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Cultura

- Publicada em 27 de Abril de 2020 às 19:37

Dingo Bells se prepara para lançar EP acústico

Com dois integrantes em cada cidade, banda está acostumada a utilizar técnicas de distanciamento

Com dois integrantes em cada cidade, banda está acostumada a utilizar técnicas de distanciamento


VINÍCIUS ANGELI/DIVULGAÇÃO/JC
Daniel Sanes
"Para, para, para pra pensar/ Quanta coisa a gente faz/ Sem saber onde vai."
"Para, para, para pra pensar/ Quanta coisa a gente faz/ Sem saber onde vai."
A reflexão proposta no mais recente single da banda gaúcha Dingo Bells parece se encaixar perfeitamente na situação atual em que o mundo se encontra. No entanto, trata-se de uma simples coincidência, até porque o quarteto dificilmente conseguiria se reunir para gravar em meio à pandemia causada pela Covid-19. Com um lirismo bucólico que bebe em influências que vão de Clube da Esquina a Neil Young, além do instrumental trabalhado de Dave Brubeck, a música Para pra pensar foi registrada em 2019, em um estúdio em Belo Horizonte, aproveitando uma brecha em sua turnê por terras mineiras.
"Essa composição foi trazida pelo Diogo (Brochmann, guitarra e voz) e não teve espaço no Todo mundo vai mudar (álbum de 2018) por critérios de número de músicas e repertório. Mas a gente sempre gostou dela e resolveu gravar. O single ficou guardado e agora, em meio a toda essa função do coronavírus, resolvemos lançar. A letra parece casar muito bem com este momento", afirma o vocalista e baterista Rodrigo Fischmann (o primeiro da esquerda, na foto abaixo).
Muitas vezes, singles antecedem um disco completo. Não é o caso de Para pra pensar, ressalta o músico, já que a faixa está mais associada ao trabalho anterior. Mas sim, a Dingo Bells está planejando gravar seu terceiro álbum (além de Todo mundo vai mudar, a banda lançou Maravilhas da vida moderna, em 2015, e um EP autointitulado, em 2010). Porém, a pandemia deve atrasar um pouco o projeto.
"Um tempo antes de tudo isso acontecer, nos reunimos em São Paulo, onde moram dois integrantes (o baixista e vocalista Felipe Kautz e o guitarrista e arranjador Fabricio Gambogi), para trocar ideias de composições. Levantamos um repertório de umas oito músicas - que ainda precisam de um "tapinha", alguma coisa de letra, mas que já estão de pé. Isso de uma seleção de umas 20 que a gente tinha ao todo. Então o plano para 2020 era gravar o disco. Ainda estamos pensando nisso, se vai ser neste ano ou se vai ficar para 2021", pondera.
Fischmann explica que a banda está baseada estrategicamente em São Paulo - equipe, produção, manager -, e que a cidade é utilizada como base para as turnês nas demais regiões do Brasil. Ter metade dos integrantes em cada cidade deixou de ser um obstáculo e, no caso da Dingo Bells, acabou ajudando a lidar com o isolamento social. "Antes do coronavírus, a banda já precisava recorrer a técnicas de distanciamento. Grupos de WhatsApp, chamadas de vídeo, todos esses recursos que estão sendo usados agora, a gente já vinha adotando há algum tempo, para trocar referências, ideias, letras...", ressalta.
Mesmo com a banda lidando bem com essa situação, e o músico considerar interessante o formato das lives (as cada vez mais comuns transmissões de apresentações intimistas pela internet), é inegável o prejuízo causado pela falta de apresentações ao vivo. Ainda mais no caso da Dingo Bells, uma banda acostumada a tocar em quase todos os cantos do País.
"A gente vive majoritariamente de shows, venda de ingressos, e tem toda uma cadeia que se movimenta com isso que está sendo prejudicada. Estamos mantendo a estrutura da banda com entradas de streaming e alguma coisa de venda de produtos, mas também é uma coisa mais complexa, que envolve envio, gastos um pouco maiores do público", observa.
Para Fischmann, será inevitável repensar a "questão do ao vivo", pelo menos inicialmente, quando tudo passar. "Sou um cara otimista, acredito que a gente vai ter que se adaptar por algum tempo, fazer shows para menos pessoas, coisas mais exclusivas, trazer um pouco essa aura da live", diz, lembrando que a Dingo Bells também já passou por algo semelhante - não compulsoriamente, claro.
"É engraçado, pois no financiamento coletivo do nosso primeiro disco uma das recompensas para quem ajudava era um churrasco, uma janta na casa do colaborador. As pessoas convidavam amigos, faziam uma vaquinha e pagavam por aquela recompensa. Talvez seja um formato a considerar", reflete. "Acho que a reabertura será aos poucos, as coisas vão ser graduais, ninguém sabe direito ainda. Possivelmente quem irá apresentar os formatos que poderão ser utilizados são os artistas que estão nas majors, nas grandes gravadoras, porque esses têm impactos financeiros na casa dos milhões. Imagino que nas economias gigantes haja mais dinheiro para pesquisar soluções, e espero que a gente possa se aproveitar delas. Enquanto isso, vamos criando as nossas, lançando músicas... O ambiente virtual virou a nossa casa."
Apesar das incertezas em relação aos shows e a um novo disco de estúdio, os fãs da Dingo Bells não ficarão órfãos de novidades nos próximos meses. Aos poucos, a banda vai soltar nas redes sociais e nas plataformas de streaming algumas faixas gravadas no formato acústico em um estúdio paulista no início do ano. "São oito músicas, sete releituras de composições dos nossos dois discos (entre elas, Dinossauros, com participação da banda paranaense Tuyo) e ainda uma inédita. Tá bem legal! A gente está montando esse cronograma ainda, mas vai sair em breve. Vamos soltar os singles e depois o EP inteiro (cujo possível nome é Dingo Bells Acústico). Mais uma vez, a gente conta com a sorte de ter feito isso, sem imaginar que depois não ia poder mais gravar nada presencialmente", finaliza Fischmann.
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