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Cultura

- Publicada em 09 de Junho de 2020 às 19:48

Músicas inéditas, aprendizados e (muitas) lives: a rotina de Frank Jorge na pandemia

Músico, que disponibilizou algumas faixas nas redes sociais, planeja novo álbum

Músico, que disponibilizou algumas faixas nas redes sociais, planeja novo álbum


/RAUL KREBS/DIVULGAÇÃO/JC
Daniel Sanes
Frank Jorge não para. Nem mesmo em meio a uma pandemia. É claro que, com o isolamento social provocado pela Covid-19, a rotina muda, assim como as possibilidades de trabalho. Apesar disso, o músico busca utilizar o período de confinamento da melhor forma possível: compondo, aprendendo a utilizar novas ferramentas profissionais e, é claro, tocando.
Frank Jorge não para. Nem mesmo em meio a uma pandemia. É claro que, com o isolamento social provocado pela Covid-19, a rotina muda, assim como as possibilidades de trabalho. Apesar disso, o músico busca utilizar o período de confinamento da melhor forma possível: compondo, aprendendo a utilizar novas ferramentas profissionais e, é claro, tocando.
"Fiz entre 25 e 30 lives em 70 dias. É quase um exagero, mas foram surgindo convites e fui fazendo", diz, em entrevista ao Jornal do Comércio. Para ele, o isolamento social está longe de ser um período de folga compulsória. "Estou numa certa correria, o que pode parecer meio bizarro, mas é minha realidade. Como sempre fui independente, sem vínculo com gravadora - a não ser eventualmente, com os Cascavelletes e a Graforréia Xilarmônica -, estou acostumado a trabalhar em um cenário um pouco adverso. Mesmo lançando conteúdo com frequência, sendo conhecido no cenário musical, tudo sempre aconteceu de uma maneira muito singela, antiglamour total", afirma.
Uma das primeiras coisas que Frank fez no início da pandemia foi "turbinar" seu computador, algo fundamental para poder ministrar aulas remotamente - há 13 anos, ele leciona no curso de Produção Fonográfica da Unisinos, do qual também é coordenador. "Consegui não só atender os alunos como fazer um monte de outras coisas. As lives, por exemplo, eram pelo celular, pelo Instagram, mas alguns trabalhos, webconferências, não tinha como", explica.
Em relação ao trabalho na universidade, Frank Jorge faz uma observação: "É uma coisa importante, já que te deixa menos apavorado, pois tu tens um salário, um emprego fixo". Isso não significa que a vida não tenha lá seus momentos de estresse. "É engraçado, porque, estando sempre em casa, o trabalho só aumenta. Seja como professor, seja como músico ou como dono de casa, cresce a quantidade de demandas. Tá mais puxado? Tá. Mas eu nem me atreveria a reclamar, porque tem gente em situação muito pior, pessoas que não têm estudo, trabalho, saneamento básico, plano de saúde...", reflete. "É de um azar extremo enfrentarmos uma pandemia mundial com o pior presidente, a pior pessoa possível no poder."
Uma atividade que o músico aprendeu a fazer no período é o cadastramento digital de suas composições. O resultado disso é a disponibilização de faixas até então inéditas para o público nas plataformas de streaming. "Não tinha como não me reeducar, precisava acrescentar aprendizados para seguir trabalhando em casa. Tinha algumas músicas que não havia lançado oficialmente ou tinha o cadastro delas só no SoundCloud. Hoje em dia, todo mundo escuta Deezer, Spotify, Tidal, iTunes, são trocentas plataformas", observa.
Esse processo proporcionou, também, algumas redescobertas. "Fiz o cadastramento de uma composição gravada em 2012, Nuestros gritos, em espanhol. Na época, impliquei comigo mesmo pensando que poderiam achar a música ruim, criticar a minha pronúncia. Lancei agora e tô adorando", ri. No embalo, vieram outros lançamentos do fundo do baú: Sofrimento nunca mais, Até o sol aparecer (versão demo de uma faixa presente no álbum Escorrega mil vai três sobra sete, de 2016), Olha o mundo lá (com participação da The Hard Working Band) e, mais recentemente, Casino distinto, essa última totalmente inédita, também em espanhol. "Tinha gravado três músicas com o Alexandre Birck (parceiro de Graforréia) lá em janeiro, fevereiro e para essa ele conseguiu fazer uma mixagem", ressalta.
Além das músicas com Birck, Frank Jorge havia gravado outras 14 inéditas para um disco em parceria com o produtor Kassin contemplado por um edital da Natura Musical, mas o projeto está "enrolado". "Não teve recurso nenhum liberado até agora", pontua. Mesmo assim, o músico já pensa em gravar novo material. "Agora, quero botar a cabeça no meu sexto disco solo. Também comecei a resgatar um lance de escrita, a publicar algumas coisas no Instagram, no Facebook", complementa ele, que tem quatro livros publicados.
Para dar conta de tanta coisa, Frank espera maneirar nas lives ("no momento, não estou com nenhuma marcada", garante), mas dá uma dica para quem quiser investir nesse formato e, de alguma forma, ser remunerado por isso. "Quem dependia muito de show para sobreviver - o show fixo fazendo covers ou o eventual com música autoral - precisa se qualificar, ter um bom equipamento. Precisa pensar no que oferece em termos de conteúdo, repertório, visual... Surgiram muitos tutoriais no YouTube sobre isso, de como fazer uma live em cinco passos etc. É importante ter o domínio das ferramentas e transformar a apresentação em algo interessante, porque o que não falta agora é live... Tem até piada, meme em cima disso. É algo que já existia antes da pandemia, mas veio mesmo para ficar."
Além de um eventual retorno financeiro, Frank Jorge encontra outros aspectos positivos no formato, embora a exposição da intimidade tenha algumas consequências, no mínimo, inusitadas. "A live é um bom meio de mostrar que tu estás atuante, de seguir mantendo uma interlocução com as pessoas que gostam do teu trabalho. Elas se sentem contempladas pelo gesto desprendido de abrir a tua casa, de coração, e a tua organização - ou desorganização... Tive três ou quatro 'atritos' com pessoas que fizeram brincadeiras. Em uma delas, um cara comentou que a minha estante estava bagunçada! Na hora, pensei: 'Cada um tem sua estante em casa como quer'. Depois, me dei conta de que precisava mesmo dar uma arrumada, e organizei a estante", lembra, aos risos.
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