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Cultura

- Publicada em 12 de Agosto de 2020 às 21:29

Projeto audiovisual mostra detalhes da Casa Lutzenberger

Patrimônio de Porto Alegre surge em vídeos de canal dedicado ao legado do ambientalista

Patrimônio de Porto Alegre surge em vídeos de canal dedicado ao legado do ambientalista


ACERVO PRIVADO DE JOSÉ LUTZENBERGER/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Erguida pelo arquiteto e artista plástico Joseph Lutzenberger e tombada como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2012, a Casa Lutzenberger ganhou, recentemente, uma nova janela para o mundo. A estrutura, e em especial seu lendário jardim interno, surgem em dois vídeos do canal Lutz Global, hospedado no YouTube e dedicado à vida do filho ilustre de Joseph, o agrônomo e ambientalista José Lutzenberger. É uma chance não apenas de ver detalhes da estrutura (apresentados pela filha do ativista ambiental, Lilly Lutzenberger), mas também de entender a importância afetiva e formativa do local para o ativista, um dos pioneiros da luta ambiental no Brasil.
Erguida pelo arquiteto e artista plástico Joseph Lutzenberger e tombada como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2012, a Casa Lutzenberger ganhou, recentemente, uma nova janela para o mundo. A estrutura, e em especial seu lendário jardim interno, surgem em dois vídeos do canal Lutz Global, hospedado no YouTube e dedicado à vida do filho ilustre de Joseph, o agrônomo e ambientalista José Lutzenberger. É uma chance não apenas de ver detalhes da estrutura (apresentados pela filha do ativista ambiental, Lilly Lutzenberger), mas também de entender a importância afetiva e formativa do local para o ativista, um dos pioneiros da luta ambiental no Brasil.
O canal Lutz Global é um dos desdobramentos do projeto de pesquisa José Lutzenberger: Um mediador entre o ambientalismo brasileiro e global (décadas 1980-1990), coordenado pela professora de História Elenita Malta. O objetivo é estudar a importância da atuação internacional do ambientalista gaúcho, decisiva para construir a ponte entre a luta ambiental brasileira e o exterior.
Apesar do rigor acadêmico, uma das principais metas é levar esse conhecimento ao público em formato acessível - e o canal no YouTube acaba sendo uma ferramenta nesse sentido.
Com uma linha de pesquisa voltada à história ambiental, Elenita tem estudado a vida de José Lutzenberger (tratado como Lutz pelos mais íntimos) há cerca de 10 anos. Antes, desenvolveu seu mestrado em torno da vida de outro importante ambientalista gaúcho, Henrique Luís Roessler - trabalho que rendeu o livro Roessler: o homem que amava a natureza, publicado em 2013.
No atual trabalho, explica ela, o acesso ao volumoso acervo de Lutzenberger tem sido fundamental - um tesouro que tem a curadoria de Lilly Lutzenberger, e hoje está aos cudados do memorial da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Além de trazer conteúdos audiovisuais inéditos ou pouco conhecidos da vida do ativista (incluindo vídeos de palestras no exterior e entrevistas com pessoas que conviveram com ele), o Lutz Global também se propõe a trazer um lado mais humano e familiar do retratado. É aí que os vídeos sobre a Casa Lutzenberger e seu lendário jardim entram na história.
Além da residência da família, o alemão Joseph projetou prédios marcantes na paisagem urbana de Porto Alegre, como o Pão dos Pobres, a Igreja São José e o Palácio do Comércio. A Casa passou para a mão do filho José a partir do falecimento do patriarca, em 1952 - tornando-se, desde então, um local ainda mais importante na vida do pioneiro da luta ambiental no País.
"A casa e o jardim não entram tanto nessa linha de divulgação internacional (do ambientalista), mas o canal também traz como premissa esse lado da memória", explica a historiadora. "A Lilly vai contando tantas coisas, os detalhes do trajeto vão reavivando memórias e acredito que muitas dessas coisas não eram de domínio público. O próprio Lutz falava muito da importância do pai e da mãe na vida dele, lembrava do trabalho com as plantas no jardim, e todas esses aspectos acabam sendo influências importantes para o ambientalista que ele iria se tornar."
O material acaba também, é claro, sendo uma chance de conhecer a própria Casa Lutzenberger e o seu jardim, que atualmente estão com acesso restrito. Lugares cuja importância para o ativista vai muito além de recordações da infância e juventude. "Para ele, a casa da família era um porto seguro", conta Elenita.
Após muitos anos no exterior, trabalhando para a multinacional Basf, Lutz passou a ser atormentado por dilemas éticos e acabou pedindo demissão. Foi para a casa de seus pais que ele retornou, quando decidiu abandonar um emprego lucrativo em nome da atuação como ambientalista - e era lá que ele se refugiava após cada uma das centenas de viagens em três décadas de militância, excursões que são o ponto de partida conceitual do projeto.
O esforço do Lutz Global é colocar novos conteúdos no YouTube a cada três semanas, em média. A próxima postagem deve ser a de uma palestra, concedida em Luxemburgo no ano de 1989, na qual é discutida a teoria de Gaia, muito importante para o pensamento do ativista a partir do começo dos anos 1980.
O trabalho em torno das palestras de Lutz, porém, é demorado: é preciso passar as fitas VHS para o formato digital, realizando depois um esforço de transcrição, tradução e legendagem do conteúdo. O projeto também irá resultar em livro, que deve sair no decorrer do ano que vem. Há ainda uma série de conteúdos de caráter documental, que vêm sendo publicados no site lutzglobal.com.br.
"A memória precisa ser reavivada, alimentada. Como dizia o (historiador português) Fernando Catroga, o historiador é um 'lembrador' para a sociedade, e acho que a nossa pesquisa, dentro da suas humildes possibilidades, ajuda a provocar nas pessoas essa memória sobre o Lutz", reflete Elenita.
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