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Cultura

- Publicada em 06 de Agosto de 2020 às 17:55

Álbum lançado on-line traz Teixeirinha em faixas inéditas

Gravações em voz e violão trazem um artista romântico e incluem falas dele explicando canções

Gravações em voz e violão trazem um artista romântico e incluem falas dele explicando canções


ACERVO FUNDAÇÃO TEIXEIRINHA/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
A partir desta sexta-feira (7), os muitos fãs do cantor e compositor Teixeirinha terão acesso a um verdadeiro presente em forma de música. Lançado nas plataformas digitais, o álbum Teixeirinha inéditas traz 12 canções até então nunca ouvidas do músico, um dos mais destacados artistas gaúchos de todos os tempos.
A partir desta sexta-feira (7), os muitos fãs do cantor e compositor Teixeirinha terão acesso a um verdadeiro presente em forma de música. Lançado nas plataformas digitais, o álbum Teixeirinha inéditas traz 12 canções até então nunca ouvidas do músico, um dos mais destacados artistas gaúchos de todos os tempos.
O lançamento é o primeiro do projeto Antologia da composição, que deve trazer uma série de outras gravações inéditas e registros ao vivo. Para velhos e novos ouvintes, é a chance de reencontrar um músico que também destacou-se no cinema e no rádio, teve 754 músicas gravadas por diferentes artistas e lançou mais de 70 LPs, com vendas que, de acordo com os responsáveis por seu acervo, atualmente se aproximam dos 130 milhões de cópias.
As gravações são caseiras, e resultam do processo de composição utilizado pelo músico. Em sua residência na Glória, em Porto Alegre, Teixeirinha mantinha uma sala afastada do restante da casa, uma espécie de refúgio no qual se trancava para trabalhar. As fitas continham não apenas gravações em voz e violão, mas também instruções e comentários para o maestro Poly, que as recebia em São Paulo e fazia os arranjos das canções.
Nesse primeiro volume, surge um Teixeirinha mais romântico, em composições que se distanciam um pouco do espírito gauchesco do início de sua carreira. Boa parte das instruções ditadas por ele foram preservadas, de forma a manter o clima de autenticidade das gravações.
Uma das filhas de Teixeirinha e responsável pela Fundação Vitor Mateus Teixeira, que preserva o legado do músico, Márcia Teixeira tem uma ligação com as gravações que vêm da infância. Enquanto o pai trabalhava em sua salinha, a filha escutava, do lado de fora, o nascimento das novas canções. "Ficava embaixo da janela, brincando de casinha e ouvindo o que ele estava fazendo", conta.
Com o falecimento do cantor e compositor, no final de 1985, coube à família cuidar da enorme quantidade de itens que deixou guardados durante a vida - entre elas, cerca de 120 fitas com gravações. Márcia, então, tomou para si a tarefa de catalogar esse material. "Fui escutando e datilografando as letras inéditas, os detalhes de cada gravação", relembra. Devidamente arquivado e catalogado, o tesouro ficou guardado por décadas, sem que se soubesse muito bem como disponibilizá-lo para o grande público.
A partir do ano passado, o selo independente Nikita tomou conhecimento da existência das fitas, e sugeriu às filhas Márcia e Margareth (que hoje dirige a editora musical do artista) a buscar o produtor fonográfico Raul Albornoz, de forma a colocar em ordem a enorme quantidade de material. A partir daí, foi um longo processo de digitalização e seleção das gravações, antes que o engenheiro de som Marcos Abreu pudesse fazer o tratamento final. Curiosamente, Teixeirinha tinha o hábito de gravar apenas um lado das fitas - o que reduziu um pouco, mas não muito, o trabalho de resgate do material.
Além das canções inéditas, os áudios revelam um Teixeirinha ao mesmo tempo despojado e comprometido, que imaginava suas canções nos mínimos detalhes e mantinha um ritmo bastante forte de trabalho. "Uma coisa que chama atenção é que ele fala muito de cansaço", comenta Albornoz. "Coisas do tipo 'vou gravar essa música um tom e meio abaixo e depois tu arruma aí, que eu não quero forçar muito', 'hoje eu estou com dor nas costas, a viagem foi muito complicada'. Ele menciona bastante isso, e fica claro que muito do sucesso dele vem do fato de que ele trabalha para caramba."
"Há fitas com depoimentos que a gente nem imaginava. ‘Aqui eu quero dois violinos, coral de mulher, termina a música desse jeito'. Na cabeça dele, estava tudo montado como ele queria", reforça Márcia. “Era um processo bem simples, sem nada escrito, mas que funcionava muito bem, porque meu pai e o Poly eram muito amigos e um entendia bem as ideias do outro.”
Como explica Albornoz, a ideia do projeto é preservar a pureza e simplicidade que emanam das fitas arquivadas. "Não estamos mostrando um material musical acabado, com uma super produção por trás, mas algo bem mais íntimo. Em certo sentido, é muito mais história do que música. E é um material cheio de músicas inéditas, que nunca foram gravadas profissionalmente e que pode ser usado e incorporado por outros artistas", reforça.
Para Márcia Teixeira, tornar essas músicas disponíveis para o público não deixa de ser um esforço de fã para fã. "Eu e os fãs somos muito parecidos. E sempre foi essa a minha vontade, dar isso para os fãs", garante. "Mesmo porque ele valorizava muito isso, as pessoas se aproximavam dele e ele também ia de encontro às pessoas. Se batia um fã em nossa casa, a ordem que o caseiro tinha era de deixar entrar. Jamais deixar um fã bater à porta e voltar para casa (sem ser atendido). Ele dizia: pode receber, deixa tirar foto no pátio, só não deixa entrar em casa para não incomodar a família. Se ele estava por perto, ele mesmo recebia. Mais de uma vez vi meu pai receber fãs de pijama, e ficava conversando."
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