Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 07 de Abril de 2020 às 19:24

Produções independentes locais estão ameaçadas pelo novo coronavírus

Curta 'Spalla', com Jessica Trintin, integra o longa 'Histórias estranhas 2'

Curta 'Spalla', com Jessica Trintin, integra o longa 'Histórias estranhas 2'


RICARDO GHIORZI/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Após o sucesso de Histórias estranhas em 2019, fazer uma sequência foi um pensamento inevitável para Ricardo Ghiorzi, diretor-geral e organizador do longa-metragem. O projeto era uma ideia antiga do cineasta e foi composto por oito curtas de diversos estados do Brasil.
Após o sucesso de Histórias estranhas em 2019, fazer uma sequência foi um pensamento inevitável para Ricardo Ghiorzi, diretor-geral e organizador do longa-metragem. O projeto era uma ideia antiga do cineasta e foi composto por oito curtas de diversos estados do Brasil.
O filme permaneceu no circuito comercial durante dois meses. Segundo Ghiorzi, a repercussão na mídia e entre os admiradores do gênero terror foram os principais pontos para dar seguimento: "Como produto, é uma coletânea de curtas, a possibilidade de juntá-los em um sempre os torna mais poderosos. Foi inevitável. Pensei 'puxa vida, vamos continuar essa trajetória!'". Desta vez, ele apostou na diversidade entre os diretores. Alguns já são experientes na função e outros estão estreando neste trabalho.
Porém, devido ao período de quarentena causado pela pandemia do novo coronavírus, as produções de Histórias estranhas 2 foram paralisadas temporariamente por dois meses. Por serem iniciativas independentes, cada diretor tem seu próprio cronograma. Mas o prazo para entrega dos trabalhos era o mesmo: dezembro de 2020.
Fazer cinema independente nunca foi uma tarefa fácil ou pouco desafiadora. Profissionais desta área contam quase sempre com investimento próprio, apoio ou parcerias com estúdios, produtoras e pessoas que doam seu trabalho.
Fabiana Servilha, diretora de Sem saída, estava prestes a iniciar as gravações quando começaram os alertas para quarentena. "Lembro de estar na casa da Luciana Vendramini (protagonista do curta) em um pré-ensaio. Calculei e pensei, 'vai dar tempo, vai dar tempo, até fazer o filme não vamos estar na quarentena'. Não deu tempo."
As gravações estavam marcadas para a segunda semana de abril. Para Fabiana, um dos maiores desafios é conseguir reunir e alinhar datas em que todos os participantes possam comparecer, já que essas pessoas têm compromissos com outros trabalhos. "Costumo reunir um montante de pessoas dedicadas a fazer algo acontecer. São parceiros que acreditam no projeto apoiando com equipamentos, outros com o seu trabalho", destaca.
Aproximadamente 50 pessoas, entre elenco e equipe, estão envolvidas em Sem saída. "Meu maior receio é não conseguir reunir todos mais uma vez, em datas que todos possam sem ninguém sair prejudicado em outros projetos."
Andre Schutz, diretor de fotografia do curta, acrescenta que, exatamente por ser uma produção sem orçamento, há maior flexilidade em relação aos prazos, pois não há investidores ou profissionais que dependem exclusivamente da renda deste trabalho. Porém, a preocupação fica por conta do retorno pós quarentena. "Na volta, isso provavelmente será uma questão, pois quando o mercado retomar as atividades, profissionais e fornecedores irão priorizar produções que possam lhes dar maior receita a fim de se recuperar da crise", observa.
Essa também é uma preocupação de Beatriz Saldanha, diretora do curta Diamanda. A instabilidade na economia prejudica a ideia de levantar fundos com doações. Beatriz e alguns produtores estavam começando a organizar uma campanha de financiamento coletivo. "Por pouco, não colocamos no ar. Se tivesse acontecido, teríamos problemas com o engajamento, já que o clima econômico é de medo e muita incerteza", afirma. Ela compartilha a insegurança sobre o cenário no retorno das atividades: "Receamos que possa estar ainda pior. Tenho colegas que foram pegos de surpresa. Financiamentos que estavam indo de vento em popa e as contribuições simplesmente pararam".
Aos 34 anos, esta será a estreia de Beatriz como cineasta. Mestra em Comunicação Audiovisual e crítica de cinema, foi convidada por Ricardo Ghiorzi a participar do projeto. "Fiquei assustada, pois nunca tinha pisado num set, mas, ao mesmo tempo, fiquei muito feliz. Há algum tempo já tinha vontade de começar a escrever e dirigir meus próprios filmes", revela.
Para ela, um dos espaços para o audiovisual independente são as plataformas de streaming que, mesmo com ofertas em excesso, parecem um pouco mais democráticas em relação ao conteúdo. "Eu prevejo que, com esse enclausuramento forçado e o fechamento dos cinemas, haverá uma disputa maior pelas telas quando reabrirem. Com a predominância, é claro, do cinema norte-americano."
A princípio, a montagem do longa está mantida para o início de 2021. Segundo Ghiorzi, os detalhes estão sendo afinados por videoconferência, já que a prioridade é o bem-estar dos envolvidos nas equipes. A corrida contra o tempo dá-se por conta das inscrições em circuitos de festivais do gênero no Brasil e em outros países. "Mesmo nosso empreendimento sendo uma produção independente, na qual cada equipe produz seu curta, torcemos para no início de 2021 termos o filme finalizado e, consequentemente, em distribuição comercial. Esse é o nosso desafio e maior objetivo."
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO