vitório Gheno estão em exposição na Bublitz Galeria de Arte. Inicialmente eram 16 telas, número que subiu para 17 após a adição de mais uma obra finalizada pelo artista, da série Aldeias urbanas. Oito delas são referentes a antigas exposições: Metrópoles e Cidades paralelas, que ganharam novas peças. As oito restantes compõem a exposição Arabescos, série inédita que nasce do trabalho manual inconsciente do artista. "As obras destas três séries têm conexão entre si, pois são inquietações recorrentes que tenho. Aldeias urbanas nasceu no ano 2000 e pinto até hoje. Metrópoles é uma série que existe mesmo antes do ano 2000 e que ainda pinto. E Cidades paralelas nasceu no ano passado. Mas podemos dizer que elas têm conexão entre si, porque são maneiras diferentes de pintar um tema recorrente", revela Gheno.
Arabescos, sua nova exposição, nasce de desenhos abstratos do artista, que tem como costume rabiscar estas formas em agendas telefônicas: "São desenhos inconscientes, eu diria. De qualquer forma, a arte nasce dentro da gente e não sabemos de onde ela vem: vem de nossa história, de nossos sentimentos, sensações, anseios, inquietações, de nossas observações". Em 2017, Gheno começou a pesquisar mais sobre o tema arabescos e, neste ano, após a insistência da parceira Nádia, resolveu lançar em grandes telas o que chamou de Arabescos do inconsciente.
Esta é a primeira experiência do artista com uma exposição virtual. "Confesso que, inicialmente, não me senti à vontade. Mas a persuasão da Nádia foi decisiva", relata. Mesmo com esse receio, ele acredita que a tecnologia pode facilitar o acesso ao mundo das artes e até mesmo de suas próprias obras.
Gheno cita o website criado por Nádia que levou suas telas até escolas de ensino fundamental que passaram a estudar seu trabalho, desenvolvendo releituras infantis através de seus quadros: "Isso me deixou muito feliz, porque a criança é um artista nato. A tecnologia é fantástica, nunca pensei que estaria vivo para ver isto."
Ele agradece o desenvolvimento de trabalho e sua capacidade de renovação à Nádia, que o acompanha há 25 anos e escreveu o único livro sobre sua carreira, Gheno Artista Plástico, lançado em 2006 no Margs. "Na realidade, desde que ela me acompanha e cuida de tudo há 25 anos, pude crescer como artista. Acho que cresci mais nos últimos 25 anos, porque pude criar e pintar com mais sossego do que antes. Porque tenho uma pessoa dedicada que cuida da minha obra. E de mim. Isso é fundamental para um artista. E nunca tive isto antes da Nádia", relata.
Sempre passando por processos de renovação, Vitório Gheno aguarda com paciência a passagem da pandemia por sua vida. Enquanto isso, trabalha em seu atelier, faz suas caminhadas, assiste jogos de golfe (dos quais sente muita falta), torce pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense (pelo qual é fanático) e toma diariamente sua taça de vinho - branco, no verão: "Quem já viveu tudo que já vivi tem paciência para aguentar as adversidades da vida. Todo mundo tem sua cruz para carregar. Temos que carregar a nossa sem reclamar porque todos têm. Tudo na vida tem que ser feito com parcimônia de acordo com o corpo da gente, como o corpo aguenta. E assim vamos indo em frente. Sempre em frente".
As telas de Arabescos, Metrópoles, Cidades paralelas e o quadro de Aldeias urbanas estão em exposição online e presencial na Bublitz Galeria de Arte (Neusa Goulart Brizola, 143) até o dia 21 de dezembro. As visitações ocorrem de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h.
As obras também podem ser acessadas através da galeria virtual pelo site da instituição.
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