Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

música

- Publicada em 22 de Julho de 2020 às 21:17

Dessa Ferreira faz estreia solo pulsante com lançamento de videoclipe

Cantora e percussionista escolheu Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha para live

Cantora e percussionista escolheu Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha para live


ANDRÉ LUÍS FERREIRAH/DIVULGAÇÃO/JC
Da infância musicada por cânticos católicos até a batucada nos terreiros, nasce nesta semana o primeiro trabalho solo da produtora cultural e percussionista Dessa Ferreira. O clipe de sua música Pulso, do EP homônimo que será lançado entre outubro e novembro, chega no canal do YouTube da cantautora no sábado (25), Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Não por acaso, a data escolhida retrata a marca de Dessa e a anunciação de sua história de descobertas, buscas e construção de um futuro que reverbera de seu próprio passado.
Da infância musicada por cânticos católicos até a batucada nos terreiros, nasce nesta semana o primeiro trabalho solo da produtora cultural e percussionista Dessa Ferreira. O clipe de sua música Pulso, do EP homônimo que será lançado entre outubro e novembro, chega no canal do YouTube da cantautora no sábado (25), Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Não por acaso, a data escolhida retrata a marca de Dessa e a anunciação de sua história de descobertas, buscas e construção de um futuro que reverbera de seu próprio passado.
Brasiliense filha de nordestinos, Dessa mora em Porto Alegre desde 2014, quando veio para a cidade através de parcerias de trabalho e de amizades. Formada em 2018 no curso de Música Popular pela Ufrgs, encontrou na capital do Rio Grande do Sul projetos e conexões que continuam fazendo parte de sua formação. Ela também é uma das fundadoras do grupo Três Marias.
Pulso, seu novo EP, constrói-se na busca pela sua ancestralidade e origens de matrizes africanas e indígenas. De criação católica, no início da vida adulta, começou a estudar questões raciais e de gênero e a se descobrir como uma mulher negro-indígena. "Minha mãe nunca foi de contar muitas histórias da família. Ela é uma pessoa que sempre trabalhou bastante, ela é muito silenciosa, para tirar as coisas dela tinha que perguntar mesmo", relata sobre suas buscas. E complementa: "Eu me vejo como uma pessoa negra e de origens indígenas, mas a minha família nunca foi ativista assim. Tudo por conta dessa cultura de embranquecimento, pela busca de ser aceito". Os dogmas do catolicismo e a cultura eurocêntrica pregada não condiziam com a identidade de Dessa.
Frequentando seu primeiro terreiro, festivais de cultura popular e grupos de referência africana e indígena, ela se sentiu pulsar: "Fui entendendo esses processos e pensando: 'Nossa, eu me conecto com isso. Isso pulsa em mim. Mais do que quando vou na igreja com a minha mãe, que entro ali e não sinto nada, nunca senti.' Mas eu ia porque era uma coisa que já estava dada pra mim, nasci já nesse contexto".
Mais do que se descobrir, ela encontrou definição para seu sentimento: "Pulso é algo que vem me acompanhando, é algo assim: eu não sei o que é bem essa minha ancestralidade, mas eu sei que ela vem dali, e não daqui".
O clipe de Pulso foi feito de maneira colaborativa, ainda no final de 2019. "Eu chamei a Kaya Rodrigues, que é uma amiga e parceira, convidei para fazer o roteiro. Queria que desse EP saísse pelo menos um videoclipe. Foi muito lindo, muito rápido, porque ela se identificou com a história da música", conta Dessa sobre a gravação.
As filmagens ocorreram na cidade de Santa Tereza, na região Nordeste da serra gaúcha, e possui direção de Kaya Rodrigues e codireção de Luis Ferreirah. "Foi uma construção. Tô muito feliz de ver o clipe nascendo, mesmo com o mundo caindo. Acho que é isso que temos que fazer nesse momento, mostrar nossas produções, nossa arte, trazer essas coisas que nos motivam, mostrar que estamos vivos", diz Andressa.
Para além do sentimento, seu novo trabalho nasce do processo de encontro e do reconhecimento: "Eu penso numa busca de criar uma perspectiva pro futuro. Não só pra mim, mas a todas as coisas que eu tive acesso. Foi por muita luta e resistência de várias pessoas que morreram pra eu estar aqui hoje. Minha função é repassar conhecimentos e vivências para as próximas gerações, para que tenhamos um futuro com mais consciência", declara.
Como compositora e musicista, sua música - que vem da ancestralidade e de força interna - ganha corpo nesta nova jornada. Entre tambores, composições e vozes que vão ao alto, pulsa desta vez sua mais fiel e original identidade. "É um trabalho que fala das raízes, mas muito pensando em que tudo que aconteceu no passado está reverberando agora no presente. O futuro e o passado estão totalmente relacionados, tudo como um ciclo, não com início, meio e fim, mas como início, meio e início", analisa Dessa.
O lançamento do clipe ocorre às 12h de sábado nas redes sociais da artista e no seu canal do YouTube. Às 22h, ela realiza uma live que será transmitida pelos mesmos meios.

Mais opções para celebrar a data especial deste sábado

Diário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) integra lista de sugestões de leituras temáticas

Diário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) integra lista de sugestões de leituras temáticas


IMS/DIVULGAÇÃO/JC
Elza Soares, com 90 anos recém-completados, também comemora o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Na sexta-feira (24), a cantora lança o single inédito Negão Negra (Flavio Renegado/Gabriel Moura), com participação de Renegado, que ela vai interpretar ao vivo pela primeira vez na live que fará no sábado (25), Elza in jazz. A transmissão ocorre às 21h, no canal oficial da cantora no YouTube, pelo canal 500 da Claro TV e também pelo canal por assinatura Like. 
No Brasil, desde 2014, o dia 25 de julho foi estabelecido pela Lei nº 12.987/2014 como o Dia Nacional de Teresa de Benguela, símbolo representativo da resistência feminina negra e indígena. Para os fãs de literatura, a data pode ser celebrada com a leitura de sete obras assinadas por autoras negras indicadas por Paulo Sergio Gonçalves, professor da Estácio/RS e pesquisador de Literaturas Africanas. Confira a lista a seguir:
  • Quem tem medo do feminismo negro? - de Djamila Ribeiro. O livro, além de trazer as memórias da infância da autora, reúne alguns artigos publicados no blog Carta Capital até 2017.
  • Quarto de despejo: diário de uma favelada - de Carolina Maria de Jesus. A grande escritora negra brasileira, de seu barraco, na favela do Canindé, em São Paulo, escreveu diariamente sobre sua vida na favela.
  • Olhos d'água - de Conceição Evaristo. A escritora e professora universitária escancara as mazelas sociais que absorvem a população negra. O livro apresenta 15 contos.
  • Um defeito de cor - de Ana Maria Gonçalves. Conta a história de uma africana idosa e doente que chega ao Brasil em busca de seu filho perdido há muito tempo. Em sua busca, a personagem narra uma extensa e triste narrativa de abusos, estupros e vida escrava. 
  • Hibisco roxo - de Chimamanda Ngozi Adiche, uma das escritoras africanas mais conhecidas na atualidade. Misturando autobiografia e ficção, o romance faz críticas sutis ao panorama social, político e religioso da Nigéria.
  • Sangue negro - da moçambicana Noémia de Sousa, um dos ícones da resistência africana de língua portuguesa, com poemas de protesto e luta contra o regime colonial português.
  • Niketche: uma história de poligamia - da moçambicana Paulina Chiziane. O romance trata da poligamia praticada na sociedade patriarcal de seu país.